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CAPÍTULO VINTE

Um Estudo da Estrutura do Universo

Neste capítulo, descrevem-se várias ilhas, começando com Plakṣadvīpa, e os oceanos pelos quais estão rodeadas. Também se relata a localização e as dimensões da montanha conhecida como Lokāloka. A ilha de Plakṣadvīpa, que tem o dobro da largura de Jambūdvīpa, está cercada por um oceano de água salgada. A autoridade máxima desta ilha é Idhmajihva, um dos filhos de Mahārāja Priyavrata. A ilha se divide em sete regiões, em cada uma das quais existe uma montanha e um grande rio.

A segunda ilha se chama Śālmalīdvīpa. Ela está cercada por um oceano de bebida alcoólica, e sua largura de 5.120.000 quilômetros é duas vezes a largura de Plakṣadvīpa. O senhor desta ilha é Yajñabāhu, um dos filhos de Mahārāja Priyavrata. Como Plakṣadvīpa, essa ilha também se divide em sete regiões, encontrando-se em cada uma delas uma montanha e um grande rio. Os habitantes dessa ilha adoram a Suprema Personalidade de Deus sob a forma de Candrātmā.

A terceira ilha, que está cercada por um oceano de manteiga clarificada e também se divide em sete regiões, chama-se Kuśadvīpa. Seu mestre é Hiraṇyaretā, outro filho de Mahārāja Priyavrata, e seus habitantes adoram a Suprema Personalidade de Deus sob a forma de Agni, o deus do fogo. A largura desta ilha é de 10.240.000 quilômetros, ou, em outras palavras, o dobro da largura de Śālmalīdvīpa.

A quarta ilha, Krauñcadvīpa, que está cercada por um oceano de leite, tem 20.480.000 quilômetros de largura e, como as outras, também se divide em sete regiões, em cada uma das quais existe uma grande montanha e um grande rio. A autoridade máxima desta ilha é Ghṛtapṛṣṭha, outro filho de Mahārāja Priyavrata. Os habitantes desta ilha adoram a Suprema Personalidade de Deus sob a forma da água.

A quinta ilha, Śākadvīpa, que mede 40.960.000 quilômetros de largura, está cercada por um oceano de iogurte. Seu senhor é Medhātithi, outro filho de Mahārāja Priyavrata. Divide-se, também, em sete regiões, cada uma tendo uma grande montanha e um grande rio. Seus habitantes adoram a Suprema Personalidade de Deus sob a forma de Vāyu, o ar.

A sexta ilha, Puṣkaradvīpa, cuja largura é o dobro daquela da ilha anterior, está cercada por um oceano de água cristalina. Seu senhor é Vītihotra, outro filho de Mahārāja Priyavrata. Uma grande montanha chamada Mānasottara divide a ilha em duas partes. Os habitantes dessa ilha adoram Svayambhū, outra manifestação da Suprema Personalidade de Deus. Existem outras duas ilhas, uma sempre iluminada pelo brilho solar, e outra sempre escura. Entre elas existe uma montanha chamada Lokāloka, que está situada a um bilhão e seiscentos milhões de quilômetros da orla do universo. O Senhor Nārāyaṇa, expandindo Sua opulência, reside sobre essa montanha. A área que está depois da montanha de Lokāloka se chama Aloka-varṣa, e, depois de Aloka-varṣa, está o destino puro das pessoas que desejam a liberação.

Verticalmente, o globo solar está situado bem no meio do universo, em Antarikṣa, o espaço entre Bhūrloka e Bhuvarloka. A distância entre o Sol e a circunferência de Aṇḍa-golaka, o globo do universo, é calculada em vinte e cinco koṭi yojanas (três bilhões e duzentos milhões de quilômetros). Porque entra no universo e divide o céu, o Sol é conhecido como Mārtaṇḍa, e, porque é produzido de Hiraṇyagarbha, o corpo do mahat-tattva, também é chamado de Hiraṇyagarbha.

VERSO 1: O grande sábio Śukadeva Gosvāmī disse: A partir de agora, passo a descrever as dimensões, as características e as formas das seis ilhas, começando com a ilha de Plakṣa.

VERSO 2: Assim como a montanha Sumeru é rodeada por Jambūdvīpa, Jambūdvīpa também é cercada por um oceano de água salgada. A largura de Jambūdvīpa é 100.000 yojanas [1.300.000 quilômetros], sendo também esta a medida da largura do oceano de água salgada. Assim como um fosso em volta de um forte às vezes é cercado por uma floresta parecida com um jardim, por sua vez, o oceano de água salgada, que fica em volta de Jambūdvīpa, está cercado por Plakṣadvīpa. A largura de Plakṣadvīpa é duas vezes a do oceano de água salgada – em outras palavras, 200.000 yojanas [2.600.000 quilômetros]. Em Plakṣadvīpa, existe uma árvore que brilha como ouro e é da mesma altura que a árvore jambū de Jambūdvīpa. Em sua raiz, existe um fogo com sete chamas. A ilha se chama Plakṣadvīpa porque essa árvore é uma árvore plakṣa. Plakṣadvīpa era governada por ldhmajihva, um dos filhos de Mahārāja Priyavrata. Ele deu às sete ilhas os nomes de seus sete filhos, dividiu-as entre eles e, em seguida, retirou-se da vida ativa para se ocupar no serviço devocional ao Senhor.

VERSOS 3-4: As sete ilhas [varṣas] são conhecidas de acordo com os nomes desses sete filhos – Śiva, Yavasa, Subhadra, Śānta, Kṣema, Amṛta e Abhaya. Naquelas sete extensões territoriais, existem sete montanhas e sete rios. As montanhas se chamam Maṇikūṭa, Vajrakūṭa, Indrasena, Jyotiṣmān, Suparṇa, Hiraṇyaṣṭhīva e Meghamāla, e os rios se chamam Aruṇā, Nṛmṇā, Āṅgirasī, Sāvitrī, Suptabhātā, Ṛtambharā e Satyambharā. Pode livrar-se imediatamente da contaminação material quem toca ou se banha nesses rios, e as quatro castas de pessoas que vivem em Plakṣadvīpa – os Haṁsas, Pataṅgas, Ūrdhvāyanas e Satyāṅgas – purificam-se dessa maneira. Os habitantes de Plakṣadvīpa vivem mil anos. Eles são belos como os semideuses, e também geram filhos parecidos com os semideuses. Executando perfeitamente as cerimônias ritualísticas mencionadas nos Vedas e adorando a Suprema Personalidade de Deus, representado pelo deus do Sol, eles viverão no Sol, que é um planeta celestial.

VERSO 5: [Este é o mantra com o qual os habitantes de Plakṣadvīpa adoram o Senhor Supremo.] Refugiemo-nos no deus do Sol, que é um reflexo do Senhor Viṣṇu, a Suprema Personalidade de Deus, que sempre Se expande e é a mais velha de todas as pessoas. Viṣṇu é o único Senhor adorável. Ele é os Vedas, Ele é a religião, e Ele é a origem de todos os resultados auspiciosos e inauspiciosos.

VERSO 6: Ó rei, longevidade, proeza sensorial, força física e mental, inteligência e bravura se manifestam natural e igualmente em todos os habitantes das cinco ilhas, lideradas por Plakṣadvīpa.

VERSO 7: Plakṣadvīpa está cercado por um oceano de caldo de cana, o qual tem a mesma largura da própria ilha. Igualmente, existe, então, outra ilha – Śālmalīdvīpa – com o dobro da largura de Plakṣadvīpa [400.000 yojanas, ou 5.120.000 quilômetros] e cercada por um corpo de água de largura igual e chamado Surāsāgara, o oceano que tem gosto de bebida alcoólica.

VERSO 8: Em Śālmalīdvīpa, existe uma árvore śālmalī, da qual a ilha recebe seu nome. Essa árvore é tão larga e alta como a árvore plakṣa – em outras palavras, 100 yojanas [1.300 quilômetros] de largura e 1.100 yojanas [14.300 quilômetros] de altura. Os estudiosos eruditos dizem que essa árvore gigantesca é a residência de Garuḍa, o rei de todos os pássaros e carregador do Senhor Viṣṇu. Nessa árvore, Garuḍa oferece suas orações védicas ao Senhor Viṣṇu.

VERSO 9: O filho de Mahārāja Priyavrata, chamado Yajñabāhu, o mestre de Śālmalīdvīpa, dividiu a ilha em sete extensões territoriais, as quais deu a seus sete filhos. Os nomes dessas regiões, que correspondem aos nomes dos filhos, são Surocana, Saumanasya, Ramaṇaka, Deva-varṣa, Pāribhadra, Āpyāyana e Avijñāta.

VERSO 10: Nessas extensões territoriais, existem sete montanhas – Svarasa, Śataśṛṅga, Vāmadeva, Kunda, Mukunda, Puṣpa-varṣa e Sahasraśruti. Existem, também, sete rios – Anumati, Sinīvālī, Sarasvatī, Kuhū, Rajanī, Nandā e Rākā. Eles ainda existem.

VERSO 11: Seguindo estritamente o culto do varṇāśrama-dharma, todos os habitantes dessas ilhas, conhecidos como Śrutidharas, Vīryadharas, Vasundharas e Iṣandharas, adoram a expansão da Suprema Personalidade de Deus chamada Soma, o deus da Lua.

VERSO 12: [Com as seguintes palavras, os habitantes de Śālmalīdvīpa adoram o semideus da Lua.] Para a distribuição de grãos alimentícios aos pitās e semideuses, o deus da Lua, com seus próprios raios, dividiu o mês em duas quinzenas, conhecidas como śukla e kṛṣṇa. O semideus da Lua é aquele que divide o tempo, e ele é o rei de todos os residentes do universo. Oramos, portanto, para que ele possa permanecer nosso rei e guia, e lhe oferecemos nossas respeitosas reverências.

VERSO 13: Externamente ao oceano de bebida alcoólica, existe outra ilha, conhecida como Kuśadvīpa, que, tendo 800.000 yojanas [10.240.000 quilômetros] de largura, mede o dobro da largura do oceano de bebida alcoólica. Assim como Śālmalīdvīpa está cercada por um oceano de bebida alcoólica, Kuśadvīpa está cercada por um oceano de ghī, tão extenso como a própria ilha. Em Kuśadvīpa, existe grama kuśa em profusão, e é daí que vem o nome da ilha. Essa grama kuśa, que os semideuses criaram obedecendo ao desejo do Senhor, aparece como uma segunda forma do fogo, mas com chamas muito suaves e agradáveis. Seus rebentos iluminam todas as direções.

VERSO 14: Ó rei, Hiraṇyaretā, outro filho de Mahārāja Priyavrata, era o rei desta ilha. Ele a dividiu em sete partes, as quais distribuiu entre seus sete filhos de acordo com os direitos hereditários. Em seguida, o rei se retirou da vida familiar para se ocupar em austeridades. Os nomes daqueles filhos eram Vasu, Vasudāna, Dṛḍharuci, Stutyavrata, Nābhigupta, Vivikta e Vāmadeva.

VERSO 15: Nessas sete ilhas, existem sete montanhas fronteiriças, conhecidas como Cakra, Catuḥśṛṅga, Kapila, Citrakūṭa, Devānīka, Ūrdhvaromā e Draviṇa. Existem, também, sete rios, conhecidos como Ramakulyā, Madhukulyā, Mitravindā, Śrutavindā, Devagarbhā, Ghṛtacyutā e Mantramālā.

VERSO 16: Os habitantes da ilha de Kuśadvīpa são célebres como Kuśalas, Kovidas, Abhiyuktas e Kulakas. São como os brāhmaṇas, kṣatriyas, vaiśyas e śūdras, respectivamente. Banhando-se nas águas desses rios, todos eles se purificam. Eles são hábeis em executar cerimônias ritualísticas de acordo com os preceitos das escrituras védicas. Assim, eles adoram o Senhor sob Seu aspecto de semideus do fogo.

VERSO 17: [Este é o mantra com o qual os habitantes de Kuśadvīpa adoram o deus do fogo.] Ó deus do fogo, sois uma parte da Suprema Personalidade de Deus, Hari, e entregais a Ele todas as oferendas de sacrifícios. Portanto, pedimos que ofereçais à Suprema Personalidade de Deus os artigos de yajña que estamos oferecendo aos semideuses, pois o Senhor é o verdadeiro desfrutador.

VERSO 18: Externamente ao oceano de manteiga clarificada, fica outra ilha, conhecida como Krauñcadvīpa, cuja largura de 1.600.000 yojanas [20.480.000 quilômetros] é duas vezes a largura do oceano de manteiga clarificada. Assim como Kuśadvīpa está cercada por um oceano de manteiga clarificada, Krauñcadvīpa está cercada por um oceano de leite tão largo como a própria ilha. Em Krauñcadvīpa, existe uma grande montanha conhecida como Krauñca, a partir da qual a ilha recebe o nome.

VERSO 19: Embora a vegetação que se encontra nos declives do monte Krauñca fosse atacada e devastada pelas armas de Kārttikeya, a montanha se tornou destemida porque um oceano de leite sempre lhe banha todos os lados e Varuṇadeva a protege.

VERSO 20: O governante dessa ilha era outro filho de Mahārāja Priyavrata. Seu nome era Ghṛtapṛṣṭha, e ele era um estudioso muito erudito. Ele também dividiu sua própria ilha entre seus sete filhos. Após dividir a ilha em sete partes, batizadas de acordo com os nomes de seus filhos, Ghṛtapṛṣṭha Mahārāja se afastou por completo da vida familiar e se refugiou aos pés de lótus do Senhor, a alma de todas as almas, que tem todas as qualidades auspiciosas. Assim, ele alcançou a perfeição.

VERSO 21: Os filhos de Mahārāja Ghṛtapṛṣṭha se chamavam Āma, Madhuruha, Meghapṛṣṭha, Sudhāmā, Bhrājiṣṭha, Lohitārṇa e Vanaspati. Na ilha deles, existem sete montanhas, que delimitam as sete porções de terra, e também existem sete rios. As montanhas se chamam Śukla, Vardhamāna, Bhojana, Upabarhiṇa, Nanda, Nandana e Sarvatobhadra. Os rios se chamam Abhayā, Amṛtaughā, Āryakā, Tīrthavatī, Rūpavatī, Pavitravatī e Śuklā.

VERSO 22: Os habitantes de Krauñcadvīpa se dividem em quatro castas, chamadas Puruṣas, Ṛṣabhas, Draviṇas e Devakas. Usando as águas daqueles rios santificados, eles adoram a Suprema Personalidade de Deus, oferecendo um palmo de água aos pés de lótus de Varuṇa, o semideus que tem a forma de água.

VERSO 23: [Os habitantes de Krauñcadvīpa adoram com este mantra.] Ó água dos rios, obtivestes energia através da Suprema Personalidade de Deus. Portanto, purificais os três sistemas planetários, conhecidos como Bhūloka, Bhuvarloka e Svarloka. Por vossa natureza constitucional, afastais os pecados, e é por isso que tocamos em vós. Por favor, continuai purificando-nos.

VERSO 24: Externamente ao oceano de leite, existe outra ilha, Śākadvīpa, cuja largura mede 3.200.000 yojanas [40.960.000 quilômetros]. Assim como Krauñcadvīpa está cercada por seu próprio oceano de leite, Śākadvīpa está cercada por um oceano de iogurte batido tão largo como a própria ilha. Em Śākadvīpa, existe uma grande árvore śāka, da qual a ilha recebe o nome. Essa árvore é muito fragrante. Na verdade, com seu odor, ela perfuma toda a ilha.

VERSO 25: O senhor desta ilha, também um dos filhos de Priyavrata, era conhecido como Medhātithi. Ele também dividiu sua ilha em sete porções, batizadas de acordo com os nomes de seus próprios filhos, os quais ele tornou reis daquela ilha. Os nomes desses filhos são Purojava, Manojava, Pavamāna, Dhūmrānīka, Citrarepha, Bahurūpa e Viśvadhāra. Após dividir a ilha e estabelecer seus filhos como governantes, Medhātithi pessoalmente abdicou, e, para fixar toda a sua mente nos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus, ele adentrou uma floresta apropriada à prática da meditação.

VERSO 26: Também naquelas terras, existem sete montanhas demarcatórias e sete rios. As montanhas são Īśāna, Uruśṛṅga, Balabhadra, Śatakesara, Sahasrasrota, Devapāla e Mahānasa. Os rios são Anaghā, Āyurdā, Ubhayaspṛṣṭi, Aparājitā, Pañcapadī, Sahasra-śruti e Nijadhṛti.

VERSO 27: Os habitantes dessas ilhas também se dividem em quatro castas – Ṛtavrata, Satyavrata, Dānavrata e Anuvrata – à semelhança de brāhmaṇas, kṣatriyas, vaiśyas e śūdras. Eles praticam prāṇāyāma e yoga místico e, em transe, adoram o Senhor Supremo sob a forma de Vāyu.

VERSO 28: [Com as seguintes palavras, os habitantes de Śākadvīpa adoram a Suprema Personalidade de Deus manifesta sob a forma de Vāyu.] Ó Pessoa Suprema, situada como a Superalma dentro do corpo, Vós dirigis as várias ações dos diferentes ares, tais como o prāṇa, e assim mantendes todas as entidades vivas. Ó Senhor, ó Superalma de todos, ó controlador da manifestação cósmica sob cujo controle tudo existe, que Vós nos protejais de todos os perigos.

VERSO 29: Externamente ao oceano de iogurte, encontra-se outra ilha, conhecida como Puṣkaradvīpa, cuja largura de 6.400.000 yojanas [81.920.000 quilômetros] é duas vezes a largura do oceano de iogurte. Ela está cercada pelo oceano de uma água saborosíssima, tão largo como a própria ilha. Em Puṣkaradvīpa, existe uma grande flor de lótus com 100.000.000 de pétalas de ouro puro, tão refulgentes como as chamas de uma fogueira. Essa flor de lótus é considerada o assento do senhor Brahmā, que é o ser vivo mais poderoso e que, portanto, às vezes é chamado de bhagavān.

VERSO 30: No meio dessa ilha, existe uma grande montanha chamada Mānasottara, que forma o limite entre a parte interna e externa da ilha. Sua largura e altura são de 10.000 yojanas [130.000 quilômetros]. Nessa montanha, nas quatro direções, ficam as residências dos semideuses, tais como Indra. Na quadriga do deus do Sol, o Sol viaja no topo da montanha, em uma órbita chamada Saṁvatsara, que circunda o monte Meru. O caminho percorrido pelo Sol no lado norte se chama Uttarāyaṇa, e, no lado sul, Dakṣiṇāyana. Um dos lados representa um dia dos semideuses, e o outro, a noite.

VERSO 31: O governante desta ilha, o filho de Mahārāja Priyavrata chamado Vītihotra, tinha dois filhos chamados Ramaṇaka e Dhātaki. Ele cedeu os dois lados da ilha a esses dois filhos e depois, tal qual seu irmão mais velho Medhātithi, ocupou-se pessoalmente em atividades em prol da Suprema Personalidade de Deus.

VERSO 32: Para a realização dos desejos materiais, os habitantes dessa extensão territorial adoram a Suprema Personalidade de Deus, representado pelo senhor Brahmā. Eles oferecem orações ao Senhor da seguinte maneira.

VERSO 33: O senhor Brahmā é conhecido como karma-maya, a forma das cerimônias ritualísticas, porque, realizando cerimônias ritualísticas, a pessoa pode alcançar sua posição e porque os hinos ritualísticos védicos se manifestam a partir dele. Sua devoção à Suprema Personalidade de Deus é inabalável, de modo que, até certo ponto, ele não é diferente do Senhor. Entretanto, deve-se adorá-lo não como os monistas adoram-no, mas em dualidade. Todos devem sempre permanecer servos do Senhor Supremo, a Suprema Deidade adorável. Por conseguinte, oferecemos nossas respeitosas reverências ao senhor Brahmā, a forma do conhecimento védico manifesto.

 VERSO 34: Mais além, depois do oceano de água doce e o cercando plenamente, existe uma montanha chamada Lokāloka, que separa as regiões que são repletas do brilho solar e aquelas que não são iluminadas pelo Sol.

VERSO 35: Externamente ao oceano de água doce, encontra-se um trecho de terra tão amplo como a área que vai do centro do monte Sumeru até os limites da montanha Mānasottara. Nessa extensão territorial, existem muitos seres vivos. Mais além dela, estendendo-se até a montanha Lokāloka, existe outra terra, feita de ouro. Devido à sua superfície dourada, ela reflete a luz como a superfície de um espelho, e qualquer objeto físico que caia sobre essa terra jamais poderá ser percebido novamente. Portanto, todas as entidades vivas se retiraram dessa terra dourada.

VERSO 36: Entre as terras habitadas pelas entidades vivas e aquelas que são desabitadas, ergue-se uma grande montanha que separa as duas e que, portanto, é célebre como Lokāloka.

VERSO 37: Pela vontade suprema de Kṛṣṇa, a montanha conhecida como Lokāloka foi instalada como a margem externa dos três mundos – Bhūrloka, Bhuvarloka e Svarloka – para controlar os raios solares ao longo do universo. Todos os luzeiros, desde o Sol até Dhruvaloka, distribuem seus raios pelos três mundos, mas somente dentro do limite formado por essa montanha. Como ela é extremamente alta, prolongando-se inclusive a uma altura superior à de Dhruvaloka, ela intercepta os raios dos luzeiros, os quais, portanto, ficam impedidos de iluminar a região do outro lado da montanha.

VERSO 38: Os sábios eruditos, que estão livres de erros, de ilusões e das propensões a enganar, descreveram assim os sistemas planetários e suas características, medidas e localizações específicas. Com grande discernimento, estabeleceram a verdade de que a distância entre Sumeru e a montanha conhecida como Lokāloka corresponde a um quarto do diâmetro do universo – ou, em outras palavras, 125.000.000 de yojanas [1 bilhão e 600 milhões de quilômetros].

VERSO 39: No topo da montanha Lokāloka, há quatro gajapatis, os melhores elefantes, que foram estabelecidos nas quatro direções pelo senhor Brahmā, o mestre espiritual supremo de todo o universo. Os nomes desses elefantes são Ṛṣabha, Puṣkaracūḍa, Vāmana e Aparājita. Eles respondem pela manutenção dos sistemas planetários do universo.

VERSO 40: A Suprema Personalidade de Deus é o mestre de todas as opulências transcendentais e o mestre do céu espiritual. Ele é a Pessoa Suprema, Bhagavān, a Superalma de todos. Os semideuses, encabeçados por Indra, o rei dos céus, ficam encarregados de supervisionar os afazeres do mundo material. Para beneficiar todos os seres vivos nos vários planetas e para aumentar o poder desses elefantes e semideuses, o Senhor, em um corpo espiritual que não se contamina pelos modos da natureza material, manifesta-Se no topo dessa montanha. Cercado por Suas expansões e assistentes pessoais como Viṣvaksena, Ele demonstra todas as Suas opulências perfeitas, tais como religião e conhecimento, e Seus poderes místicos, tais como aṇimā, laghimā e mahimā. Sua postura é belíssima, e, em Suas quatro mãos, Ele está decorado por diferentes armas.

VERSO 41: As várias formas da Suprema Personalidade de Deus, tais como Nārāyaṇa e Viṣṇu, estão belamente decoradas com diferentes armas. O Senhor manifesta semelhantes formas para manter todos os diversos planetas criados por yogamāyā, Sua potência pessoal.

VERSO 42: Meu querido rei, externamente à montanha Lokāloka, encontra-se o trecho de terra conhecido como Aloka-varṣa, cuja largura é igual à área interna da montanha – em outras palavras, 125.000.000 de yojanas [um bilhão e seiscentos milhões de quilômetros]. Para além de Alokavarṣa, está o destino daqueles que desejam se libertar do mundo material. Ultrapassa a jurisdição dos modos da natureza material e, portanto, é completamente puro. Para reaver os filhos do brāhmaṇa, o Senhor Kṛṣṇa levou Arjuna a esse lugar.

VERSO 43: O Sol está situado [verticalmente] no meio do universo, na área entre Bhūrloka e Bhuvarloka, que se chama antarikṣa, o espaço exterior. A distância entre o Sol e a circunferência do universo é de vinte e cinco koṭi yojanas [três bilhões e duzentos milhões de quilômetros].

VERSO 44: O deus do Sol também é conhecido como Vairāja, a totalidade do corpo material de todas as entidades vivas. Como, no momento da criação, ele entrou nesse ovo bruto do universo, é chamado de Mārtaṇḍa. Ele também é conhecido como Hiraṇyagarbha porque recebeu seu corpo material de Hiraṇyagarbha [senhor Brahmā].

VERSO 45: Ó rei, o deus do Sol e o planeta Sol dividem todas as direções do universo. É unicamente devido à presença do Sol que podemos compreender o que é o céu, os planetas superiores, este mundo e os planetas inferiores. Também é apenas por causa do Sol que podemos compreender quais são os lugares para gozo material, quais se destinam à liberação e quais são os lugares infernais e subterrâneos.

VERSO 46: Todas as entidades vivas, incluindo os semideuses, os seres humanos, os animais, os pássaros, os insetos, os répteis, as trepadeiras e as árvores, dependem do calor e da luz que o deus do Sol fornece a partir do planeta Sol. Ademais, é devido à presença do Sol que todas as entidades vivas podem ver, daí ele se chamar dṛg-īśvara, a Personalidade de Deus que preside a visão.

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