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VERSO 26

evam aghaṭamāna-manorathākula-hṛdayo mṛga-dārakābhāsena svārabdha-karmaṇā yogārambhaṇato vibhraṁśitaḥ sa yoga-tāpaso bhagavad-ārādhana-lakṣaṇāc ca katham itarathā jāty-antara eṇa-kuṇaka āsaṅgaḥ sākṣān niḥśreyasa-pratipakṣatayā prāk-parityakta-dustyaja-hṛdayābhijātasya tasyaivam antarāya-vihata-yogārambhaṇasya rājarṣer bharatasya tāvan mṛgārbhaka-poṣaṇa-pālana-prīṇana-lālanānuṣaṅgeṇāvigaṇayata ātmānam ahir ivākhu-bilaṁ duratikramaḥ kālaḥ karāla-rabhasa āpadyata.

evam — dessa maneira; aghaṭamāna — impossíveis de serem alcançados; manaḥ-ratha — por desejos, que são como quadrigas mentais; ākula — sufocado; hṛdayaḥ — cujo coração; mṛga-dāraka-ābhāsena — assemelhando-se ao filho de um veado; sva-ārabdha-karmaṇā — por causa dos maus resultados de suas ações fruitivas subjacentes; yoga-ārambhaṇataḥ — das atividades da prática de yoga; vibhraṁśitaḥ — caído; saḥ — ele (Mahārāja Bharata); yoga-tāpasaḥ — executando as atividades do yoga místico e austeridades; bhagavat-ārādhana-lakṣaṇāt — das atividades do serviço devocional prestado à Suprema Personalidade de Deus; ca — e; katham — como; itarathā — de que outra maneira; jāti-antare — pertencendo a uma diferente espécie de vida; eṇa-kuṇake — ao corpo de um filhote de veado; āsaṅgaḥ — apego tão afetuoso; sākṣāt — diretamente; niḥśreyasa — alcançar a meta última da vida; pratipakṣatayā — com a qualidade de ser um obstáculo; prāk — que anteriormente; parityakta — abandonando; dustyaja — embora muito difícil de serem abandonados; hṛdaya-abhijātasya — seus filhos, nascidos de seu próprio coração; tasya — dele; evam — assim; antarāya — por esse obstáculo; vihata — impedido; yoga-ārambhaṇasya — cujo caminho de execução de práticas de yoga místico; rāja-ṛṣeḥ — do grande rei santo; bharatasya — de Mahārāja Bharata; tāvat — dessa maneira; mṛga-arbhaka — o filho de um veado; poṣaṇa — em manter; pālana — em proteger; prīṇana — em fazer feliz; lālana — em acariciar; anuṣaṅgeṇa — pela absorção constante; avigaṇayataḥ — negligenciando; ātmānam — sua própria alma; ahiḥ iva — como uma serpente; ākhu-bilam — o buraco de um rato; duratikramaḥ — insuperável; kālaḥ — morte inevitável; karāla — terrível; rabhasaḥ — tendo velocidade; āpadyata — chegou.

Śukadeva Gosvāmī prosseguiu: Meu querido rei, dessa maneira, Bharata Mahārāja estava dominado por um desejo incontrolável, manifesto sob a forma do veadinho. Devido aos resultados fruitivos de seus feitos passados, ele caiu de suas práticas de yoga místico, suas austeridades e adoração à Suprema Personalidade de Deus. Se não fosse devido a suas atividades fruitivas passadas, como ele poderia ter-se deixado atrair pelo veado após abandonar a companhia de seus próprios filhos e família, considerando-os obstáculos no caminho da vida espiritual? Como ele poderia demonstrar tão incontida afeição por um veadinho? Definitivamente, isso se devia ao seu karma passado. O rei estava tão entorpecido em afagar e manter o veadinho que ele caiu de suas atividades espirituais. No decorrer do tempo, a morte inevitável, que é comparada a uma serpente venenosa que entra em um buraco feito pelos ratos, apareceu diante dele.

SIGNIFICADO—Como veremos nos versos seguintes, no momento da morte, Bharata Mahārāja, devido à sua atração pelo veadinho, foi obrigado a aceitar o corpo de veado. Nesse contexto, pode-se fazer uma pergunta. Como um devoto pode ser afetado por sua má conduta e atividades viciosas passadas? A Brahma-saṁhitā (5.54) diz que karmāṇi nirdahati kintu ca bhakti-bhājām: “Para aqueles que estão ocupados em bhakti-bhajana, serviço devocional, os resultados das ações passadas são compensados.” De acordo com isso, Bharata Mahārāja não poderia ser punido por causa de seus erros passados. Deve-se concluir que Bharata Mahārāja deliberadamente se tornou muito afeiçoado ao veado e negligenciou seu avanço espiritual. Para que seu erro fosse corrigido sem demora, ele viveu em um corpo de veado durante um curto espaço de tempo. Isso foi simplesmente para aumentar seu desejo pelo serviço devocional maduro. Embora em um corpo animal, Bharata Mahārāja não esqueceu o que o seu erro proposital provocara anteriormente. Ele estava muito ansioso por escapar de seu corpo de veado, e isso indica que sua afeição pelo serviço devocional intensificou-se, tanto é que ele, na vida seguinte, rapidamente alcançou a perfeição em um corpo de brāhmaṇa. Foi com essa convicção que declaramos em nossa revista Volta ao Supremo que devotos tais como os gosvāmīs vivendo em Vṛndāvana e que deliberadamente cometem algumas atividades pecaminosas nascem em corpos de cães, macacos e tartarugas naquela terra sagrada. Assim, durante um curto espaço de tempo, eles assumem essas formas de vidas inferiores e, após abandonarem esses corpos animais, são novamente promovidos ao mundo espiritual. Essa punição é somente por um curto período, e não se deve ao karma passado. Ela pode dar a impressão de que é decorrente do karma passado, mas é oferecida para corrigir o devoto e promovê-lo ao serviço devocional puro.

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