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VERSO 3

tatrāpi svajana-saṅgāc ca bhṛśam udvijamāno bhagavataḥ karma-bandha-vidhvaṁsana-śravaṇa-smaraṇa-guṇa-vivaraṇa-caraṇāravinda-yugalaṁ manasā vidadhad ātmanaḥ pratighātam āśaṅkamāno bhagavad-anugraheṇānusmṛta-sva-pūrva-janmāvalir ātmānam unmatta-jaḍāndha-badhira-svarūpeṇa darśayām āsa lokasya.

tatra api — também naquele nascimento brāhmaṇa; sva-jana-saṅgāt — da associação com parentes e amigos; ca — e; bhṛśam — grandemente; udvijamānaḥ — sendo sempre temeroso de recair; bhagavataḥ — da Suprema Personalidade de Deus; karma-bandha — o cativeiro das reações de atividades fruitivas; vidhvaṁsana — que extermina; śravaṇa — ouvir; smaraṇa — lembrar-se; guṇa-vivaraṇa — ouvindo descrições das qualidades do Senhor; caraṇa-aravinda — pés de lótus; yugalam — os dois; manasā — com a mente; vidadhat — sempre pensando em; ātmanaḥ — de sua alma; pratighātam — obstáculos no caminho do serviço devocional; āśaṅkamānaḥ — temendo sempre; bhagavat-anugraheṇa — pela misericórdia especial da Suprema Personalidade de Deus; anusmṛta — lembrava-se de; sva-pūrva — sua própria antecedente; janma-āvaliḥ — corrente de nascimentos; ātmānam — ele mesmo; unmatta — louco; jaḍa — obtuso; andha — cego; badhira — e surdo; svarūpeṇa — com esses aspectos; darśayām āsa — ele se apresentava; lokasya — para a população em geral.

Por ter recebido a misericórdia especial do Senhor, Bharata Mahārāja podia lembrar-se dos incidentes de sua vida passada. Embora tivesse recebido um corpo de brāhmaṇa, ficava muito temeroso em relação a seus parentes e amigos que não eram devotos. Ele sempre se mantinha muito precavido contra essa associação, pois temia recair. Em consequência disso, ele se manifestava diante dos olhares públicos como um louco – estúpido, cego e surdo – para que os outros não tentassem falar com ele. Dessa maneira, ele se livrava das más companhias. Em seu íntimo, estava sempre pensando nos pés de lótus do Senhor e cantando as glórias do Senhor, que nos liberta do cativeiro da ação fruitiva. Assim, ele se salvada das investidas da associação com não-devotos.

SIGNIFICADO—Em decorrência da associação com os modos da natureza, toda entidade viva se deixa prender por diferentes atividades. A Bhagavad-gītā (13.22) afirma que kāraṇaṁ guṇa-saṅgo ’sya sad-asad-yoni-janmasu: “Isto decorre de sua associação com essa natureza material. Assim, ela se encontra com o bem e o mal entre as várias espécies de vida.”

De acordo com nosso karma, obtemos diferentes classes de corpos entre 8.400.000 espécies. Karmaṇā daiva-netreṇa: sob a influência da natureza material envolta nos três modos é que agimos, e assim, de acordo com a ordem superior, obtemos uma certa espécie de corpo. Isso se chama karma-bandha. Quem quer escapar desse karma-bandha deve ocupar-se em serviço devocional. Então, ele não estará mais sob a influência dos modos da natureza material.

māṁ ca yo ’vyabhicāreṇa
bhakti-yogena sevate
sa guṇān samatītyaitān
brahma-bhūyāya kalpate

“Aquele que se ocupa em serviço devocional pleno e não falha em circunstância alguma, transcende de imediato os modos da natureza material e chega então ao nível de Brahman.” (Bhagavad-gītā 14.26) Para permanecer imune às modalidades materiais, a pessoa deve ocupar-se em serviço devocional – śravaṇaṁ kīrtanaṁ viṣṇoḥ. Esta é a perfeição da vida. Ao nascer como brāhmaṇa, Mahārāja Bharata não estava muito interessado nos deveres bramânicos, mas, no íntimo, permanecia um vaiṣṇava puro, sempre pensando nos pés de lótus do Senhor. Como aconselha a Bhagavad-gītā (18.65): man-manā bhava mad-bhakto mad-yājī māṁ namaskuru. Esse é o único processo pelo qual nos é possível nos salvarmos do perigo de repetidos nascimentos e mortes.

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