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VERSOS 18-19

oṁ namas tubhyaṁ bhagavate
vāsudevāya dhīmahi
pradyumnāyāniruddhāya
namaḥ saṅkarṣaṇāya ca

namo vijñāna-mātrāya
paramānanda-mūrtaye
ātmārāmāya śāntāya
nivṛtta-dvaita-dṛṣṭaye

oṁ — ó meu Senhor; namaḥ — reverências; tubhyam — a Vós; bhagavate — a Suprema, Personalidade de Deus; vāsudevāya — Kṛṣṇa, o filho de Vasudeva; dhīmahi — que eu medite em; pradyumnāya — a Pradyumna; aniruddhāya — a Aniruddha; namaḥ — respeitosas reverências; saṅkarṣaṇāya — ao Senhor Saṅkarṣaṇa; ca — também; namaḥ — todas as reverências; vijñāna-mātrāya — à forma que é plena de conhecimento; parama-ānanda-mūrtaye — plena de bem-aventu­rança transcendental; ātma-ārāmāya — ao Senhor, que é autossufi­ciente; śāntāya — e livre de perturbações; nivṛtta-dvaita-dṛṣṭaye — cuja visão não é afetada pela dualidade, ou aquele que é único e inigualável.

[Nārada deu a Citraketu o seguinte mantra.] Ó Senhor, ó Suprema Personalidade de Deus, que sois invocado mediante o oṁkāra [praṇava], ofereço-Vos minhas respeitosas reverências. Ó Senhor Vāsudeva, medito em Vós. Ó Senhor Pradyumna, Senhor Aniruddha e Senhor Saṅkarṣaṇa, ofereço-Vos minhas respeitosas reverências. Ó reservatório de potência espiritual, ó bem-aventurança suprema, ofereço minhas respeitosas reverências a Vós que sois autossuficiente e muito pacífico. Ó verdade última, que não tendes rival à Vossa altura, sois conhecido como Brahman, Paramātmā e Bha­gavān e, portanto, sois o reservatório de todo o conhecimento. Ofereço-Vos minhas respeitosas reverências.

SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā, Kṛṣṇa diz ser praṇavaḥ sarva-vedeṣu, a sílaba oṁ encontrada nos mantras védicos. Em conhecimento transcendental, dirigimo-nos ao Senhor como praṇava, oṁkāra, que é uma maneira de o Senhor manifestar-Se sob a forma do som. Oṁ namo bhagavate vāsudevāya. Vāsudeva, que é uma expansão de Nārāyaṇa, expande-Se como Pradyumna, Aniruddha e Saṅkarṣaṇa. De Saṅkarṣaṇa, surge uma segunda expansão Nārāyaṇa, e, desse Nārāyaṇa, vêm outras expansões de Vāsudeva, Pradyumna, Saṅkarṣaṇa e Aniruddha. O Saṅkarṣaṇa deste grupo é a causa que origina os três puruṣas, a saber, Kāraṇodakaśāyī Viṣṇu, Garbhodakaśāyī Viṣṇu e Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu. Em cada universo, Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu está situado em um planeta especial chamado Śvetadvīpa. Confirma isso a Brahma-saṁhitā: aṇḍāntara-stha. A palavra aṇḍa se refere a este universo. Dentro deste universo, existe um planeta chamado Śvetadvīpa, onde reside Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu. É dEle que procedem todas as encarnações dentro deste universo.

Como se confirma na Brahma-saṁhitā, todas essas formas da Suprema Personalidade de Deus são advaita, não-diferentes, e também são acyuta, infalíveis; diferente do que acontece com as almas condicionadas, essas formas não caem. A entidade viva comum tem a ten­dência a cair nas garras de māyā, mas o Senhor Supremo, em Suas diferentes encarnações e formas, é acyuta, infalível. Portanto, Seu corpo é diferente do corpo material que a alma condicionada possui.

O dicionário Medinī explica da seguinte maneira a palavra mātrā: mātrā karṇa-vibhūṣāyāṁ vitte māne paricchade. A palavra mātrā, em suas diversas acepções, é usada para indicar o enfeite da orelha, propriedade, respeito e a posse de uma cobertura. Como se afirma na Bhagavad-gītā (2.14):

mātrā-sparśās tu kaunteya
śītoṣṇa-sukha-duḥkha-dāḥ
āgamāpāyino ’nityās
tāṁs titikṣasva bhārata

“Ó filho de Kuntī, o aparecimento transitório de felicidade e afli­ção, bem como o seu desaparecimento no devido tempo, são como o aparecimento e desaparecimento das estações de inverno e verão. Surgem da percepção sensorial, ó descendente de Bharata, e é pre­ciso aprender a tolerá-los sem se perturbar.” No estado de vida condicionada, o corpo é usado à guisa de veste, e assim como no verão e no inverno diferentes vestes se fazem necessárias, nós, almas condicionadas, estamos mudando de corpos ao gosto de nossos desejos. Entretanto, porque o corpo do Senhor Supremo é cheio de conhecimento, não requer cobertura alguma. A ideia de que o corpo de Kṛṣṇa é como o nosso – em outras palavras, de que Seu corpo é diferente de Sua alma – é um equívoco. Essas diferenças não se aplicam a Kṛṣṇa, porque Seu corpo é pleno de conhecimento. Aqui, recebemos corpos materiais devido à nossa falta de conhecimento, mas, porque Kṛṣṇa, Vāsudeva, é pleno de conhecimento, não há diferença entre Seu corpo e Sua alma. Kṛṣṇa lembra-Se do que disse há quarenta milhões de anos ao deus do Sol, mas o ser vivo comum não pode lembrar-se do que disse anteontem. Essa é a diferença entre o corpo de Kṛṣṇa e o nosso corpo. Portanto, o Senhor é chamado de vijñāna-mātrāya paramānanda-mūrtaye.

Porque o corpo do Senhor é pleno de conhecimento, Ele sempre desfruta de bem-aventurança transcendental. Na verdade, Sua forma é, em si, paramānanda. Confirma isso o Vedānta-sūtra: ānandamayo ’bhyāsāt. Por natureza, o Senhor é ānandamaya. Sempre que vemos Kṛṣṇa, Ele está cheio de ānanda, em todas as circunstâncias. Ninguém pode deprimi-lO. Ātmārāmāya: Ele não precisa sair em busca de prazer externo, haja vista que Ele é autossuficiente. Śāntāya: Ele não tem ansiedades. Alguém que precisa buscar prazer em outras fontes está sempre cheio de ansiedades. Os karmīs, os jñānīs e os yogīs estão cheios de ansiedade porque não se contentam com o que têm, mas o devoto nada exige; ele está simplesmente satisfeito com o serviço ao Senhor que é completamente bem-aventurado.

Nivṛtta-dvaita-dṛṣṭaye: em nossa vida condicionada, nossos corpos têm diferentes partes, mas, embora Kṛṣṇa aparentemente tenha diferentes partes corpóreas, nenhuma parte de Seu corpo difere de alguma outra. Kṛṣṇa pode ver com Seus olhos, e Kṛṣṇa pode ver sem a ajuda dos Seus olhos. Portanto, a Śvetāśvatara Upaniṣad diz que paśyaty acakṣuḥ. Ele pode ver com Suas mãos e com Suas pernas. Ele não precisa de uma determinada parte corpórea para executar uma determinada ação. Aṅgāni yasya sakalendriya-vṛttimanti: como Ele pode fazer qualquer coisa que deseje com qualquer parte de Seu corpo, Ele é chamado de todo-poderoso.

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