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VERSO 52

mithuna-vyavāya-dharmas tvaṁ
prajā-sargam imaṁ punaḥ
mithuna-vyavāya-dharmiṇyāṁ
bhūriśo bhāvayiṣyasi

mithuna — de homem e mulher; vyavāya — atividades sexuais; dharmaḥ — quem aceita através da prática religiosa; tvam — tu; prajā­-sargam — criação de entidades vivas; imam — isto; punaḥ — novamen­te; mithuna — de homem e mulher unidos; vyavāya-dharmiṇyām — nela, tendo relação sexual de acordo com a prática religiosa; bhūriśaḥ — um grande número; bhāvayiṣyasi — trarás à existência.

Portanto, como homem e mulher, uni-vos através da atividade sexual e, dessa maneira, através da relação sexual, serás capaz de gerar centenas de filhos no ventre dessa jovem para aumentar a população.

SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā (7.11), o Senhor diz que dharmāviruddho bhūteṣu kāmo ’smi: “Eu sou o sexo que não é contrário aos princípios religiosos.” O intercurso sexual ordenado pela Suprema Personali­dade de Deus é dharma, princípio religioso, mas não visa ao gozo dos sentidos. Os princípios védicos não permitem a prática do gozo dos sentidos através do intercurso sexual. Com o único propósito de gerar filhos é que alguém pode seguir a sua tendência natural à atividade sexual. Portanto, neste verso, o Senhor disse a Dakṣa: “Recebes esta jovem apenas para a atividade sexual destinada a gerar filhos, e não para algum outro propósito. Ela é muito fértil, de modo que serás capaz de ter tantos filhos quantos puderes gerar.”

A esse respeito, Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura assinala que Dakṣa recebeu facilidades para um intercurso sexual ilimitado. Em sua vida anterior, Dakṣa também era conhecido como Dakṣa, mas, enquanto executava sacrifícios, ele ofendeu o senhor Śiva, e assim sua cabeça foi substituída pela cabeça de um bode. Depois, devido à sua condição degradada, Dakṣa abandonou sua vida, mas, porque man­teve os mesmos desejos sexuais ilimitados, submeteu-se a rigorosas austeridades com as quais satisfez o Senhor Supremo, que lhe ofereceu, então, ilimitada potência para o intercurso sexual.

Deve-se notar que, embora seja obtida pela graça da Suprema Personalidade de Deus, essa facilidade para o intercurso sexual não é ofe­recida aos devotos avançados, que estão livres de desejos materiais (anyābhilāṣitā-śūnyam). Com relação a isso, é bom notar que, se os rapazes e moças americanos ocupados no movimento da consciência de Kṛṣṇa quiserem avançar em consciência de Kṛṣṇa para alcançar o benefício supremo de prestar serviço amoroso ao Senhor, deverão evitar de se entregar a essas condições favoráveis à prática sexual. Portanto, aconselhamos que a pessoa deve ao menos se abster do sexo ilícito. Mesmo que alguém tenha oportunidades para uma vida sexual ativa, ele deve aceitar voluntariamente restringir a atividade sexual apenas à procriação e esquivar-se de qualquer outro propósito. Kardama Muni também recebeu facilidades para as ativida­des sexuais, mas quase não tinha desejo de se envolver com isso. Portanto, após gerar filhos no ventre de Devahūti, Kardama Muni se tornou inteiramente renunciado. O ponto é que se alguém quer voltar ao lar, voltar ao Supremo, deve voluntariamente restringir sua vida sexual. O sexo deve ser aceito somente tanto quanto necessário, e não de modo ilimitado.

Ninguém deve pensar que, pelo fato de ter obtido facili­dades para o sexo ilimitado, Dakṣa tenha recebido o favor do Senhor. Os versos seguintes revelarão que Dakṣa voltou a cometer uma ofensa; desta vez, aos pés de lótus de Nārada. Portanto, embora a vida sexual seja o gozo máximo no mundo material, e embora, pela graça de Deus, alguém possa ter a oportunidade de gozo sexual, a pessoa corre o risco de cometer ofensas. Dakṣa estava exposto a esse risco de ofender e, portanto, falando estritamente, não foi favorecido de fato pelo Senhor Supremo. Ninguém deve buscar o Senhor em troca do favor de obter ilimitada potência para a vida sexual.

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