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VERSO 32

paśyāmi dhanināṁ kleśaṁ
lubdhānām ajitātmanām
bhayād alabdha-nidrāṇāṁ
sarvato ’bhiviśaṅkinām

paśyāmi — posso ver na prática; dhaninām — das pessoas que são muito ricas; kleśam — os sofrimentos; lubdhānām — que são extremamente cobiçosas; ajita-ātmanām — que são vítimas de seus sentidos; bhayāt — devido ao medo; alabdha-nidrāṇām — que sofrem de insônia; sarvataḥ — de todos os lados; abhiviśaṅkinām — estando particularmente temerosas.

O brāhmaṇa prosseguiu: Vejo de fato que um homem rico, o qual é vítima dos seus sentidos, é muito ávido por acumular riquezas e, portanto, sofre de insônia devido ao temor que o aflige de todos os lados, apesar de sua riqueza e opulências.

SIGNIFICADO—Os capitalistas cobiçosos acumulam riquezas submetidos a muitas condições dolorosas, e o que acontece é que, como obtêm dinheiro através de métodos escusos, suas mentes sempre estão agitadas. Em virtude disso, são incapazes de dormir à noite, e têm que tomar pílulas que lhe deem tranquilidade mental para que possam conciliar o sono. E, algumas vezes, nem mesmo as pílulas funcionam. Consequentemente, o resultado de ter acumulado dinheiro através de tanto trabalho decerto não é a felicidade, mas apenas a infelicidade. De que adianta adquirir uma posição confortável se a pessoa está sempre com a mente perturbada? Narottama Dāsa Ṭhākura, portanto, canta:

saṁsāra-biṣānale, dibāniśi hiyā jvale,
juḍāite nā kainu upāya

“Estou sofrendo o efeito venenoso do gozo material. Com isso, meu coração está sempre ardendo e está quase à beira do colapso.” Em consequência de seu desnecessário e cobiçoso acúmulo de riqueza, o capitalista tem que sofrer no fogo abrasador da ansiedade e sempre deve empenhar-se em poupar seu dinheiro e investi-lo adequadamente para ganhar cada vez mais. Tal vida decerto não é muito feliz, mas, devido ao encanto da energia ilusória, os materialistas se ocupam nessas atividades.

Quanto ao nosso movimento da consciência de Kṛṣṇa, estamos ganhando dinheiro naturalmente, pois, pela graça de Deus, estamos vendendo nossas publicações literárias. Essas publicações não são vendidas para o gozo dos nossos sentidos; o fato é que, para espalharmos o movimento da consciência de Kṛṣṇa, precisamos de muitas coisas, e Kṛṣṇa, portanto, está nos fornecendo o dinheiro necessário para levarmos adiante essa missão. A missão de Kṛṣṇa é espalhar a consciência de Kṛṣṇa pelo mundo inteiro, e, para concretizarmos esse propósito, naturalmente precisamos ter dinheiro o bastante. Portanto, de acordo com o conselho de Śrīla Rūpa Gosvāmī Prabhupāda, não devemos abandonar o apego ao dinheiro que pode ajudar a difundir o movimento da consciência de Kṛṣṇa. Em seu Bhakti-rasāmta-sindhu (1.2.256), Śrīla Rūpa Gosvāmī diz:

prāpañcikatayā buddhyā
hari-sambandhi-vastunaḥ
mumukṣubhiḥ parityāgo
vairāgyaṁ phalgu kathyate

“Quando as pessoas ansiosas por alcançar a liberação renunciam as coisas que, embora materiais, estão relacionadas com a Suprema Personalidade de Deus, isso se chama renúncia incompleta.” O dinheiro que pode ajudar na propagação do movimento da consciência de Kṛṣṇa não faz parte do mundo material, e não devemos rejeitá-lo pensando que é material. Śrīla Rūpa Gosvāmī aconselha:

anāsaktasya viṣayān
yathārham upayuñjataḥ
nirbandhaḥ kṛṣṇa-sambandhe
yuktaṁ vairāgyam ucyate

“Quando alguém não está apegado a nada, mas, ao mesmo tempo, aceita tudo aquilo que está relacionado com Kṛṣṇa, ele está corretamente situado acima do sentimento de posse.” (Bhakti-rasāmṛta-sindhu 1.2.255) Sem dúvida, o dinheiro vem em grande quantidade, mas não devemos empregar esse dinheiro no gozo dos sentidos; cada centavo deve ser aplicado em espalhar a consciência de Kṛṣṇa, e não no gozo dos sentidos. Há perigo para o pregador quando ele recebe grande quantidade de dinheiro, pois, logo que gaste ao menos um centavo da arrecadação no gozo dos seus próprios sentidos, ele se torna uma vítima caída. Os pregadores do movimento da consciência de Kṛṣṇa devem ser extremamente cuidadosos em não desperdiçar as imensas quantidades de dinheiro necessárias para espalhar esse movimento. Não façamos desse dinheiro a causa da nossa infelicidade; ele deve ser usado para Kṛṣṇa, e isso causará nossa felicidade eterna. O dinheiro é Lakṣmī, ou a deusa da fortuna, a companheira de Nārāyaṇa. Lakṣmījī sempre deve permanecer com Nārāyaṇa, em decorrência do que não será preciso temer alguma degradação.

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