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VERSO 34

śoka-moha-bhaya-krodha-
rāga-klaibya-śramādayaḥ
yan-mūlāḥ syur nṛṇāṁ jahyāt
spṛhāṁ prāṇārthayor budhaḥ

śoka — lamentação; moha — ilusão; bhaya — medo; krodha — ira; rāga — apego; klaibya — pobreza; śrama — trabalho desnecessário; ādayaḥ — e assim por diante; yat-mūlāḥ — a causa original de todos eles; syuḥ — tornam-se; nṛṇām — dos seres humanos; jahyāt — deve abandonar; spṛhām — o desejo; prāṇa — de força física ou prestígio; arthayoḥ — e de acumular dinheiro; budhaḥ — uma pessoa inteligente.

Aqueles membros da sociedade humana que são inteligentes devem abandonar a causa original da lamentação, ilusão, medo, ira, apego, pobreza e trabalho desnecessário. A causa original de todas essas aflições é o desejo de prestígio e dinheiro desnecessários.

SIGNIFICADO—Aqui está a diferença entre a civilização védica e a moderna civilização demoníaca. A civilização védica se preocupava em como a pessoa poderia alcançar a autorrealização e, com esse propósito, recomendava-se que ela tivesse uma pequena renda para se manter viva. A sociedade se dividia em brāhmaṇas, kṣatriyas, vaiśyas e śūdras, e os membros dessa sociedade costumavam se esforçar apenas para obter o mínimo necessário. Em particular, os brāhmaṇas não tinham desejos materiais. Porque os kṣatriyas tinham que governar a população, para eles era necessário ter dinheiro e prestígio. Mas os vaiśyas se satisfaziam com a produção agrícola e o leite fornecido pelas vacas, e se por acaso houvesse algum excedente, permitia-se o comércio. Os śūdras também eram felizes, pois eram alimentados e abrigados pelas três classes superiores. Entretanto, na civilização demoníaca dos dias atuais, a existência de brāhmaṇas ou kṣatriyas está fora de cogitação; há apenas os hipotéticos trabalhadores e uma florescente classe mercantil sem qualquer objetivo na vida.

De acordo com a civilização védica, a perfeição última da vida é aceitar sannyāsa, mas, no presente momento, as pessoas não sabem por que se deve aceitar sannyāsa. Devido a uma compreensão errônea, elas pensam que se aceita sannyāsa para se escapar das responsabilidades sociais. Mas não se aceita sannyāsa para escapar das responsabilidades para com a sociedade. Em geral, aceita-se sannyāsa na quarta fase da vida espiritual. A pessoa começa como brahmacārī, então se torna gṛhastha, vānaprastha e termina como sannyāsī para poder aproveitar os dias de sua vida se ocupando plenamente em autorrealização. Sannyāsa não significa esmolar de porta em porta para acumular o dinheiro que será empregado no gozo dos sentidos. Entretanto, como em Kali-yuga as pessoas estão mais ou menos inclinadas ao gozo dos sentidos, ninguém é recomendado a aceitar sannyāsa de maneira imatura. Śrīla Rūpa Gosvāmī escreve em seu Néctar da Instrução (2):

atyāhāraḥ prayāsaś ca
prajalpo niyamāgrahaḥ
jana-saṅgaś ca laulyaṁ ca
ṣaḍbhir bhaktir vinaśyati

“Tem seu serviço devocional destruído aquele que se envolve demais nas seis seguintes atividades: (1) comer mais do que o necessário ou arrecadar mais fundos do que o essencial; (2) esforçar-se em demasia por conseguir coisas mundanas que sejam muito difíceis de obter; (3) conversar desnecessariamente a respeito de assuntos mundanos; (4) praticar as regras e regulações das escrituras só por segui-las e não pelo avanço espiritual, ou rejeitar as regras e regulações das escrituras e trabalhar independente ou caprichosamente; (5) associar-se com pessoas de mentalidade mundana, que não estão interessadas na consciência de Kṛṣṇa; e (6) estar ávido por realizações mundanas.” O sannyāsī deve pertencer a uma instituição destinada a pregar a consciência de Kṛṣṇa; ele não necessita acumular dinheiro para si mesmo. Recomendamos que, tão logo se acumule dinheiro em nosso movimento da consciência de Kṛṣṇa, cinquenta por cento dele deve ser investido na publicação de livros, e os cinquenta por cento restantes devem ser empregados em outros empreendimentos, especialmente na abertura de centros por todo o mundo. Os administradores do movimento da consciência de Kṛṣṇa devem ser muito cautelosos em observar este ponto. Caso contrário, o dinheiro será causa de lamentação, ilusão, medo, ira, apego material, pobreza material e desnecessário trabalho árduo. Quando estava sozinho em Vṛndāvana, jamais procurei construir maṭhās ou templos; em vez disso, estava plenamente satisfeito com a pequena quantia de dinheiro que podia conseguir através da venda da revista Volta ao Supremo e, dessa forma, obtinha meu sustento e também imprimia minhas obras. Ao viajar para os países estrangeiros, vivi de acordo com esse mesmo princípio, mas, quando os europeus e os americanos passaram a doar dinheiro em profusão, abri templos nos quais dei início ao processo de adoração à Deidade. Ainda se deve seguir o mesmo princípio. Todo dinheiro que se colete deve ser gasto para Kṛṣṇa, e nem mesmo um centavo deve ser utilizado no gozo dos sentidos. Esse é o princípio bhāgavata.

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