VERSO 3
yat tatra guruṇā proktaṁ
śuśruve ’nupapāṭha ca
na sādhu manasā mene
sva-parāsad-grahāśrayam
yat — o qual; tatra — ali (na escola); guruṇā — pelos professores; proktam — instruído; śuśruve — ouvia; anupapāṭha — recitava; ca — e; na — não; sādhu — bom; manasā — na mente; mene — considerava; sva — de alguém; para — e dos outros; asat-graha — pela filosofia negativa; āśrayam — que era defendida.
Prahlāda decerto ouvia e recitava os tópicos de política e economia ensinados pelos professores, mas entendia que a filosofia política implica considerar alguém como amigo e outrem como inimigo, de modo que ele não apreciava isso.
SIGNIFICADO—A política envolve aceitar um grupo de homens como inimigos e outro grupo como amigos. Tudo na política se baseia nessa filosofia, e o mundo inteiro, especialmente no momento atual, está absorto nisso. O público está preocupado com países amigos e grupos amigos ou países inimigos e grupos inimigos, mas, como se afirma na Bhagavad-gītā, a pessoa erudita não faz distinções entre amigos e inimigos. Notadamente, os devotos não criam amigos nem inimigos. O devoto vê que toda entidade viva é uma parte integrante de Kṛṣṇa (mamaivāṁśo jīva-bhūtaḥ). Logo, tanto aos amigos quanto aos inimigos, o devoto dispensa o mesmo tratamento, tentando educá-los em consciência de Kṛṣṇa. É óbvio que os homens ateístas não seguem as instruções dos devotos puros, senão que, em vez disso, consideram o devoto como seu inimigo. O devoto, entretanto, jamais cria uma situação de amizade ou inimizade. Embora fosse obrigado a ouvir as instruções de Ṣaṇḍa e Amarka, Prahlāda Mahārāja não gostava da filosofia que apregoa a existência de amigos e inimigos e que forma a base da política. Ele não estava interessado nessa filosofia.