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VERSO 55

etāvān eva loke ’smin
puṁsaḥ svārthaḥ paraḥ smṛtaḥ
ekānta-bhaktir govinde
yat sarvatra tad-īkṣaṇam

etāvān — este tanto; eva — decerto; loke asmin — neste mundo material; puṁsaḥ — da entidade viva; sva-arthaḥ — o verdadeiro interesse próprio; paraḥ — transcendental; smṛtaḥ — considerado; ekānta-bhaktiḥ — serviço devocional imaculado; govinde — a Govinda; yat — a qual; sarvatra — em toda parte; tat-īkṣaṇam — vendo a relação com Govinda, Kṛṣṇa.

 Neste mundo material, prestar serviço aos pés de lótus de Govinda, a causa de todas as causas, e vê-lO em toda parte, é a única meta da vida. A meta última da vida humana se resume apenas a isso, como explicam todas as escrituras reveladas.

SIGNIFICADO—Neste verso, as palavras sarvatra tad-īkṣaṇam descrevem a perfeição máxima do serviço devocional, pois é então que se consegue tomar como parâmetro de tudo as atividades de Govinda. O devoto muito elevado jamais aceita que exista algo não relacionado com Govinda.

sthāvara-jaṅgama dekhe, nā dekhe tāra mūrti
sarvatra haya nija iṣṭa-deva-sphūrti

“O mahā-bhāgavata, o devoto avançado, decerto vê todas as coisas móveis e inertes, mas não vê exatamente suas formas. Em vez disso, em toda parte, ele logo vê manifesta a forma do Senhor Supremo.” (Caitanya-caritāmṛta, Madhya 8.274) Mesmo neste mundo material, o devoto não vê objetos materialmente manifestos; em vez disso, vê Govinda em tudo. Ao ver uma árvore ou um ser humano, o devoto estabelece a relação deles com Govinda. Govindam ādi-puruṣam: Govinda é a fonte que origina tudo.

īśvaraḥ paramaḥ kṛṣṇaḥ
sac-cid-ānanda-vigrahaḥ
anādir ādir govindaḥ
sarva-kāraṇa-kāraṇam

“Kṛṣṇa, que é conhecido como Govinda, é o controlador supremo. Ele tem um corpo espiritual, eterno e bem-aventurado. Ele é a origem de tudo. Ele não tem alguma origem extrínseca, pois Ele é a causa primordial de todas as causas.” (Brahma-saṁhitā 5.1) A prova de que um devoto é perfeito é que ele vê Govinda em todas as partes deste universo, mesmo em cada partícula atômica (aṇḍāntara-stha-paramāṇu-cayāntara-stham). Essa visão do devoto é perfeita. Portanto, afirma-se:

nārāyaṇa-mayaṁ dhīrāḥ
paśyanti paramārthinaḥ
jagad dhana-mayaṁ lubdhāḥ
kāmukāḥ kāminī-mayam

O devoto vê todas as pessoas e todas as coisas em relação com Nārāyaṇa (nārāyaṇa-mayam). Tudo é uma expansão da energia de Nārāyaṇa. Assim como aqueles que são cobiçosos veem tudo como fonte de dinheiro e aqueles que são luxuriosos veem tudo como propício ao sexo, o devoto mais perfeito, Prahlāda Mahārāja, via Nārāyaṇa inclusive dentro de uma coluna de pedra. Isso não significa, entretanto, que devemos aceitar as palavras daridra-nārāyaṇa, que foi inventada por pessoas inescrupulosas. Aquele que realmente percebe Nārāyaṇa em toda parte não faz distinção entre pobre e rico. Optar pelo daridra-nārāyaṇa, ou o Nārāyaṇa pobre, e rejeitar o dhani-nārāyaṇa, ou o Nārāyaṇa rico, não é uma atitude devocional, senão que essa visão imperfeita é de pessoas materialistas.

Neste ponto, encerram-se os significados Bhaktivedanta do sétimo canto, sétimo capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitulado “O que Prahlāda Aprendeu no Ventre”.

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