VERSO 11
śrī-hiraṇyakaśipur uvāca
vyaktaṁ tvaṁ martu-kāmo ’si
yo ’timātraṁ vikatthase
mumūrṣūṇāṁ hi mandātman
nanu syur viklavā giraḥ
śrī-hiraṇyakaśipuḥ uvāca — o abençoado Hiraṇyakaśipu disse; vyaktam — evidentemente; tvam — tu; martu-kāmaḥ — desejoso de morrer; asi — estás; yaḥ — aquele que; ātimātram — sem limite; vikatthase — estás te gabando (como se tivesses controlado os sentidos e teu pai não conseguisse isso); mumūrṣūṇām — das pessoas que estão prestes a morrer; hi — na verdade; manda-ātman — ó patife sem inteligência; nanu — decerto; syuḥ — tornam-se; viklavāḥ — confusas; giraḥ — as palavras.
Hiraṇyakaśipu respondeu: És um patife. Estás tentando minimizar meu valor, como se fosses capaz de me superar no controle dos sentidos. Consideras-te inteligente por demais. Portanto, posso facilmente entender que desejas morrer em minhas mãos, pois só se dão a esse tipo de conversa sem sentido aqueles que estão prestes a morrer.
SIGNIFICADO—O Hitopadeśa diz que upadeśo hi mūrkhāṇāṁ prakopāya na śāntaye. Ao receber boas instruções, um tolo não tira proveito delas, senão que fica sempre mais irado. As instruções autorizadas que Prahlāda Mahārāja transmitiu ao seu pai não foram aceitas por este como verdade; ao contrário, Hiraṇyakaśipu irou-se cada vez mais contra seu grande filho, que era um devoto puro. Essa espécie de obstáculo sempre aparece para o devoto que prega a consciência de Kṛṣṇa a pessoas como Hiraṇyakaśipu, que estão interessadas em dinheiro e em mulheres. (A palavra hiraṇya significa “ouro”, e kaśipu se refere a colchões ou camas macias.) Ademais, o pai não gosta de ser instruído por seu filho, especialmente se o pai é um demônio. Todavia, a pregação vaiṣṇava recebida pelo pai demoníaco de Prahlāda Mahārāja foi indiretamente eficaz, pois, devido à excessiva inveja que tinha de Kṛṣṇa e de Seu devoto, Hiraṇyakaśipu estava convidando Nṛsiṁhadeva a matá-lo muito em breve. Assim, ele estava apressando o processo em que seria morto nas mãos do próprio Senhor. Embora fosse um demônio, Hiraṇyakaśipu é neste ensejo tratado por śrī. Por quê? A resposta é que, felizmente, ele tinha um filho que era um grande devoto: Prahlāda Mahārāja. Assim, embora ele fosse um demônio, alcançaria a salvação e retornaria ao lar, retornaria ao Supremo.