VERSO 16
sa vikraman putra-vadhepsur ojasā
niśamya nirhrādam apūrvam adbhutam
antaḥ-sabhāyāṁ na dadarśa tat-padaṁ
vitatrasur yena surāri-yūtha-pāḥ
saḥ — ele (Hiraṇyakaśipu); vikraman — exibindo seu poder; putra-vadha-īpsuḥ — desejoso de matar seu próprio filho; ojasā — com muito ímpeto; niśamya — ouvindo; nirhrādam — o som bravio; apūrvam — nunca antes ouvido; adbhutam — muito prodigioso; antaḥ-sabhāyām — dentro da jurisdição da grande assembleia; na — não; dadarśa — localizaram; tat-padam — a fonte daquele som estrondoso; vitatrasuḥ — ficaram com medo; yena — por causa desse som; sura-ari-yūtha-pāḥ — os outros líderes dos demônios (e não apenas Hiraṇyakaśipu).
Enquanto mostrava seu poder extraordinário, Hiraṇyakaśipu, que desejava matar seu próprio filho, ouviu aquele som magnífico e estrondoso, nunca antes ouvido por alguém. Ao escutarem o som, os outros líderes dos demônios ficaram com medo. Nenhum deles pôde localizar em que setor da assembleia teria surgido aquele som.
SIGNIFICADO—Na Bhagavad-gītā (7.8), Kṛṣṇa define-Se dizendo:
raso ’ham apsu kaunteya
prabhāsmi śaśi sūryayoḥ
praṇavaḥ sarva-vedeṣu
śabdaḥ khe pauruṣaṁ nṛṣu
“Ó filho de Kuntī [Arjuna], Eu sou o sabor da água, a luz do Sol e da Lua, a sílaba om dos mantras védicos; Eu sou o som no éter e a habilidade no homem.” Aqui, através do som estrondoso no céu (śabdaḥ khe), o Senhor manifestou Sua onipresença. O som tonitruante era prova da presença do Senhor. Os demônios, tais como Hiraṇyakaśipu, puderam compreender, então, o supremo poder governante do Senhor, e assim Hiraṇyakaśipu ficou com medo. Por mais poderoso que um homem seja, ele sempre teme o som de um trovão. Igualmente, Hiraṇyakaśipu e todos os demônios, que eram seus companheiros, ficaram extremamente temerosos devido à presença do Senhor Supremo sob a forma do som, embora não pudessem determinar de onde ele partia.