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VERSO 24

tasmād amūs tanu-bhṛtām aham āśiṣo ’jña
āyuḥ śriyaṁ vibhavam aindriyam āviriñcyāt
necchāmi te vilulitān uruvikrameṇa
kālātmanopanaya māṁ nija-bhṛtya-pārśvam

tasmāt — portanto; amūḥ — todas essas (opulências); tanu-bhṛtām — com referência às entidades vivas que possuem corpos materiais; aham — eu; āśiṣaḥ ajñaḥ — conhecendo muito bem os resultados dessas bênçãos; āyuḥ — uma longa duração de vida; śriyam — opulências materiais; vibhavam — prestígio e glória; aindriyam — todos destinados ao gozo dos sentidos; āviriñcyāt — começando com o senhor Brahmā (e indo até a formiguinha); na — não; icchāmi — quero; te — por Vós; vilulitān — sujeitos a serem aniquilados; uru-vikrameṇa — que sois extremamente poderoso; kāla-ātmanā — como o mestre do fator tempo; upanaya — por favor, levai para; mām — a mim; nija-bhṛtya pārśvam — a associação de Vosso servo fiel, de Vosso devoto.

Meu querido Senhor, agora conheço por completo o que é opulência mundana, poderes místicos, longevidade e outros prazeres materiais desfrutados por todas as entidades vivas, desde o senhor Brahmā até a formiga. Como o tempo poderoso, destruís tudo isso. Portanto, devido à minha experiência, não desejo possuí-los. Meu querido Senhor, peço-Vos que me coloqueis em contato com Vosso devoto puro e me deis a permissão de que eu o sirva como um servo sincero.

SIGNIFICADO—Estudando o Śrīmad-Bhāgavatam, todo homem inteligente pode, através dos incidentes históricos mencionados nesta grande literatura de conhecimento espiritual, obter a mesma experiência de Prahlāda Mahārāja. Seguindo os passos de Prahlāda Mahārāja, deve-se obter completa experiência de que toda a opulência material pode acabar a qualquer momento. Mesmo este corpo, para o qual tentamos adquirir tantos prazeres sensuais, está sujeito a perecer a qualquer instante. A alma, entretanto, é eterna. Na hanyate hanyamāne śarīre: a alma nunca é aniquilada, mesmo quando o corpo é destruído. O homem inteligente, portanto, deve valorizar a felicidade da alma espiritual, e não a felicidade do corpo. Mesmo que alguém receba um corpo muito duradouro, como os corpos do senhor Brahmā e de outros grandes semideuses, esse também será destruído, daí o homem inteligente dever interessar-se pela alma espiritual imperecível.

De maneira a se salvar, todos devem refugiar-se no devoto puro. Portanto, Narottama Dāsa Ṭhākura diz: chāḍiyā vaiṣṇava-sevā nistāra pāyeche kebā. Quem deseja salvar-se das investidas da natureza material, que surgem devido ao corpo material, deve tornar-se consciente de Kṛṣṇa e tentar entender Kṛṣṇa plenamente. Como se afirma na Bhagavad-gītā (4.9), janma karma ca me divyam evaṁ yo vetti tattvataḥ. Todos devem entender Kṛṣṇa de verdade, e é apenas mediante o serviço prestado ao devoto puro que alguém pode atingir esse objetivo. Portanto, Prahlāda Mahārāja pede que, em vez de conceder-lhe opulência material, o Senhor Nṛsiṁhadeva o coloque em contato com um devoto e servo puro. Todo homem inteligente dentro deste mundo material deve seguir Prahlāda Mahārāja. Mahājano yena gataḥ sa panthāḥ. Prahlāda Mahārāja não queria desfrutar da herança deixada pelo seu pai; ao contrário, queria tornar-se um servo do servo do Senhor. A civilização humana ilusória, que perpetuamente se esforça para obter felicidade através do avanço material, é rejeitada por Prahlāda Mahārāja e por aqueles que seguem estritamente seus passos.

Existem diferentes classes de opulência material, conhecidas tecnicamente como bhukti, mukti e siddhi. Bhukti se refere a estar situado em uma ótima posição, como a posição dos semideuses nos sistemas planetários superiores, onde é possível obter o máximo de desfrute sensorial. Mukti se refere a estar desgostoso com o avanço material e, assim, desejar tornar-se uno com o Supremo. Siddhi se refere à realização de severas espécies de meditação, como fazem os yogīs que desejam alcançar alguma classe de perfeição (aṇimā, laghimā, mahimā etc.). Todos aqueles que desejam algum avanço material através de bhukti, mukti ou siddhi sujeitam-se a serem punidos no devido curso do tempo e retornam às atividades materiais. Prahlāda Mahārāja rejeitou tudo isso; ele simplesmente queria ocupar-se como um aprendiz sob a orientação de um devoto puro.

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