VERSO 1
śrī-śuka uvāca
itthaṁ viriñca-stuta-karma-vīryaḥ
prādurbabhūvāmṛta-bhūr adityām
catur-bhujaḥ śaṅkha-gadābja-cakraḥ
piśaṅga-vāsā nalināyatekṣaṇaḥ
śrī-śukaḥ uvāca — Śrī Śukadeva Gosvāmī disse; ittham — dessa maneira; viriñca-stuta-karma-vīryaḥ — a Personalidade de Deus, cujas atividades e proezas sempre são louvadas pelo senhor Brahmā; prādurbabhūva — manifestou-Se; amṛta-bhūḥ — cujo aparecimento é sempre imperecível; adityām — do ventre de Aditi; catuḥ-bhujaḥ — tendo quatro braços; śaṅkha-gadā-abja-cakraḥ — decorado com búzio, maça, lótus e disco; piśaṅga-vāsāḥ — vestido com roupas amarelas; nalina-āyata-īkṣaṇaḥ — tendo olhos que despontavam como as pétalas de um lótus.
Śukadeva Gosvāmī disse: Depois que o senhor Brahmā falou essas palavras em glorificação às atividades e proezas do Senhor Supremo, a Suprema Personalidade de Deus, que, diferentemente dos seres vivos ordinários, jamais Se sujeita à morte, apareceu no ventre de Aditi. Suas quatro mãos estavam decoradas com búzio, maça, lótus e disco. Trajava roupas amarelas, e Seus olhos pareciam as pétalas de um lótus a desabrochar.
SIGNIFICADO—Neste verso, a palavra amṛta-bhūḥ é significativa. Às vezes, ao aparecer, o Senhor nasce como uma criança comum, mas isso não significa que Ele está sujeito a nascimento, morte ou velhice. Todos devem ser muito inteligentes para compreender o aparecimento e as atividades das encarnações do Senhor Supremo. Confirma isso a Bhagavad-gītā (4.9): janma karma ca me divyam evaṁ yo vetti tattvataḥ. Deve-se tentar entender que o aparecimento e o desaparecimento do Senhor, e Suas atividades, são todos divyam, ou transcendentais. O Senhor nada tem a ver com as atividades materiais. Aquele que compreende o aparecimento, o desaparecimento e as atividades do Senhor liberta-se de imediato. Após abandonar seu corpo, ele nunca precisa aceitar novamente um corpo material, senão que é transferido ao mundo espiritual (tyaktvā dehaṁ punar janma naiti mām eti so ’rjuna).