VERSO 27
yoga-randhita-karmāṇo
hṛdi yoga-vibhāvite
yogino yaṁ prapaśyanti
yogeśaṁ taṁ nato ’smy aham
yoga-randhita-karmāṇaḥ — pessoas cujas reações às atividades fruitivas foram queimadas pelo bhakti-yoga; hṛdi — no âmago do coração; yoga-vibhāvite — completamente puras e limpas; yoginaḥ — místicos competentes; yam — a Suprema Personalidade de Deus que; prapaśyanti — veem diretamente; yoga-īśam — a essa Suprema Personalidade de Deus, o mestre de todo o yoga místico; tam — a Ele; nataḥ asmi — oferecendo reverências; aham — eu.
Ofereço minhas respeitosas reverências ao Supremo, a Superalma, o mestre de todo o yoga místico, o qual é visto no âmago do coração pelos místicos perfeitos quando, através da prática de bhakti-yoga, estão completamente puros e livres das reações de atividades fruitivas.
SIGNIFICADO—Gajendra, o rei dos elefantes, simplesmente reconheceu que deve haver alguém que criou esta manifestação cósmica e lhe forneceu os ingredientes. Isso deve ser aceito por todos, mesmo pelos mais obstinados ateístas. Por que, então, os não-devotos e os ateístas não admitem isso? É porque eles estão contaminados pelas reações de suas atividades fruitivas. Todos devem livrar-se de toda a sujeira acumulada dentro do coração devido às atividades fruitivas realizadas consecutivamente. Deve-se lavá-la praticando bhakti-yoga. Yoga-randhita-karmāṇaḥ. Enquanto alguém estiver coberto pela natureza material, agindo sobre ele através dos modos da ignorância e da paixão, não terá possibilidade de compreender o Senhor Supremo. Tadā rajas-tamo-bhāvāḥ kāma-lobhādayaś ca ye. Ao se livrar dos modos da ignorância e paixão, a pessoa se liberta das qualidades mais baixas – kāma e lobha, luxúria e cobiça.
Hoje em dia, há muitas escolas de yoga que, através da prática de yoga, encorajam as pessoas a desenvolverem seus desejos luxuriosos e sua cobiça. As pessoas, portanto, gostam muito da suposta prática de yoga. Entretanto, descreve-se aqui a verdadeira prática de yoga. Como se afirma autorizadamente no Śrīmad-Bhāgavatam (12.13.1), dhyānāvasthita-tad-gatena manasā paśyanti yaṁ yoginaḥ: yogī é aquele que sempre medita nos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus. Também se confirma isso na Brahma-saṁhitā (5.38):
premāñjana-cchurita-bhakti-vilocanena
santaḥ sadaiva hṛdayeṣu vilokayanti
yaṁ śyāmasundaram acintya-guṇa-svarūpaṁ
govindam ādi-puruṣaṁ tam ahaṁ bhajāmi
“Adoro Govinda, o Senhor primordial, que é Śyāmasundara, o próprio Kṛṣṇa, com inúmeros atributos inconcebíveis, a quem os devotos puros veem no âmago de seus corações com olhos devocionais ungidos com o bálsamo do amor.” O bhakti-yogī constantemente vê Śyāmasundara – o belo Senhor Kṛṣṇa com Sua tez enegrecida. Porque se julgava um animal comum, Gajendra, o rei dos elefantes, achava que não podia ver o Senhor. Em sua humildade, pensava que não tinha condições de praticar yoga. Em outras palavras, como aqueles que são como animais absortos no conceito de vida corpórea e que não têm pureza de consciência podem praticar yoga? Nos dias atuais, as pessoas que não controlam seus sentidos, que não compreendem filosofia e que não seguem os princípios religiosos ou as regras e regulações querem, mesmo assim, fazer-se passar por yogīs. Essa é a maior aberração na prática do yoga místico.