VERSO 13
evaṁ vimokṣya gaja-yūtha-pam abja-nābhas
tenāpi pārṣada-gatiṁ gamitena yuktaḥ
gandharva-siddha-vibudhair upagīyamāna-
karmādbhutaṁ sva-bhavanaṁ garuḍāsano ’gāt
evam — assim; vimokṣya — libertando; gaja-yūtha-pam — o rei dos elefantes, Gajendra; abja-nābhaḥ — a Suprema Personalidade de Deus, de cujo umbigo brota uma flor de lótus; tena — por ele (Gajendra); api — também; pārṣada-gatim — a posição de associado do Senhor; gamitena — que já obtivera; yuktaḥ — acompanhado; gandharva — pelos cidadãos de Gandharvaloka; siddha — pelos cidadãos de Siddhaloka; vibudhaiḥ — e por todos os grandes sábios eruditos; upagīyamāna — estavam sendo glorificadas; karma — cujas atividades transcendentais; adbhutam — sumamente maravilhosa; sva-bhavanam — para a Sua própria morada; garuḍa-āsanaḥ — sentado nas costas de Garuḍa; agāt — retornou.
Ao libertar o rei dos elefantes, tirando-o das garras do crocodilo, e da existência material, que se assemelha a um crocodilo, o Senhor concedeu-lhe o status de sārūpya-mukti. Na presença dos Gandharvas, Siddhas e outros semideuses, que louvavam as maravilhosas atividades transcendentais do Senhor, o Senhor, sentado nas costas de Seu carregador, Garuḍa, retornou à Sua absolutamente admirável morada e levou Gajendra conSigo.
SIGNIFICADO—A palavra vimokṣya, encontrada neste verso, é significativa. Para o devoto, mokṣa ou mukti – salvação – significa obter a posição de associado do Senhor. Os impersonalistas ficam satisfeitos em obter a liberação mediante a qual se imerge na refulgência Brahman, mas, para o devoto, mukti (liberação) não significa imergir na refulgência do Senhor, mas ser diretamente promovido aos planetas Vaikuṇṭha e se tornar um associado do Senhor. Com relação a isso, existe um verso relevante no Śrīmad-Bhāgavatam (10.14.8):
tat te ’nukampāṁ susamīkṣamāṇo
bhuñjāna evātma-kṛtaṁ vipākam
hṛd-vāg-vapurbhir vidadhan namas te
jīveta yo mukti-pade sa dāya-bhāk
“Aquele que busca Vossa compaixão e, então, tolera toda classe de condições adversas que se devem ao karma de seus feitos passados, que sempre se ocupa em Vosso serviço devocional com sua mente, palavras e corpo, e que sempre Vos presta reverências, decerto é um candidato adequado para obter a liberação.” O devoto que tolera tudo neste mundo material e pacientemente executa seu serviço devocional pode tornar-se mukti-pade sa dāya-bhāk, um candidato que merece a liberação. A palavra dāya-bhāk se refere ao direito hereditário à misericórdia do Senhor. O devoto simplesmente deve ocupar-se em serviço devocional, não se importando com as condições materiais. Então, ele automaticamente se torna um perfeito candidato a ser promovido a Vaikuṇṭhaloka. Assim como o filho herda a propriedade do pai, o devoto que presta serviço imaculado ao Senhor obtém o direito de ser promovido a Vaikuṇṭhaloka.
Ao obter a liberação, o devoto se livra da contaminação material e passa a agir como um servo do Senhor. Isso é explicado no Śrīmad-Bhāgavatam (2.10.6): muktir hitvānyathā rūpaṁ svarūpena vyavasthitiḥ. A palavra svarūpa se refere a sārūpya-mukti – voltar ao lar, voltar ao Supremo, e permanecer como associado eterno do Senhor, tendo readquirido um corpo espiritual exatamente similar ao corpo do Senhor, com quatro mãos e portando o śaṅkha, o cakra, o gadā e o padma. A diferença entre o mukti do impersonalista e o mukti do devoto consiste no fato de que este é imediatamente designado como servo eterno do Senhor, ao passo que o impersonalista, embora imergindo na refulgência do brahmajyoti, continua inseguro e, portanto, em geral, volta a se precipitar neste mundo material. Āruhya kṛcchreṇa paraṁ padaṁ tataḥ patanty adho ’nādṛta-yuṣmad-aṅghrayaḥ (Śrīmad-Bhāgavatam 10.2.32). Embora se eleve à refulgência Brahman e entre nessa refulgência, o impersonalista não se ocupa a serviço do Senhor, e, portanto, novamente se sente atraído por atividades filantrópicas materialistas. Então, ele volta para abrir hospitais e instituições educacionais, alimentar os pobres e realizar atividades materiais semelhantes, que, de acordo com o critério do impersonalista, são mais preciosas do que servir à Suprema Personalidade de Deus. Anādṛta-yuṣmad-aṅghrayaḥ. Os impersonalistas não consideram que o serviço ao Senhor seja mais valioso do que servir aos pobres ou fundar uma escola ou hospital. Embora digam brahma satyaṁ jagan mithyā – “O Brahman é real e o mundo material é falso” –, não obstante, eles estão sempre muito ansiosos por servir ao mundo material falso, preferindo negligenciar o serviço aos pés de lótus da Suprema Personalidade de Deus.