VERSO 6
aprattaṁ nas tvayā kiṁ nu
bhagavan bhuvaneśvara
yan no ’ntar-hṛdayaṁ viśya
tamo haṁsi sva-rociṣā
aprattam — não dado; naḥ — a nós; tvayā — por Vossa Onipotência; kim — que; nu — na verdade; bhagavan — ó Senhor Supremo; bhuvana-īśvara — ó mestre de todo o universo; yat — porque; naḥ — nosso; antaḥ-hṛdayam — no âmago do coração; viśya — entrando; tamaḥ — a escuridão da ignorância; haṁsi — aniquilais; sva-rociṣā — com Vossa própria refulgência.
Ó Senhor, sois o mestre de todo o universo. Acaso existe algo que não nos tenhais dado? Entrastes no âmago de nossos corações e, com Vossa refulgência, dissipastes a escuridão de nossa ignorância. Esta é a dádiva suprema. Não precisamos de doações materiais.
SIGNIFICADO—Quando a Dhruva Mahārāja foi oferecida uma bênção pela Suprema Personalidade de Deus, ele respondeu: “Ó meu Senhor, estou plenamente satisfeito. Não preciso de nenhuma bênção material.” Da mesma maneira, quando o Senhor Nṛsiṁhadeva lhe ofereceu uma bênção, Prahlāda Mahārāja também recusou aceitá-la e, em vez disso, declarou que o devoto não deve ser como um vaṇik, um comerciante que, ao dar algo, quer em troca algum lucro. Alguém que se torna devoto visando a obter algum proveito material não é um devoto puro. Os brāhmaṇas são sempre iluminados pela Suprema Personalidade de Deus, que está situado no coração (sarvasya cāhaṁ hṛdi sanniviṣṭo mattaḥ smṛtir jñānam apohanaṁ ca). E porque sempre são orientados pela Suprema Personalidade de Deus, os brāhmaṇas e os vaiṣṇavas não cobiçam bens materiais. Eles possuem o que é absolutamente necessário, e não desejam um vasto reino. Exemplo disso foi dado por Vāmanadeva. Atuando como brahmacārī, o Senhor Vāmanadeva queria apenas três passos de terra. Desejar possuir mais e mais para o gozo dos próprios sentidos é mera ignorância, e essa ignorância está totalmente ausente do coração de um brāhmaṇa ou vaiṣṇava.