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VERSO 9

yasya yogaṁ na vāñchanti
viyoga-bhaya-kātarāḥ
bhajanti caraṇāmbhojaṁ
munayo hari-medhasaḥ

yasya — com o corpo; yogam — contato; na — não; vāñchanti — os jñānīs desejam; viyoga-bhaya-kātarāḥ — temendo abandonar o corpo novamente; bhajanti — oferecem transcendental serviço amoroso; caraṇa-ambhojam — aos pés de lótus do Senhor; munayaḥ — grandes pessoas santas; hari-medhasaḥ — cuja inteligência está sempre absorta em pensar em Hari, a Suprema Personalidade de Deus.

Mahārāja Nimi continuou: De um modo geral, os māyāvādīs não querem voltar a aceitar um corpo material porque temem ter de deixá-lo novamente. Mas os devotos cuja inteligência está sempre re­pleta de serviço ao Senhor não têm esse medo. Na verdade, eles tiram proveito do corpo para prestar transcendental serviço amoroso.

SIGNIFICADOMahārāja Nimi não quis aceitar um corpo material, que seria causa de cativeiro; porque era devoto, ele queria um corpo com o qual pudesse prestar serviço devocional ao Senhor. Śrīla Bhaktivinoda Ṭhākura canta:

janmāobi more icchā yadi tora
bhakta-gṛhe jani janma ha-u mora
kīṭa-janma ha-u yathā tuyā dāsa

“Meu Senhor, se desejais que eu nasça e aceite um corpo material novamente, por favor, fazei-me o seguinte favor: permiti que eu nasça na casa de Vosso servo e devoto. Neste caso, não me importa se eu nasço mesmo como uma criatura tão insignificante como um inseto.” Śrī Caitanya Mahāprabhu também disse:

na dhanaṁ na janaṁ na sundarīṁ
kavitāṁ vā jagadīśa kāmaye
mama janmani janmanīśvare
bhavatād bhaktir ahaitukī tvayi

“Ó Senhor do universo, não desejo riqueza material, seguidores materialistas, bela esposa ou atividades fruitivas descritas em linguagem florida. Tudo o que desejo, vida após vida, é o imotivado serviço devocional a Ti.” (Śikṣāṣṭaka 4) Dizendo “vida após vida” (janmani janmani), o Senhor não Se referia a um nascimento ordinário, mas a um nascimento no qual a pessoa lembra-se dos pés de lótus do Senhor. Semelhante corpo é desejável. O devoto não pensa como os yogīs e os jñānīs, que não aceitam um corpo material, senão que querem tornar-se unos com a refulgência impessoal Brahman. O devoto não gosta dessa ideia. Ao contrário, ele aceitará qualquer corpo, mate­rial ou espiritual, pois deseja apenas servir ao Senhor. Essa é a ver­dadeira liberação.

Se alguém possui forte desejo de servir realmente ao Senhor, não vê motivo para ansiedade mesmo que aceite um corpo material, pois o devoto, mesmo em um corpo material, é uma alma liberada. Confirma isso Śrīla Rūpa Gosvāmī:

īhā yasya harer dāsye
karmaṇā manasā girā
nikhilāsv apy avasthāsu
jīvan-muktaḥ sa ucyate

“Aquele que, com seu corpo, mente, inteligência e palavras, age em consciência de Kṛṣṇa (ou, em outras palavras, a serviço a Kṛṣṇa), é uma pessoa liberada mesmo dentro do mundo material, embora possa ocupar-se em muitas atividades aparentemente materiais.” O desejo de servir ao Senhor define a pessoa como liberada, seja qual for sua situação de vida, quer ela esteja em um corpo espiritual, quer esteja em um corpo material. Em um corpo espiritual, o devoto se torna um associado direto do Senhor, mas, muito embora tenha-se a ní­tida impressão de que o devoto esteja em um corpo material, ele é sempre liberado e está ocupado a serviço do Senhor da mesma ma­neira que um devoto de Vaikuṇṭhaloka. Não há diferenças. Afirma-se que sādhur jīvo vā maro vā. Quer o devoto esteja vivo, quer esteja morto, seu único interesse é servir ao Senhor. Tyaktvā dehaṁ punar janma naiti mām eti. Ao abandonar o seu corpo, ele se torna diretamente um associado do Senhor e O serve, embora exerça essa mesma ativi­dade mesmo em um corpo material no mundo material.

Para o devoto, não há dor, prazer ou perfeição materiais. Pode-se argumentar que, na hora da morte, o devoto também sofre porque tem de abandonar seu corpo material. A esse respeito, todavia, pode-se dar o exemplo de que, em sua boca, uma gata pode carregar um rato e também pode carregar um filhote de gato. Tanto o rato quanto o filhote são carregados na mesma boca, mas a situação do rato é diferente da do filhote. Ao abandonar seu corpo (tyaktvā deham), o devoto está pronto para voltar ao lar, voltar ao Supremo. Logo, sua situação na certa é diferente daquela de outra pessoa que está sendo levada para ser punida por Yamarāja. A pessoa cuja inteligên­cia sempre se concentra no serviço ao Senhor não teme aceitar um corpo material, ao passo que o não-devoto, não tendo ocupação no serviço ao Senhor, teme muito aceitar um corpo material ou abandonar seu corpo atual. Portanto, devemos seguir as instruções de Caitanya Mahāprabhu: mama janmani janmanīśvare bhavatād bhaktir ahaitukī tvayi. Não importa se recebemos um corpo mate­rial ou um corpo espiritual; devemos ter apenas a ambição de servir à Suprema Personalidade de Deus.

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