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VERSO 23

yayātir anabhipretaṁ
daivopahṛtam ātmanaḥ
manas tu tad-gataṁ buddhvā
pratijagrāha tad-vacaḥ

yayātiḥ — o rei Yayāti; anabhipretam — não gostou; daiva-upahṛ­tam — produzido através de um arranjo da providência; ātmanaḥ — seu interesse pessoal; manaḥ — mente; tu — entretanto; tat-gatam — sentindo-se atraído por ela; buddhvā — com essa inteligência; pratija­grāha — aceitou; tat-vacaḥ — as palavras de Devayānī.

Śukadeva Gosvāmī prosseguiu: Visto que esse casamento não é sancionado pelas escrituras modelares, o rei Yayāti não se agradou disso, mas, como foi arranjado pela providência e como se sentiu atraído pela beleza de Devayānī, ele aceitou seu pedido.

SIGNIFICADO—De acordo com o sistema védico, os pais primeiro consultavam os horóscopos do rapaz e da moça que se casariam. Se, de acordo com os cálculos astrológicos, o rapaz e a moça fossem compatíveis sob todos os aspectos, a união se chamava yoṭaka, e o casamento seria aceito. Mesmo há cinquenta anos, esse sistema era vigente na sociedade hindu. Qualquer que fosse a riqueza do rapaz ou a beleza pessoal da moça, o casamento não acontecia sem essa compatibilidade astrológica. A pessoa nasce em uma dentre três categorias, conhe­cidas como deva-gaṇa, manuṣya-gaṇa e rakṣasa-gaṇa. Em diferentes partes do universo, existem semideuses e demônios, e também na sociedade humana, algumas pessoas parecem semideuses, ao passo que outras parecem demônios. Se, de acordo com os cálculos astroló­gicos, houvesse uma natureza demoníaca e uma natureza divina con­flitantes, não se realizaria o casamento. Igualmente, havia cálculos referentes a pratiloma e anuloma. A ideia central é que, se o rapaz e a moça estivessem em níveis parecidos, o casamento daria certo, enquanto a desigualdade entre eles traria infelicidade. Porque se deixou de dar ao casamento essa atenção, observamos agora muitos divórcios. Na verdade, o divórcio acabou vulgarizando-se, embora, antigamente, o casamento fosse vitalício, e a afeição entre o esposo e a esposa era tamanha que a esposa fazia questão de morrer quando o seu esposo morria, ou então permanecia a vida inteira uma viúva fiel. Agora, evidentemente, isso deixou de ser possível, pois a socie­dade humana caiu ao nível de sociedade animal. O casamento agora ocorre como simples acordo. Dāmpatye ’bhirucir hetuḥ (Śrīmad-Bhāgavatam 12.2.3). A palavra abhiruci significa “acordo”. Se o rapaz e a moça simples­mente concordam em casar-se, o casamento acontece. Contudo, quando o sistema védico não é rigidamente observado, o casamento frequen­temente termina em divórcio.

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