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VERSO 15

śrī-duṣmanta uvāca
upapannam idaṁ subhru
jātāyāḥ kuśikānvaye
svayaṁ hi vṛṇute rājñāṁ
kanyakāḥ sadṛśaṁ varam

śrī-duṣmantaḥ uvāca — o rei Duṣmanta respondeu; upapannam — bem compatível com a tua posição; idam — isto; su-bhru — ó Śakunta­lā de belas sobrancelhas; jātāyāḥ — devido ao teu nascimento; kuśika-­anvaye — na família de Viśvāmitra; svayam — pessoalmente; hi — na verdade; vṛṇute — escolhem; rājñām — de uma família real; kanyakāḥ — filhas; sadṛśam — em nível de igualdade; varam — esposos.

O rei Duṣmanta respondeu: Ó Śakuntalā de belas sobrancelhas, nasceste na família do grande santo Viśvāmitra, e tua recepção mostra a dignidade da tua família. Além disso, as filhas de um rei geral­mente escolhem seus próprios esposos.

SIGNIFICADO—Em sua recepção a Mahārāja Duṣmanta, Śakuntalā disse claramente: “Vossa Majestade pode permanecer aqui, e tudo farei para dar-lhe uma boa recepção.” Com isto, ela deu a entender que desejava Mahārāja Duṣmanta como seu esposo. Quanto a Mahārāja Duṣmanta, ele queria Śakuntalā como sua esposa desde o começo, logo que a viu, de modo que o acordo de se unirem como esposo e esposa foi natural. Para induzir Śakuntalā a aceitar o casamento, Mahārāja Duṣmanta lembrou-lhe que, como filha de um rei, ela podia escolher seu esposo numa assembleia aberta aos interessados. Na história da civilização ariana, há muitos exemplos nos quais famosas princesas escolheram seus esposos em competições abertas. Por exemplo, foi numa dessas competições que Sītādevī aceitou o Senhor Rāmacandra como seu esposo, e Draupadī aceitou Arjuna, e podem-se citar muitos outros exemplos. Portanto, o casamento através de um acordo mútuo ou através do processo de escolher o próprio esposo em uma competição aberta é permitido. Existem oito categorias de casamentos, e o casamento realizado através de acordo chama-se casamento gāndharva. De um modo geral, os pais esco­lhem o esposo ou a esposa de sua filha ou de seu filho, mas o ca­samento gāndharva acontece mediante a escolha pessoal. Todavia, embora o casamento mediante escolha pessoal ou por acordo mútuo acontecesse no passado, não havia fenômenos tais como o divórcio devido a discórdias. Evidentemente, o divórcio devido a discórdias ocorria entre os homens de classe baixa, mas o casamento combinado pelo casal era observado até mesmo nas classes superiores, especialmente nas famílias reais kṣatriyas. A maneira como Mahārāja Duṣ­manta aceitou Śakuntalā como sua esposa era sancionada pela cultura védica. No verso seguinte, descreve-se como se deu o casamento.

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