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VERSOS 24-26

cakraṁ dakṣiṇa-haste ’sya
padma-kośo ’sya pādayoḥ
īje mahābhiṣekeṇa
so ’bhiṣikto ’dhirāḍ vibhuḥ

pañca-pañcāśatā medhyair
gaṅgāyām anu vājibhiḥ
māmateyaṁ purodhāya
yamunām anu ca prabhuḥ

aṣṭa-saptati-medhyāśvān
babandha pradadad vasu
bharatasya hi dauṣmanter
agniḥ sācī-guṇe citaḥ
sahasraṁ badvaśo yasmin
brāhmaṇā gā vibhejire

cakram — a marca do disco de Kṛṣṇa; dakṣiṇa-haste — na palma da mão direita; asya — dele (Bharata); padma-kośaḥ — a marca do verticilo de um lótus; asya — dele; pādayoḥ — nas solas dos pés; īje — adorou a Suprema Personalidade de Deus; mahā-abhiṣekeṇa — com uma grandiosa cerimônia ritualística védica; saḥ — ele (Mahārāja Bharata); abhiṣiktaḥ — sendo promovido; adhirāṭ — à elevadíssima posição de governante; vibhuḥ — o mestre de tudo; pañca-pañcāśa­tā — cinquenta e cinco; medhyaiḥ — próprios para sacrifícios; gaṅ­gāyām anu — da desembocadura à nascente do Ganges; vājibhiḥ — com cavalos; māmateyam — o grande sábio Bhṛgu; purodhāya — fa­zendo dele o grande sacerdote; yamunām — à margem do Yamunā; anu — em ordem regular; ca — também; prabhuḥ — o mestre supre­mo, Mahārāja Bharata; aṣṭa-saptati — setenta e oito; medhva-aśvān — cavalos em boas condições de serem sacrificados; babandha — ele prendeu; pradadat — deu em caridade; vasu — riquezas; bharatasya — de Mahārāja Bharata; hi — na verdade; dauṣmanteḥ — o filho de Mahā­rāja Duṣmanta; agniḥ — o fogo sacrificatório; sācī-guṇe — um lugar excelente; citaḥ — estabeleceu; sahasram — milhares; badvaśaḥ — tota­lizando ua badva (um badva é igual a 13.084); yasmin — sacrifícios nos quais; brāhmaṇāḥ — todos os brāhmaṇas presentes; gāḥ — as vacas; vibhejire — receberam sua respectiva parte.

Mahārāja Bharata, o filho de Duṣmanta, tinha na palma de sua mão direita a marca do disco do Senhor Kṛṣṇa, e tinha, nas solas de seus pés, a marca do verticilo de um lótus. Adorando a Suprema Personalidade de Deus com uma grandiosa cerimônia ritualística, ele se tornou o imperador e mestre do mundo inteiro. Depois, sob o sacerdócio de Māmateya, Bhṛgu Muni, ele realizou cinquenta e cinco sacrifícios de cavalo às margens do Ganges, começando em sua desembocadura e terminando em sua nascente, e setenta e oito sacrifícios de cavalo às margens do Yamunā, começando na confluên­cia em Prayāga e terminando na nascente. Ele estabeleceu o fogo sacrificatório em um lugar excelente, e distribuiu grande riqueza aos brāhmaṇas. Na verdade, ele distribuiu tantas vacas que cada um dos milhares de brāhmaṇas recebeu um badva [13.084] como sua respectiva parte.

SIGNIFICADO—Como indicam aqui as palavras dauṣmanter agniḥ sācī-guṇe citaḥ, Bharata, o filho de Mahārāja Duṣmanta, organizou muitas cerimônias ritualísticas em todo o mundo, especialmente na Índia, às margens do Ganges e do Yamunā, da desembocadura à nascente, e todos esses sacrifícios foram realizados em lugares muito especiais. Como se afirma na Bhagavad-gītā (3.9), yajñārthāt karmaṇo ’nyatra loko ’yaṁ karma-bandhanaḥ: “Deve-se realizar o trabalho como um sacrifício a Viṣṇu; caso contrário, o trabalho nos prende a este mundo mate­rial.” Todos devem ocupar-se em realizar yajña, e o fogo do sacrifício deve ser aceso em toda parte, tendo como propósito principal fazer as pessoas felizes, prósperas e progressivas na vida espiritual. Evi­dentemente, antes do começo de Kali-yuga, essas conquistas eram possíveis porque havia brāhmaṇas qualificados que podiam realizar esses yajñas. Para a época atual, entretanto, o Brahma-vaivarta Purāṇa prescreve:

aśvamedhaṁ gavālambhaṁ
sannyāsaṁ pala-paitṛkam
devareṇa sutotpattiṁ
kalau pañca vivarjayet

“Nesta era de Kali, proíbem-se estas cinco atividades: oferecer um cavalo em sacrifício, oferecer uma vaca em sacrifício, aceitar a ordem de sannyāsa, fazer oblações de carne para os antepassados, e gerar filhos na esposa do irmão.” Nesta era, yajñas como o aśvamedha-yajña e o gomedha- yajña são impossíveis de serem realiza­dos porque não há riquezas suficientes nem brāhmaṇas qualificados. Este verso diz que māmateyaṁ purodhāya: Mahārāja Bharata deixou a realização desse yajña aos cuidados do filho de Mamatā, Bhṛgu Muni. Hoje em dia, entretanto, é impossível encontrar semelhantes brāhmaṇas. Logo, os śāstras recomendam que yajñaiḥ saṅkīrtana-prāyair yajanti hi sumedhasaḥ: aqueles que são inteligentes devem realizar o saṅkīrtana-yajña inaugurado pelo Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu.

kṛṣṇa-varṇaṁ tviṣākṛṣṇaṁ
saṅgopāṅgāstra-pārṣadam
yajñaiḥ saṅkīrtana-prāyair
yajanti hi sumedhasaḥ

“Nesta era de Kali, através da realização do saṅkīrtana-yajña, as pessoas dotadas de suficiente inteligência adorarão o Senhor, acompanhado de Seus associados.” (Śrīmad-Bhāgavatam 11.5.32) Deve-se realizar yajña, ou as pessoas se enredarão em atividades pecami­nosas e sofrerão imensamente. Portanto, o movimento da consciência de Kṛṣṇa está se encarregando de introduzir em todo o mundo o cantar de Hare Kṛṣṇa. Este Movimento Hare Kṛṣṇa também é yajña, mas sem as dificuldades relacionadas com a obtenção da necessária parafernália e de brāhmaṇas qualificados. Este canto congregacio­nal pode ser realizado em toda e qualquer parte. Se as pessoas se reunirem para cantar Hare Kṛṣṇa, Hare Kṛṣṇa, Kṛṣṇa Kṛṣṇa, Hare Hare/ Hare Rāma, Hare Rāma, Rāma Rāma, Hare Hare, todos os propósitos do yajña se cumprirão. O primeiro propósito é que deve haver chuva o suficiente, pois, sem chuva, não pode haver nenhuma produção agrícola (annād bhavanti bhūtāni parjanyād anna-sambhavaḥ). Todas as nossas necessidades podem ser supridas sim­plesmente pela chuva (kāmaṁ vavarṣa parjanyaḥ), e a terra é a fonte produtora de todas as substâncias necessárias à manutenção da enti­dade viva (sarva-kāma-dughā mahī). Em conclusão, portanto, nesta era de Kali, em todo o mundo, as pessoas devem evitar os quatro princípios da vida pecaminosa – sexo ilícito, consumo de carne, in­toxicação e jogatina –, e, em um estado puro de existência, devem realizar o simples yajña que consiste em cantar o mahā-mantra Hare Kṛṣṇa. Então, é certo que a terra produzirá todas as necessidades da vida, e as pessoas serão felizes econômica, política, social, religiosa e culturalmente. Tudo estará no devido lugar.

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