VERSO 25
evaṁ vidhāneka-guṇaḥ sa rājā
parātmani brahmaṇi vāsudeve
kriyā-kalāpaiḥ samuvāha bhaktiṁ
yayāviriñcyān nirayāṁś cakāra
evam — dessa maneira; vidhā-aneka-guṇaḥ — dotado com muitas variedades de boas qualidades; saḥ — ele, Mahārāja Ambarīṣa; rājā — o rei; para-ātmani — à Superalma; brahmaṇi — ao Brahman; vāsudeve — à Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, Vāsudeva; kriyā-kalāpaiḥ — com atividades práticas; samuvāha — executou; bhaktim — serviço devocional; yayā — através dessas atividades; āviriñcyān — começando do planeta mais elevado; nirayān — descendo aos planetas infernais; cakāra — ele sentiu que havia perigo em toda parte.
Dessa maneira, devido ao serviço devocional, Mahārāja Ambarīṣa, que era dotado com muitas variedades de qualidades transcendentais, conhecia por completo o Brahman, Paramātmā e a Suprema Personalidade de Deus, e assim executou serviço devocional perfeito. Devido à sua devoção, ele achava que até mesmo o planeta mais elevado deste mundo material estava no mesmo nível dos planetas infernais.
SIGNIFICADO—Um devoto grandioso e puro como Mahārāja Ambarīṣa conhece na íntegra o Brahman, Paramātmā e Bhagavān; em outras palavras, um devoto de Vāsudeva, Kṛṣṇa, tem pleno conhecimento dos outros aspectos da Verdade Absoluta. A Verdade Absoluta é compreendida em três aspectos – Brahman, Paramātmā e Bhagavān (brahmeti paramātmeti bhagavān iti śabdyate). O devoto da Suprema Personalidade de Deus, Vāsudeva, conhece tudo (vāsudevaḥ sarvam iti) porque Vāsudeva, Kṛṣṇa, inclui Paramātmā e Brahman. Ninguém precisa tentar entender Paramātmā através do sistema de yoga, pois o devoto que sempre pensa em Vāsudeva é o yogī mais elevado (yoginām api sarveṣām). E no que diz respeito a jñāna, se o indivíduo é um perfeito devoto de Vāsudeva, ele é o maior mahātmā (vāsudevaḥ sarvam iti sa mahātmā sudurlabhaḥ). Mahātmā é aquele que tem pleno conhecimento da Verdade Absoluta. Portanto, Mahārāja Ambarīṣa, sendo devoto da Personalidade de Deus, estava plenamente informado acerca de Paramātmā, Brahman, māyā, do mundo material, do mundo espiritual, e de como as coisas acontecem em toda parte. Tudo lhe era conhecido. Yasmin vijñāte sarvam evaṁ vijñātaṁ bhavati. Porque conhece Vāsudeva, o devoto conhece tudo dentro da criação de Vāsudeva (vāsudevaḥ sarvam iti sa mahātmā sudurlabhaḥ). Tal devoto não dá muito valor à felicidade máxima existente dentro deste mundo material.
nārāyaṇa-parāḥ sarve
na kutaścana bibhyati
svargāpavarga-narakeṣv
api tulyārtha-darśinaḥ
(Śrīmad-Bhāgavatam 6.17.28)
Porque está fixo em serviço devocional, o devoto não considera importante nenhuma posição no mundo material. Śrīla Prabodhānanda Sarasvatī, portanto, escreveu (Caitanya-candrāmṛta 5):
kaivalyaṁ narakāyate tridaśa-pūr ākāśa-puṣpāyate
durdāntendriya-kāla-sarpa-paṭalī protkhāta-daṁṣṭrāyate
viśvaṁ pūrṇa-sukhāyate vidhi-mahendrādiś ca kīṭāyate
yat-kāruṇya-katākṣa-vaibhavavatāṁ taṁ gauram eva stumaḥ
Para aquele que se torna um devoto puro através do serviço devocional a grandes personalidades como Caitanya Mahāprabhu, kaivalya, ou imergir no Brahman, é o mesmo que o inferno. No que diz respeito aos planetas celestiais, eles são como uma fantasmagoria ou como o fago-fátuo para o devoto, e, quanto às perfeições ióguicas, o devoto não dá nenhuma importância a elas, pois o propósito da perfeição ióguica é automaticamente alcançado pelo devoto. Tudo isso é possível para quem se torna devoto do Senhor, seguindo as instruções de Caitanya Mahāprabhu.