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VERSO 41

mahā-bhāgavata-śreṣṭha datta uddhāraṇa
sarva-bhāve seve nityānandera caraṇa

mahā-bhāgavata — grande devoto; śreṣṭha — principal; datta — o sobrenome Datta; uddhāraṇa — chamado Uddhāraṇa; sarva-bhāve — sob todos os aspectos; seve — adora; nityānandera — do Senhor Nityānanda; caraṇa — pés de lótus.

Uddhāraṇa Datta Ṭhākura, o décimo primeiro entre os doze vaqueirinhos, foi um grande devoto do Senhor Nityānanda Prabhu. Ele adorava os pés de lótus do Senhor Nityānanda sob todos os aspectos.

SIGNIFICADO—Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura descreve em seu Anubhāṣya: “O Gaura-gaṇoddeśa-dīpikā (129) afirma que Uddhāraṇa Datta Ṭhākura foi, anteriormente, o vaqueirinho de Vṛndāvana chamado Subāhu. Uddhāraṇa Datta Ṭhākura, anteriormente conhecido como Śrī Uddhāraṇa Datta, residia em Saptagrāma, que fica às margens do rio Sarasvatī, perto da estação férrea Triśabighā, no distrito de Hugli. Na época de Uddhāraṇa Ṭhākura, Saptagrāma era uma cidade muito grande, abrangendo muitos outros lugares, tais como Vāsudeva-pura, Bāṅśabeḍiyā, Kṛṣṇapura, Nityānanda-pura, Śivapura, Śaṅkhanagara e Saptagrāma.”

Calcutá desenvolveu-se sob o governo britânico por intermédio da influente comunidade mercantil, e especialmente da comunidade suvarṇa-vaṇik, que veio de Saptagrāma para estabelecer seus negócios e lares por toda a Calcutá. Eles eram conhecidos como a comunidade mercantil de Saptagrāma em Calcutá, e a maioria deles pertencia às famílias Mullik e Sil. Mais da metade de Calcutá pertencia a essa comunidade, como era o caso de Śrīla Uddhāraṇa Ṭhākura. Nossa família paterna também veio desse distrito e pertencia à mesma comunidade. Os Mulliks de Calcutá dividem-se em duas famílias, a saber, a família Sil e a família De. Todos os Mulliks da família De pertencem, originalmente, à mesma família e gotra. Anteriormente, nós também pertencíamos ao ramo da família De, cujos membros, relacionados intimamente com os governantes muçulmanos, receberam o título Mullik.

O Caitanya-bhāgavata, Antya-khaṇḍa, capítulo cinco, diz que Uddhāraṇa Datta era um vaiṣṇava extremamente elevado e liberal. Ele nasceu com o direito de adorar Nityānanda Prabhu. Afirma-se também que Nityānanda Prabhu, após permanecer por algum tempo em Khaḍadaha, foi para Saptagrāma e hospedou-Se na casa de Uddhāraṇa Datta. A comunidade suvarṇa-vaṇik à qual pertencia Uddhāraṇa Datta era, na verdade, uma comunidade vaiṣṇava. Seus membros eram banqueiros e mercadores de ouro (suvarṇa significa “ouro”, e vaṇik significa “mercador”). Há muito tempo, houve um desentendimento entre Ballāl Sena e a comunidade suvarṇa-vaṇik por causa do grande banqueiro Gaurī Sena. Ballāl Sena conseguia empréstimo de Gaurī Sena e gastava dinheiro extravagantemente, motivo pelo qual Gaurī Sena parou de emprestar-lhe dinheiro. Para vingar-se, Ballāl Sena instigou uma conspiração social para deixar os suvarṇa-vaṇiks sem casta, e, desde então, eles têm sido condenados ao ostracismo pelas castas superiores, a saber, os brāhmaṇas, os kṣatriyas e os vaiśyas. Porém, pela graça de Śrīla Nityānanda Prabhu, a comunidade suvarṇa-vaṇik foi novamente elevada. Afirma-se no Caitanya-bhāgavata que yateka vaṇik-kula uddhāraṇa haite pavitra ha-ila dvidhā nāhika ihāte: não há dúvida de que Nityānanda Prabhu novamente purificou todos os membros da comunidade ou sociedade suvarṇa-vaṇik.

Em Saptagrāma, ainda há um templo com uma Deidade de seis braços de Śrī Caitanya Mahāprabhu, a qual Śrīla Uddhāraṇa Datta Ṭhākura adorava pessoalmente. Ao lado direito de Śrī Caitanya Mahāprabhu, há uma Deidade de Śrī Nityānanda Prabhu e, ao lado esquerdo, de Gadādhara Prabhu. Também há uma mūrti de Rādhā-Govinda e uma śālagrāma-śilā, e, abaixo do trono, um quadro de Śrī Uddhāraṇa Datta Ṭhākura. Em frente ao templo, há, hoje em dia, um grande salão, em frente ao qual há uma planta Mādhavī-latā. O templo está numa localização muito arborizada, fresca e bem situada. Ao regressarmos dos Estados Unidos em 1967, os membros do comitê executivo desse templo convidaram-nos a visitá-lo, e, assim, tivemos a oportunidade de visitar esse templo com alguns estudantes americanos. Anteriormente, em nossa infância, visitamos esse templo com nossos pais, pois todos os membros da comunidade suvarṇa-vaṇik interessam-se entusiasticamente por esse templo de Uddhāraṇa Datta Ṭhākura.

Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura adiciona em seu Anubhāṣya: “No ano bengali de 1283 [1876 d.C.], um bābājī chamado Nitāi Dāsa conseguiu uma doação de doze bighās de terra (cerca de quatro acres) para esse templo. A administração do templo, mais tarde, decaiu, mas, em 1306 [1899 d.C.], por meio da cooperação do famoso Balarāma Mullik, de Hugli, que foi um juiz suplente, e de muitos membros ricos da comunidade suvarṇa-vaṇik, a administração do templo melhorou bastante. Não mais do que cinquenta anos atrás, um dos membros da família de Uddhāraṇa Datta Ṭhākura, chamado Jagamohana Datta, estabeleceu uma mūrti [estátua] de madeira de Uddhāraṇa Datta Ṭhākura no templo, mas essa mūrti não está mais lá; atualmente, adora-se um quadro de Uddhāraṇa Datta Ṭhākura. Entretanto, sabe-se que a mūrti de madeira de Uddhāraṇa Datta Ṭhākura foi levada embora por Śrī Madana-mohana Datta, e agora Śrīnātha Datta a está adorando, juntamente com uma śālagrāma-śilā.

“Uddhāraṇa Datta Ṭhākura foi o administrador da propriedade de um grande zamindar em Naihāṭī, cerca de três quilômetros ao norte de Katwa. Ainda se podem ver as relíquias dessa família real perto da estação Dāiṅhāṭa. Desde que Uddhāraṇa Datta Ṭhākura foi o administrador da propriedade, ela passou a ser conhecida como Uddhāraṇa-pura. Uddhāraṇa Datta Ṭhākura instalou Deidades de Nitāi-Gaura, as quais, mais tarde, foram trazidas para a casa do zamindar, a qual era conhecida como Vanaoyārībāda. Śrīla Uddhāraṇa Datta Ṭhākura permaneceu casado por toda a sua vida. O nome de seu pai era Śrīkara Datta, o nome de sua mãe era Bhadrāvatī, e o nome de seu filho era Śrīnivāsa Datta.”

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