No edit permissions for Português

VERSO 141

kīrtanera dhvanite kājī lukāila ghare
tarjana garjana śuni’ nā haya bāhire

kīrtanera — do movimento de saṅkīrtana; dhvanite — pelo som; kājī — o Chand Kazi; lukāila — se escondeu; ghare — no quarto; tarjana — vociferando; garjana — protestando; śuni’ — ouvindo;— não; haya — sai; bāhire — para fora.

O alto som do cantar do mantra Hare Kṛṣṇa decerto deixou o Kazi bastante temeroso, e ele se escondeu dentro de seu quarto. Ao ouvir as pessoas protestando assim e murmurando com grande ira, o Kazi não saiu de sua casa.

SIGNIFICADO—A ordem do Kazi, proibindo a execução de saṅkīrtana, pôde perdurar somente enquanto não houve desobediência civil. Sob a liderança do Senhor Supremo, Śrī Caitanya Mahāprabhu, os cantores, aumentando em número, desobedeceram à ordem do Kazi. Milhares de pessoas se reuniram e formaram grupos, cantando o mahā-mantra Hare Kṛṣṇa e fazendo um tumultuoso som de protesto. Assim, o Kazi ficou bastante amedrontado, como naturalmente se costuma ficar em tais circunstâncias.

Também nos dias de hoje, as pessoas de todo o mundo podem se congregar no movimento para a consciência de Kṛṣṇa e protestar contra os atuais governos degradados das sociedades ateístas do mundo, que se baseiam em toda classe de atividades pecaminosas. O Śrīmad-Bhāgavatam afirma que, na era de Kali, ladrões, patifes e pessoas de quarta classe, que não têm nem educação nem cultura, usurparão os assentos dos governos para explorar os cidadãos. Esse é um sintoma de Kali-yuga que já se manifestou. O povo não pode se sentir seguro quanto às suas vidas e propriedades, mas os ditos governos continuam, e seus ministros obtêm gordos salários, embora sejam incapazes de fazer algo para o bem da sociedade. O único remédio em tais circunstâncias é incrementar o movimento de saṅkīrtana sob a bandeira da consciência de Kṛṣṇa e contra as atividades pecaminosas de todos os governos do mundo.

O movimento para a consciência de Kṛṣṇa não é um movimento religioso sentimentalista: é um movimento de reforma de todas as anomalias da sociedade humana. Se as pessoas o aceitarem seriamente, cumprindo este dever de forma científica, como ordena Śrī Caitanya Mahāprabhu, o mundo verá a paz e a prosperidade, ao invés de penar confusa e desesperadamente sob governos incapazes. Sempre existem patifes e ladrões na sociedade humana, e, assim que um governo fraco é incapaz de cumprir com seus deveres, esses patifes e ladrões se manifestam para fazer seus negócios. Assim, toda a sociedade torna-se um inferno impróprio para cavalheiros. Há necessidade imediata de um bom governo – um governo pelo povo, com consciência de Kṛṣṇa. A menos que as massas populares se tornem conscientes de Kṛṣṇa, jamais haverá bons homens. O movimento para a consciência de Kṛṣṇa que Śrī Caitanya Mahāprabhu inaugurou, cantando o mahā-mantra Hare Kṛṣṇa, ainda tem sua potência. Portanto, o povo deve entendê-lo séria e cientificamente e espalhá-lo em todo o mundo.

O movimento de saṅkīrtana inaugurado por Śrī Caitanya Mahāprabhu é descrito no Caitanya-bhāgavata, Madhya-khaṇḍa, vigésimo terceiro capítulo, começando com o verso 241, que afirma: “Meu querido Senhor, que minha mente se fixe em Teus pés de lótus.” Acompanhando o canto do Senhor Caitanya, todos os devotos reproduziam o mesmo som que Ele cantava. Dessa maneira, o Senhor prosseguia, liderando todo o grupo nas vias marginais do rio Ganges. Ao chegar ao Seu próprio ghāṭa, ou balneário, o Senhor dançou cada vez mais. Então, Ele prosseguiu para o ghāṭa de Mādhāi. Dessa maneira, Śrī Caitanya Mahāprabhu, o Senhor Supremo, que era conhecido como Viśvambhara, dançou por todas as margens do Ganges. Prosseguiu, então, para Bārakoṇā-ghāṭa, para Nāgariyā-ghāṭa e, atravessando Gaṅgānagara, chegou a Simuliyā, o bairro no extremo da cidade. Todos esses locais rodeiam Śrī Māyāpur. Após chegar a Simuliyā, o Senhor prosseguiu em direção à casa do Kazi e, dessa maneira, chegou à porta do Chand Kazi.

« Previous Next »