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VERSO 98

loka-gati dekhi’ ācārya karuṇa-hṛdaya
vicāra karena, lokera kaiche hita haya

loka-gati — o rumo do mundo; dekhi’— vendo; ācārya — Advaita Ācārya; karuṇa hṛdaya — coração compassivo; vicāra karena — considera; lokera — do mundo; kaiche — como; hita — bem-estar; haya — existe.

Vendo as atividades do mundo, o Ācārya sentiu compaixão, e colocou-se a considerar como poderia agir para o benefício do povo.

SIGNIFICADO—Esta espécie de sério interesse pelo bem-estar do público faz que alguém seja um ācārya fidedigno. O ācārya não explora seus seguidores. Como o ācārya é servo íntimo do Senhor, seu coração está sempre pleno de compaixão pela humanidade sofredora. Ele sabe que todo o sofrimento se deve à ausência de serviço devocional ao Senhor, em razão do que sempre procura descobrir meios de mudar as atividades das pessoas, fazendo-as favoráveis para elas poderem atingir a devoção. Essa é a qualificação do ācārya. Embora o próprio Śrī Advaita Prabhu tivesse poder suficiente para fazer o trabalho, Ele, como servidor submisso, achou que, sem o aparecimento pessoal do Senhor, ninguém poderia melhorar a situação caída da sociedade.

Nas implacáveis garras de māyā, os prisioneiros de primeira classe deste mundo material erroneamente julgam-se felizes por serem ricos, poderosos, habilidosos e assim por diante. Essas criaturas tolas não sabem que não passam de marionetes nas mãos da natureza material e que, a qualquer momento, as artimanhas cruéis da natureza material podem pulverizar todos os seus planos de atividades ateístas. Tais prisioneiros tolos não podem ver que, por mais que melhorem suas posições por meios artificiais, as calamidades de repetidos nascimentos, mortes, doenças e velhice estão sempre além da jurisdição do controle deles. Tolos como são, eles menosprezam esses problemas cruciais da vida e ocupam-se com coisas falsas que não podem ajudá-los a resolver seus verdadeiros problemas. Eles sabem que não desejam o sofrimento da morte, nem as dores da doença e da velhice, porém, sob a influência da energia ilusória, são excessivamente negligentes e, por isso, nada fazem para resolver os problemas. Isso se chama māyā. Pessoas cativas nas garras de māyā são atiradas no esquecimento após a morte, e, como resultado de seu karma, na próxima vida elas se tornam cães ou deuses, embora a maioria delas tornem-se cães. Para chegarem a ser deuses na próxima vida, elas precisam ocupar-se no serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus; caso contrário, certamente se tornarão cães ou porcos nos termos das leis da natureza.

Os prisioneiros de terceira classe, por serem materialmente menos opulentos que os de primeira classe, esforçam-se por imitá-los, pois também não têm informação da verdadeira natureza de seu aprisionamento. Sendo assim, a natureza material ilusória também os desorienta. Entretanto, a função do ācārya é mudar as atividades tanto dos prisioneiros de primeira classe quanto dos prisioneiros de terceira, para o real benefício deles. Esse esforço do ācārya faz dele um devoto muito querido ao Senhor, o qual diz claramente na Bhagavad-gītā que ninguém na sociedade humana Lhe é mais querido do que o devoto que se ocupa constantemente a serviço dEle, descobrindo maneiras de pregar a mensagem de Deus para o verdadeiro benefício do mundo. Os ditos ācāryas da era de Kali preocupam-se mais em explorar os recursos de seus seguidores do que em mitigar suas misérias. Śrī Advaita Prabhu, porém, como ācārya ideal, preocupava-se em melhorar a condição da situação mundial.

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