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VERSO 30

āmiha nā jāni tāhā, nā jāne gopī-gaṇa
duṅhāra rūpa-guṇe duṅhāra nitya hare mana

āmiha — Eu; nā jāni — não saberei; tāhā — isso; nā jāne — não saberão; gopī-gaṇa — as gopīs; duṅhāra — de ambos; rūpa-guṇe — a beleza e as qualidades; duṅhāra — de ambos; nitya — sempre; hare — arrebatam; mana — as mentes.

“Nem as gopīs nem Eu perceberemos isso, pois nossas mentes estarão sempre fascinadas pela beleza e qualidades um do outro.”

SIGNIFICADO—No céu espiritual, os planetas Vaikuṇṭha são dominados por Nārāyaṇa. Seus devotos têm as mesmas características que Ele, e o intercâmbio de devoção ali é na plataforma de reverência. Porém, acima de todos esses planetas Vaikuṇṭha, está Goloka, ou Kṛṣṇaloka, onde a Personalidade de Deus original, Kṛṣṇa, manifesta plenamente Sua potência de prazer em livres romances amorosos. Uma vez que os devotos, no mundo material, não sabem quase nada sobre esses romances, o Senhor deseja mostrá-los a eles.

Em Goloka Vṛndāvana, há uma troca de amor conhecida como parakīya-rasa. É algo assim como a atração de uma mulher casada por um homem diferente do seu esposo. No mundo material, essa espécie de relação é muito abominável porque é um reflexo pervertido do parakīya-rasa no mundo espiritual, onde esta é a classe mais elevada de romance amoroso. Tais sentimentos entre o devoto e o Senhor apresentam-se devido à influência de yogamāyā. A Bhagavad-gītā (9.13) afirma que os devotos do mais alto grau estão sob os cuidados de daiva-māyā, ou yoga-māyā. Mahātmānas tu māṁ pārtha daivīṁ prakṛtim aśritāḥ. Aqueles que são realmente grandes almas (mahātmās) estão plenamente absortos em consciência de Kṛṣṇa, sempre ocupados a serviço do Senhor. Eles estão sob os cuidados de daivī prakṛti, ou yogamāyā. Yogamāyā cria uma situação em que o devoto está preparado a transgredir todos os princípios reguladores simplesmente para amar Kṛṣṇa. Naturalmente, um devoto não gosta de transgredir as leis de reverência à Suprema Personalidade de Deus, mas, pela influência de yogamāyā, ele está preparado a fazer qualquer coisa para amar melhor ao Senhor Supremo.

Aqueles que estão sob o encanto da energia material não podem apreciar de modo algum as atividades de yogamāyā, pois uma alma condicionada mal pode compreender a reciprocidade pura entre o Senhor e Seu devoto. Porém, executando serviço devocional sob princípios reguladores, é possível tornar-se altamente elevado e, então, começar a apreciar as relações de amor puro sob a direção de yogamāyā.

No sentimento espiritual amoroso induzido pela potência de yogamāyā, tanto o Senhor Śrī Kṛṣṇa quanto as donzelas de Vraja esquecem-se de si mesmos no êxtase espiritual. Pela influência de tal esquecimento, a beleza atrativa das gopīs desempenha um papel proeminente na satisfação transcendental do Senhor, que nada tem a ver com sexologia mundana. Como o amor espiritual a Deus está acima de todas as coisas mundanas, superficialmente parece que as gopīs transgridem os códigos de moralidade mundana. É isso que confunde perpetuamente os moralistas mundanos. Portanto, yogamāyā age para cobrir o Senhor e Seus passatempos dos olhos das pessoas mundanas, como se confirma na Bhagavad-gītā, onde o Senhor diz que Se reserva o direito de não Se expor a todos.

Os atos de yogamāyā possibilitam que o Senhor e as gopīs, em êxtase amoroso, às vezes se encontrem e às vezes se separem. Esses transcendentais romances amorosos do Senhor são inimagináveis para empiristas envolvidos com o aspecto impessoal da Verdade Absoluta. Portanto, o próprio Senhor aparece ante as pessoas mundanas para outorgar-lhes a forma máxima de compreensão espiritual e também para pessoalmente saborear sua essência. O Senhor é tão misericordioso que desce pessoalmente para levar as almas caídas de volta ao lar, ao reino de Deus, onde os princípios eróticos de Deus são saboreados eternamente sob sua forma verdadeira, distinta do pervertido amor sexual tão adorado e praticado pelas almas caídas em sua condição doentia. A razão pela qual o Senhor revela a rāsa-līlā é essencialmente para induzir todas as almas caídas a abandonar sua moralidade e religiosidade doentias e atraí-las ao reino de Deus, onde poderão desfrutar da realidade. Uma pessoa que realmente entender o que é a rāsa-līlā com certeza odiará entregar-se à vida sexual mundana. Para a alma autorrealizada, ouvir a rāsa-līlā do Senhor através de canal adequado resultará em total abstinência do prazer sexual material.

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