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VERSO 224

smerāṁ bhaṅgī-traya-paricitāṁ sāci-vistīrṇa-dṛṣṭiṁ
vaṁśī-nyastādhara-kiśalayām ujjvalāṁ candrakeṇa
govindākhyāṁ hari-tanum itaḥ keśi-tīrthopakaṇṭhe
mā prekṣiṣṭhās tava yadi sakhe bandhu-saṅge ’sti raṅgaḥ

smerām — sorridente; bhaṅgī-traya-paricitām — dobrado em três pontos, a saber, no pescoço, na cintura e nos joelhos; sāci-vistīrṇa-dṛṣṭim — com largos olhares de soslaio; vaṁśī — na flauta; nyasta — colocados; adhara — lábios; kiśalayām — recém-desabrochados; ujjvalām — muito brilhante; candrakeṇa —ao luar; govinda-ākhyam — chamado Senhor Govinda; hari-tanum — o corpo transcendental do Senhor; itaḥ — aqui; keśī-tīrtha-upakaṇṭhe — às margens do Yamunā na vizinhança do Keśighāṭa; — não; prekṣiṣṭhāḥ — olhes para; tava — teus; yadi — se; sakhe — ó caro amigo; bandhu-saṅge — a amigos mundanos; asti — há; raṅgaḥ — apego.

“Meu caro amigo, se estás realmente apegado a teus amigos mundanos, não olhes para o rosto sorridente do Senhor Govinda, que Se encontra às margens do Yamunā no Keśīghāṭa. Lançando olhares de soslaio, Ele coloca Sua flauta em Seus lábios, que se assemelham a brotos recém-desabrochados. Seu corpo transcendental, que se dobra em três pontos, parece muito brilhante ao luar.”

SIGNIFICADO—Este verso é uma citação do Bhakti-rasāmṛta-sindhu (1.2.239) com relação ao serviço devocional prático. De um modo geral, as pessoas em sua vida condicionada envolvem-se com os prazeres de sociedade, amizade e amor. Esse dito amor é luxúria, e não amor. Porém, as pessoas se contentam com essa compreensão falsa de amor. Vidyāpati, grande erudito e poeta de Mithila, diz que o prazer obtido da amizade, da sociedade e da vida familiar no mundo material é como uma gota d’água, mas nossos corações desejam um oceano de prazer. Assim, compara-se o coração a um deserto de existência material que precisa da água de um oceano de prazer para satisfazer sua aridez. De fato, caso haja uma gota d’água no deserto, pode-se dizer que é água, mas tão diminuta quantidade de água não tem valor. De maneira semelhante, neste mundo material ninguém fica satisfeito com as relações de sociedade, amizade e amor. Portanto, quem quiser sentir prazer verdadeiro dentro de seu coração deverá buscar os pés de lótus de Govinda. Neste verso, Rūpa Gosvāmī indica que, se alguém prefere contentar-se com o prazer de sociedade, amizade e amor, não precisa buscar o abrigo dos pés de lótus de Govinda, pois, ao refugiar-se a Seus pés de lótus, vai esquecer-se daquela quantidade diminuta de dito prazer. Quem não se contenta com esse dito prazer pode buscar os pés de lótus de Govinda, que Se encontra às margens do Yamunā no Keśītīrtha, ou Keśīghāṭa, em Vṛndāvana, e atrai todas as gopīs para Seu transcendental serviço amoroso.

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