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VERSO 42

caitanya-gosāñike ācārya kare ‘prabhu’-jñāna
āpanāke karena tāṅra ‘dāsa’-abhimāna

caitanya-gosāñike — a Śrī Caitanya Mahāprabhu; ācārya — Advaita Ācārya; kare — faz; prabhu-jñāna — considerando como Seu mestre; āpanāke — a Si mesmo; karena — faz; tāṅra — de Śrī Caitanya Mahāprabhu; dāsa — como um servo; abhimāna — concepção.

No entanto, Śrī Advaita Ācārya considera o Senhor Caitanya Mahāprabhu como Seu mestre, considerando-Se um servo do Senhor Caitanya Mahāprabhu.

SIGNIFICADO—O Bhakti-rasāmṛta-sindhu, de Rūpa Gosvāmī, explica a qualidade sobreexcelente do serviço devocional da seguinte maneira:

brahmānando bhāved eṣa
cet parārdha-guṇīkṛtaḥ
naiti bhakti-sukhāmbhodheḥ
paramāṇu-tulām api

“Ainda que multiplicado bilhões de vezes, o prazer transcendental obtido da compreensão do Brahman impessoal ainda assim não se poderia comparar nem mesmo com uma porção atômica do oceano de bhakti, ou serviço transcendental.” (Bhakti-rasāmṛta-sindhu 1.1.38) Semelhantemente, o Bhāvārtha-dīpikā declara:

tvat-kathāmṛta-pāthodhau
viharanto mahā-mudaḥ
kurvanti kṛtinaḥ kecic
catur-vargaṁ tṛṇopamam

“Para aqueles que sentem prazer com os temas transcendentais sobre a Suprema Personalidade de Deus, o conjunto das quatro realizações progressivas – religiosidade, desenvolvimento econômico, gozo dos sentidos e liberação –, assim como uma palha, não pode se comparar à felicidade que se sente ouvindo-se sobre as atividades transcendentais do Senhor.” Aqueles que se ocupam no transcendental serviço aos pés de lótus de Kṛṣṇa, aliviando-se de todo o gozo material, não sentem atração por temas do monismo impessoal. No Padma Purāṇa, em relação à glorificação do mês de Kārtika, afirma-se que os devotos oram:

varaṁ deva mokṣaṁ na mokṣāvadhiṁ vā
na cānyaṁ vṛṇe ’haṁ vareśād apīha
idaṁ te vapur nātha gopāla-bālaṁ
sadā me manasy āvirāstāṁ kim anyaiḥ

kuverātmajau baddha-mūrtyava yadvat
tvayā mocitau bhakti-bhājau kṛtau ca
tathā prema-bhaktiṁ svakāṁ me prayaccha
na mokṣe graho me ’sti dāmodareha

“Querido Senhor, para nós, lembrar-nos sempre de Teus passatempos infantis em Vṛndāvana é melhor do que aspirar a fundir-nos no Brahman impessoal. Durante Teus passatempos infantis, liberaste os dois filhos de Kuvera e os fizeste grandes devotos de Tua Onipotência. De forma semelhante, desejo que, em vez de me outorgares a liberação, me concedas tal devoção a Ti.” No Hayaśīrṣīya-śrī-nārāyaṇa-vyūha-stava, no capítulo chamado Nārāyaṇa-stotra, afirma-se:

na dharmaṁ kāmam arthaṁ vā
mokṣaṁ vā varadeśvara
prārthaye tava pādābje
dāsyam evābhikāmaye

“Meu querido Senhor, não desejo tornar-me um homem de religião nem um mestre de desenvolvimento econômico ou gozo dos sentidos, nem desejo a liberação. Embora possa obter tudo isso de Vós, o benfeitor supremo, não oro em troca dessas coisas. Oro apenas para poder sempre dedicar-me como um servo a Vossos pés de lótus.” Nṛsiṁhadeva ofereceu a Prahlāda Mahārāja todas as espécies de bênçãos, mas Prahlāda Mahārāja não aceitou nenhuma delas, pois simplesmente desejava ocupar-se no serviço aos pés de lótus do Senhor. De maneira semelhante, um devoto puro deseja ser abençoado como Mahārāja Prahlāda para assim poder ocupar-se em serviço devocional. Os devotos também oferecem seus respeitos a Hanumān, que sempre permaneceu como servo do Senhor Rāma. O grande devoto Hanumān orava:

bhāva-bandha-cchide tasyai
spṛhayāmi na muktaye
bhavān prabhur ahaṁ dāsa
iti yatra vilupyate

“Não desejo receber a liberação nem me fundir na refulgência Brahman, onde se perde totalmente a concepção de ser um servo do Senhor.” De forma semelhante, afirma-se no Nārada-pañcarātra:

dharmārtha-kāma-mokṣeṣu
necchā mama kadācana
tvat-pāda-paṅkajasyādho
jīvitaṁ dīyatāṁ mama

“Não desejo nenhuma das quatro liberações desejáveis. Desejo apenas dedicar-me como um servo aos pés de lótus do Senhor.” O rei Kulaśekhara, em seu bem famoso livro Mukunda-mālā-stotra (verso 6), ora:

nāhaṁ vande pada-kamalayor dvandvam advandva-hetoḥ
kumbhī-pākaṁ gurum api hare nārakaṁ nāpanetum
ramyā-rāmā-mṛdu-tanu-latā-nandane nābhirantuṁ
bhāve bhāve hṛdaya-bhāvane bhāvayeyaṁ bhavantam

“Meu Senhor, eu não Te adoro com a intenção de libertar-me deste enredamento material, nem desejo salvar-me da condição infernal de existência material, tampouco oro em troca de uma bela esposa para desfrutar num belo jardim. Desejo apenas sempre poder estar em pleno êxtase com o prazer de servir Tua Onipotência.” No terceiro e no quarto cantos do Śrīmad-Bhāgavatam, também há muitos exemplos em que devotos oram ao Senhor simplesmente para se ocuparem a serviço dEle, e nada mais (Śrīmad-Bhāgavatam 3.4.15, 3.25.34, 3.25.36, 4.1.22, 4.9.10 e 4.20.24).

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