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VERSO 101

kṛṣṇe bhakti kara — ihāya sabāra santoṣa
vedānta nā śuna kene, tāra kibā doṣa

kṛṣṇe a Kṛṣṇa; bhakti serviço devocional; kara fazes; ihāya quanto a isto; sabāra de todos; santoṣa — há satisfação; vedānta a filosofia do Vedānta-sūtra; não; śuna ouves; kene por que; tāra da filosofia; kibā qual é; doṣa defeito.

“Querido senhor, não fazemos objeção a que sejas um grande devoto do Senhor Kṛṣṇa. Ficamos todos satisfeitos com isto. No entanto, por que evitas discutir sobre o Vedānta-sūtra? Que há de errado nisso?”

SIGNIFICADO—A este respeito, Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura comenta o seguinte: “Os sannyāsīs māyāvādīs aceitam que o comentário de Śrī Śaṅkarācārya, conhecido como Śārīraka-bhāṣya, dá o verdadeiro significado do Vedānta-sūtra. Em outras palavras, os sannyāsīs māyāvādīs aceitam os significados expressos nas explanações de Śaṅkarācārya do Vedānta-sūtra, que se baseiam no monismo. Assim, explicam o Vedānta-sūtra, os Upaniṣads e todos esses textos védicos à própria maneira impessoal deles.” O grande sannyāsī māyāvādī Sadānanda Yogīndra escreveu um livro conhecido como Vedānta-sāra, onde ele diz: vedānto nāma upaniṣat-pramāṇam. tad-upakārīṇi śārīraka-sūtrādīni ca. Segundo Sadānanda Yogīndra, o Vedānta e as Upaniṣads, conforme são apresentados por Śrī Śaṅkarācārya em seu comentário Śārīraka-bhāṣya, constituem as únicas fontes da evidência védica. Na realidade, contudo, vedānta refere-se à essência do conhecimento védico, e não é verdade que não haja nada além do Śārīraka-bhāṣya de Śaṅkarācārya. Há outros comentários do Vedānta escritos por ācāryas vaiṣṇavas, nenhum dos quais segue Śrī Śaṅkarācārya nem aceita o comentário imaginativo de sua escola. Os comentários deles baseiam-se na filosofia da dualidade. Filósofos monistas como Śaṅkarācārya e seus seguidores desejam estabelecer que Deus e a entidade viva são iguais e, em vez de adorarem a Suprema Personalidade de Deus, fazem-se passar por Deus. Eles querem que outros os adorem como se eles fossem Deus. Pessoas assim não aceitam a filosofia dos ācāryas vaiṣṇavas, que são conhecidas como śuddhādvaita  (monismo purificado), śuddha-dvaita (dualismo purificado), viśiṣṭādvaita  (monismo específico), dvaitādvaita (monismo e dualismo) e acintya-bhedābheda (unidade e diferença inconcebíveis). Os māyāvādīs não discutem estas filosofias, pois estão firmemente convencidos de sua própria filosofia de kevalādvaita, monismo exclusivo. Aceitando esse sistema de filosofia como o entendimento puro do Vedānta-sūtra, creem que Kṛṣṇa tem um corpo feito de elementos materiais e que as atividades do serviço amoroso a Kṛṣṇa são sentimentalismo. São conhecidos como māyāvādīs porque, segundo a opinião deles, o corpo de Kṛṣṇa é feito de māyā, e o serviço amoroso ao Senhor, executado pelos devotos, também é māyā. Acham que tal serviço devocional é um aspecto das atividades fruitivas (karma-kāṇḍa). Segundo a visão deles, bhakti consta de especulação mental ou, às vezes, de meditação. Essa é a diferença entre as filosofias māyāvādī e vaiṣṇava.

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