VERSOS 29-30
māyāvādī, karma-niṣṭha kutārkika-gaṇa
nindaka, pāsaṇḍī yata paḍuyā adhama
sei saba mahādakṣa dhāñā palāila
sei vanyā tā-sabāre chuṅite nārila
māyāvādī — os filósofos impersonalistas; karma-niṣṭha — os trabalhadores fruitivos; kutārkika-gaṇa — os pseudológicos; nindaka — os blasfemadores; pāṣaṇḍi — não devotos; yata — todos; paḍuyā — estudantes; adhama — a mais baixa classe; sei saba — todos eles; mahā-dakṣa — são muito peritos; dhāñā — correndo; palāila — foram embora; sei vanyā — essa inundação; tā-sabāre — todos eles; chuṅite — tocando; nārila — não pôde.
Os impersonalistas, trabalhadores fruitivos, pseudológicos, blasfemadores, não-devotos e os mais baixos entre a comunidade estudantil são muito peritos em evitar o movimento para a consciência de Kṛṣṇa, motivo pelo qual a inundação de consciência de Kṛṣṇa não pode atingi-los.
SIGNIFICADO—Assim como filósofos māyāvādīs no passado, tais como Prakāśānanda Sarasvatī, de Benares, os impersonalistas modernos não se interessam pelo movimento para a consciência de Kṛṣṇa do Senhor Caitanya. Eles não sabem avaliar este mundo material; consideram-no falso e não podem entender como o movimento para a consciência de Kṛṣṇa pode utilizá-lo. Vivem tão absortos em pensamentos impessoais que tomam por certo que toda variedade espiritual é material. Por desconhecerem qualquer coisa que esteja além de sua falsa concepção do brahmajyoti, não podem compreender que Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, é espiritual e, por isso, está além da concepção de ilusão material. Sempre que Kṛṣṇa encarna pessoalmente ou como um devoto, esses filósofos māyāvādīs tomam-nO como um ser humano comum. Condena-se isso na Bhagavad-gītā (9.11):
avajānanti māṁ mūḍhā
mānuṣīṁ tanum āśritam
paraṁ bhāvam ajānanto
mama bhūta-maheśvaram
“Os tolos zombam de Mim quando desço sob a forma humana. Eles desconhecem Minha natureza transcendental e Meu domínio supremo sobre tudo o que existe.”
Há também outras pessoas inescrupulosas que exploram o aparecimento do Senhor, fazendo-se passar por encarnações para enganar o público inocente. Uma encarnação de Deus deve passar pelo teste das afirmações dos śāstras e, além disso, executar atividades incomuns. Não devemos aceitar qualquer patife como encarnação de Deus, senão que devemos pôr à prova sua capacidade de agir como a Suprema Personalidade de Deus. Por exemplo, Kṛṣṇa ensinou tudo a Arjuna na Bhagavad-gītā, e Arjuna, por sua vez, aceitou-O como a Suprema Personalidade de Deus, mas, para nossa compreensão, Arjuna pediu ao Senhor que manifestasse Sua forma universal, para assim verificar se Ele era realmente o Senhor Supremo. De modo semelhante, deve-se pôr à prova uma suposta encarnação de Deus segundo os critérios padrão. Para evitar de ser desorientado por uma exibição de poderes místicos, é melhor examinar uma suposta encarnação de Deus à luz das afirmações dos śāstras. Os śāstras descrevem Caitanya Mahāprabhu como uma encarnação de Kṛṣṇa. Portanto, caso alguém queira imitar o Senhor Caitanya e afirmar ser uma encarnação, deve mostrar evidências dos śāstras sobre seu aparecimento para comprovar sua reivindicação.