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VERSO 33

eta bali’ mane kichu kariyā vicāra
sannyāsa-āśrama prabhu kailā aṅgīkāra

eta bali’ dizendo isto; mane mentalmente; kichu algo; kariyā—fazendo; vicāra consideração; sannyāsa-āśrāma a ordem de vida renunciada; prabhu o Senhor; kailā fez; aṅgīkāra aceitar.

Assim, o Senhor aceitou a ordem sannyāsa de vida após plena consideração.

SIGNIFICADO—O Senhor Śrī Caitanya Mahāprabhu não precisava aceitar sannyāsa, pois Ele é o próprio Deus e, por isso, nada tem a ver com o conceito corpóreo material de vida. Śrī Caitanya Mahāprabhu não Se identificava com nenhum dos oito varṇas e āśramas, a saber, brāhmaṇa, kṣatriya, vaiśya, śūdra, brahmacārī, gṛhastha, vānaprastha e sannyāsa. Ele Se identificava como sendo o Espírito Supremo. Śrī Caitanya Mahāprabhu, ou, quanto a isso, qualquer devoto puro, jamais Se identifica com essas classes de vida social e espiritual, pois um devoto é sempre transcendental a essas diferentes gradações da sociedade. Não obstante, o Senhor Caitanya resolveu aceitar sannyāsa com base no fato de que, ao tornar-Se sannyāsī, todos Lhe prestariam respeitos e, dessa maneira, seriam favorecidos. Embora na realidade não fosse preciso que Ele aceitasse sannyāsa, Ele o fez para o benefício daqueles que viessem a considerá-lO um ser humano comum. O principal objetivo pelo qual Ele aceitou sannyāsa foi de liberar os sannyāsīs māyāvādīs. Isso ficará evidente mais tarde neste capítulo.

Śrīla Bhaktisiddhānta Sarasvatī Ṭhākura explica o termo “māyāvādī” da seguinte maneira: “A Suprema Personalidade de Deus é transcendental ao conceito material de vida. Māyāvādī é quem considera que o corpo da Suprema Personalidade de Deus, Kṛṣṇa, é feito de māyā e que também considera a morada do Senhor e o processo de aproximar-se dEle, o serviço devocional, como sendo māyā. O māyāvādī acha que toda a parafernália do serviço devocional é māyā.” Māyā refere-se à existência material, que se caracteriza pelas reações de atividades fruitivas. Os māyāvādīs incluem o serviço devocional entre essas atividades fruitivas. Segundo eles, quando bhāgavatas, ou devotos, se purificarem pela especulação filosófica, atingirão o verdadeiro ponto da liberação. Aqueles que especulam dessa maneira a respeito do serviço devocional chamam-se kutārkikas (pseudológicos), e quem acha que serviço devocional é atividade fruitiva chama-se karma-niṣṭha. Aqueles que criticam o serviço devocional chamam-se nindakas (blasfemadores). De modo semelhante, não-devotos que consideram as atividades devocionais como materiais chamam-se pāṣaṇḍīs, e eruditos com um ponto de vista semelhante chamam-se adhama paḍuyās.

Os kutārkikas, nindakas, pāṣaṇḍīs e adhama paḍuyās excluíram-se dos benefícios do movimento de Śrī Caitanya Mahāprabhu de desenvolver amor a Deus. Śrī Caitanya Mahāprabhu sentiu compaixão por eles, e foi por essa razão que Ele resolveu aceitar a ordem de sannyāsa, pois, ao vê-lO como sannyāsī, eles Lhe prestariam respeitos. Ainda hoje, a ordem de sannyāsa é respeitada na Índia. De fato, a própria roupa de um sannyāsī ainda inspira respeito no público indiano. Portanto, Śrī Caitanya Mahāprabhu aceitou sannyāsa para facilitar a pregação de Seu culto devocional, embora, de outro modo, não tivesse necessidade de aceitar a quarta ordem da vida espiritual.

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