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VERSO 45

kāśīte lekhaka śūdra-śrīcandraśekhara
tāṅra ghare rahilā prabhu svatantra īśvara

kāśite — em Vārāṇasī; lekhaka — escritor; śūdra nascido em família de śūdras; śrīcandraśekhara — chamado Candraśekhara; tāṅra ghare — em sua casa; rahilā ficou; prabhu o Senhor; svatantra — independente; īśvara o controlador supremo.

Dessa vez, o Senhor Caitanya ficou na casa de Candraśekhara, embora este fosse considerado um śūdra ou kāyastha, pois o Senhor, como a Suprema Personalidade de Deus, é inteiramente independente.

SIGNIFICADO—O Senhor Caitanya hospedou-Se na casa de Candraśekhara, um caixeiro, embora se suponha que um sannyāsī não deva residir na casa de um śūdra. Quinhentos anos atrás, especialmente na Bengala, o sistema era que pessoas nascidas em famílias de brāhmaṇas eram aceitas como brāhmaṇas, e todos aqueles que nasciam em outras famílias – mesmo nas castas superiores, a saber, kṣatriyas e vaiśyas eram considerados śūdras não-brāhmaṇas. Portanto, embora Śrī Candraśekhara fosse um caixeiro de uma família kāyastha na Índia central, ele era considerado śūdra. Do mesmo modo, vaiśyas, especialmente os da comunidade suvarṇa-vaṇik, eram tidos como śūdras na Bengala, e mesmo os vaidyas, que geralmente eram médicos, também eram considerados śūdras. No entanto, o Senhor Caitanya Mahāprabhu não aceitou esse princípio artificial, que foi introduzido na sociedade por homens interesseiros, e mais tarde os kāyasthas, vaidyas e vaṇiks passaram todos a aceitar o cordão sagrado, a despeito das objeções dos ditos brāhmaṇas.

Antes da época de Caitanya Mahāprabhu, a classe suvarṇa-vaṇik fora condenada por Ballāl Sena, que era, então, o rei da Bengala, devido a ressentimentos pessoais. Na Bengala, a classe suvarṇa-vaṇik é sempre muito rica, pois é uma classe de banqueiros e negociantes de ouro e prata. Logo, Ballāl Sena costumava tomar empréstimos de um banqueiro suvarṇa-vaṇik. Mais tarde, a falência de Ballāl Sena obrigou o banqueiro suvarṇa-vaṇik a parar de emprestar-lhe dinheiro, e assim, ficando zangado, ele condenou toda a sociedade suvarṇa-vaṇik como pertencente à comunidade śūdra. Ballāl Sena tentou induzir os brāhmaṇas a não aceitarem os suvarṇa-vaṇiks como seguidores das instruções dos Vedas sob orientação bramânica, mas, embora alguns brāhmaṇas aprovassem a atitude de Ballāl Sena, outros não concordaram. Assim, os brāhmaṇas também ficaram divididos entre si, e aqueles que apoiaram a classe suvarṇa-vaṇik foram rejeitados da comunidade dos brāhmaṇas. Hoje em dia, ainda existem os mesmos preconceitos.

Há muitas famílias vaiṣṇavas na Bengala cujos membros, embora não tenham realmente nascido como brāhmaṇas, agem como ācāryas, iniciando discípulos e oferecendo-lhes o cordão sagrado como se prescreve nos tantras vaiṣṇavas. Por exemplo, nas famílias de Ṭhākura Raghunandana Ācārya, Ṭhākura Kṛṣṇadāsa, Navanī Hoḍa e Rasikānanda-deva (um discípulo de Śyāmānanda Prabhu), executa-se a cerimônia do cordão sagrado, assim como a executam os gosvāmīs de casta, e esse sistema tem estado vigente nos últimos três a quatro séculos. Aceitando discípulos nascidos em famílias de brāhmaṇas, eles são mestres espirituais fidedignos que têm oportunidade de adorar a śālagrāma-śilā que é adorada com a Deidade. Até a data deste escrito, a adoração à śālagrāma-śilā ainda não se adotou em nosso movimento para a consciência de Kṛṣṇa, mas logo será introduzida em todos os nossos templos como uma função essencial de arcana-mārga (adoração à Deidade).

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