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VERSO 42

etāvaj janma-sāphalyaṁ
dehinām iha dehiṣu
prāṇair arthair dhiyā vācā
śreya-ācaraṇaṁ sadā

etāvat — até isto; janma — do nascimento; sāphalyam — perfeição; dehinām — de todo ser vivo; iha — neste mundo; dehiṣu — para aqueles que são corporificados; prāṇaiḥ — com a vida; arthaiḥ — com a riqueza; dhiyā — com a inteligência; vācā — com as palavras; śreyaḥ — boa fortuna eterna; ācaraṇam — agindo praticamente; sadā — sempre.

“‘É dever de todo ser vivo realizar atividades beneficentes em favor dos outros, dedicando sua vida, sua riqueza, sua inteligência e suas palavras.’”

SIGNIFICADO—Há duas classes de atividades gerais – śreyas, ou atividades que são benéficas e auspiciosas no final, e preyas, ou atividades que são imediatamente benéficas e auspiciosas. Por exemplo, as crianças gostam muito de brincar. Elas não querem ir à escola para receber educação, e acham que brincar dia e noite e divertir-se com seus amigos é a meta da vida. Mesmo na vida transcendental do Senhor Kṛṣṇa, vemos que, quando criança, Ele gostava muito de brincar com Seus amigos da mesma idade, os vaqueirinhos. Ele nem mesmo ia para casa jantar. Mãe Yaśoda era obrigada a ir buscá-lO para que voltasse para casa. Assim, por natureza, a criança gosta de brincar dia e noite, sem nem mesmo se importar com sua saúde e outros assuntos importantes. Esse é um exemplo de preyas, ou atividades imediatamente benéficas. Porém, também há śreyas, ou atividades que são auspiciosas no final. Segundo a civilização védica, um ser humano deve ser consciente de Deus. Ele deve compreender o que é Deus, o que é este mundo material, quem ele é e quais são as relações entre essas coisas. Isso se chama śreyas, ou atividades auspiciosas no final.

Neste verso do Śrīmad-Bhāgavatam, se diz que todos devem interessar-se em śreyas. Para alcançar a meta última de śreyas, ou boa fortuna, deve-se utilizar tudo, inclusive a vida, a riqueza e as palavras, não somente para proveito próprio, mas para proveito dos outros também. No entanto, a menos que alguém se interesse em śreyas em sua própria vida, não pode pregar śreyas em benefício dos outros.

Este verso citado por Śrī Caitanya Mahāprabhu aplica-se aos seres humanos, e não aos animais. Como as palavras manuṣya-janma indicam no verso anterior, estes preceitos são para seres humanos. Infelizmente, em seu comportamento, os seres humanos estão se tornando piores que os animais, embora tenham corpo humano. Essa é a falha da educação moderna. Os educadores modernos não conhecem a meta da vida: estão preocupados apenas com a maneira de desenvolver as condições econômicas de seus países ou da sociedade humana. Isso também é necessário – a civilização védica leva em consideração todos os aspectos da vida humana, incluindo dharma (religião), artha (desenvolvimento econômico), kama (gozo dos sentidos) e mokṣa (liberação). Porém, a primeira preocupação da humanidade deve ser a religião. Alguém que quer ser religioso precisa viver sob as ordens de Deus, mas, infelizmente, as pessoas nesta era têm rejeitado a religião e vivem atarefadas com desenvolvimento econômico. Em consequência disso, elas são capazes de adotar quaisquer meios para obter dinheiro. Para o desenvolvimento econômico, não é preciso obter dinheiro custe o que custar – necessita-se apenas de dinheiro suficiente para manter o corpo e a alma. Contudo, como o desenvolvimento econômico moderno continua sem qualquer base religiosa, as pessoas têm se tornado luxuriosas, cobiçosas e loucas por dinheiro. Elas só fazem desenvolver as qualidades de rajas (paixão) e tamas (ignorância), menosprezando a outra qualidade da natureza, sattva (bondade), e as qualificações bramânicas. Portanto, toda a sociedade está um caos.

O Bhāgavatam diz que é dever de um ser humano avançado agir de tal maneira que facilite à sociedade humana alcançar a meta última da vida. Existe um verso semelhante no Viṣṇu Purāṇa, terceira parte, capítulo doze, verso 45, que é citado neste capítulo do Caitanya-caritāmṛta como o verso 43.

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