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VERSO 245

madhvācārya-sthāne āilā yāṅhā ‘tattvavādī’
uḍupīte ‘kṛṣṇa’ dekhi, tāhāṅ haila premonmādī

madhva-ācārya-sthāne — à terra de Madhvācārya; āilā — chegou; yāṅhā — onde; tattva-vādī — filósofos conhecidos como tattvavādīs; uḍupīte — no local conhecido como Uḍupī; kṛṣṇa — a Deidade do Senhor Kṛṣṇa; dekhi — vendo; tāhāṅ — ali; haila — ficou; prema-unmādī — louco de êxtase.

Em seguida, Caitanya Mahāprabhu chegou à terra de Madhvācārya, onde residiam os filósofos conhecidos como tattvavādīs. Ali, viu a Deidade do Senhor Kṛṣṇa e enlouqueceu de êxtase.

SIGNIFICADO—Śrīpāda Madhvācārya nasceu em Uḍupī, no distrito de Kanara do sul, ao sul da Índia, bem a oeste de Sahyādri. Esta é a principal cidade da província de Kanara do sul e fica perto da cidade de Mangalore, que se encontra no sul de Uḍupī. Na cidade de Uḍupī, há um local chamado Pājakā-kṣetra, onde Madhvācārya nasceu em uma dinastia śivāllī-brāhmaṇa, filho de Madhyageha Bhaṭṭa, no ano de 1040 Śakābda (1118 d.C.). Segundo alguns, ele nasceu no ano de 1160 Śakābda (1238 d.C.).

Em sua infância, Madhvācārya era conhecido como Vāsudeva, e existem algumas histórias maravilhosas a respeito dele. Conta-se também que seu pai ficou muito endividado, e Madhvācārya transformou sementes de tamarindo em moedas autênticas para ressarcir as dívidas. Quando ele tinha cinco anos, recebeu o cordão sagrado. Um demônio chamado Maṇimān morava, sob a forma de uma cobra, próximo à sua casa. Madhvācārya, com a idade de cinco anos, matou essa cobra com o dedão de seu pé esquerdo. Quando sua mãe ficava muito perturbada; ele, em um pulo, aparecia perante ela. Ele foi um grande erudito mesmo na infância. Embora seu pai se opusesse, tomou sannyāsa aos doze anos de idade. Após receber sannyāsa de Acyuta Prekṣa, seu nome passou a ser Pūrṇaprajña Tīrtha. Depois de viajar por toda a Índia, finalmente debateu sobre as escrituras com Vidyāśaṅkara, o nobre líder do Śṛṅgeri-maṭha. Vidyāśaṅkara, na realidade, foi humilhado na presença de Madhvācārya. Acompanhado de Satya Tīrtha, Madhvācārya foi a Badarikāśrama, onde se encontrou com Vyāsadeva e explicou-lhe seu comentário sobre a Bhagavad-gītā. Deste modo, tendo estudado com Vyāsadeva, tornou-se um grande erudito.

Na época em que fora de Badarikāśrama para o Ānanda-maṭha, Madhvācārya já terminara seu comentário sobre a Bhagavad-gītā. Satya Tīrtha, seu companheiro, compilou todo o comentário. Ao regressar de Badarikāśrama, Madhvācārya foi a Gañjāma, que fica na margem do rio Godāvarī. Ali, encontrou-se com dois estudiosos eruditos chamados Śobhana Bhaṭṭa e Svāmī Śāstrī. Mais tarde, esses eruditos ficaram conhecidos na sucessão discipular de Madhvācārya como Padmanābha Tīrtha e Narahari Tīrtha. Ao voltar para Uḍupī, às vezes banhava-se no mar. Em uma dessas ocasiões, compôs uma oração de cinco capítulos. Certa vez, sentado à beira-mar, concentrado em meditação no Senhor Śrī Kṛṣṇa, viu que um grande barco, carregado de bens para Dvārakā, estava em perigo. Fez alguns sinais pelos quais o barco pôde aproximar-se da praia, de modo que o barco foi salvo. Os donos do barco quiseram presenteá-lo com algo, e, na época, Madhvācārya concordou em aceitar um pouco de gopī-candana. Ganhou um grande pedaço de gopī-candana, o qual, enquanto era levado para ele, partiu-se ao meio, revelando uma grande Deidade do Senhor Kṛṣṇa. A Deidade trazia um bastão em Sua mão e um punhado de comida na outra. Assim que Madhvācārya recebeu, nestas circunstâncias, a Deidade de Kṛṣṇa, ele compôs uma oração. A Deidade era tão pesada que nem mesmo trinta pessoas podiam levantá-lA. Madhvācārya pessoalmente levou essa Deidade para Uḍupī. Madhvācārya teve oito discípulos, todos os quais receberam sannyāsa dele, tornando-se diretores de seus oito monastérios. Ainda é feita a adoração à Deidade do Senhor Kṛṣṇa em Uḍupī de acordo com o sistema estabelecido por Madhvācārya.

Então, Madhvācārya visitou Badarikāśrama pela segunda vez. Enquanto atravessava Maharashtra, o rei local estava cavando um grande lago para o benefício do público. Quando Madhvācārya atravessava esta área com seus discípulos, também foi obrigado a ajudar na escavação. Após algum tempo, Madhvācārya foi visitar o rei e ocupou-o naquele trabalho, partindo então com seus discípulos.

Muitas vezes, na província de Gaṅgā-pradeśa, havia brigas entre hindus e muçulmanos. Os hindus ficavam em uma margem do rio, e os muçulmanos, na outra. Devido à tensão comunitária, não se dispunha de nenhum barco para a travessia do rio. Os soldados muçulmanos sempre paravam os passageiros do outro lado, mas Madhvācārya não se importou com aqueles soldados. Ele atravessou o rio assim mesmo, e, ao encontrar-se com os soldados do outro lado, foi levado perante o rei. O rei muçulmano ficou tão satisfeito com ele que quis dar-lhe um reino e dinheiro; Madhvācārya, porém, recusou as doações. Enquanto caminhava pela estrada, alguns bandidos atacaram-no, mas, valendo-se de sua força física, ele matou os bandidos. Quando um tigre atacou seu companheiro Satya Tīrtha, Madhvācārya apartou-os em virtude de sua grande força. Ao encontrar-se com Vyāsadeva, ele recebeu desse a śālagrāma-śilā conhecida como Aṣṭamūrti. Depois disso, ele resumiu o Mahābhārata.

Por toda a Índia, a devoção pelo Senhor e o conhecimento erudito de Madhvācārya tornaram-se conhecidos. Por causa disso, os proprietários do Śṛṅgeri-maṭha estabelecido por Śaṅkarācārya ficaram um pouco perturbados. Naquela época, os seguidores de Śaṅkarācārya ficaram temerosos do poder crescente de Madhvācārya e começaram a incomodar de muitas maneiras os discípulos de Madhvācārya. Houve inclusive uma tentativa de provar que a sucessão discipular de Madhvācārya não seguia a linha dos princípios védicos. Uma pessoa chamada Puṇḍarīka Purī, seguidor da filosofia māyāvāda de Śaṅkarācārya, foi ter com Madhvācārya para discutir os śāstras. Conta-se que roubaram todos os livros de Madhvācārya; porém, mais tarde, foram encontrados com a ajuda do rei Jayasiṁha, governante de Kumla. No debate, Madhvācārya derrotou Puṇḍarīka Purī. Uma grande personalidade chamada Trivikramācārya, residente de Viṣṇumaṅgala, tornou-se discípulo de Madhvācārya, e seu filho tornou-se, mais tarde, Nārāyaṇācārya, o compositor do Śrī Madhva-vijaya. Após a morte de Trivikramācārya, o irmão mais novo de Nārāyaṇācārya recebeu sannyāsa, ficando conhecido depois como Viṣṇu Tīrtha.

Naquela época, a força física de Pūrṇaprajña, Madhvācārya, tinha a reputação de ser ilimitada. Havia um homem chamado Kaḍañjari que tinha a fama de possuir a força de trinta homens. Madhvācārya colocou o dedão de seu pé no chão e pediu que o homem o levantasse do chão, mas, o brutamontes não conseguiu fazê-lo, mesmo após um esforço extenuante. Śrīla Madhvācārya partiu deste mundo material aos oitenta anos de idade enquanto escrevia um comentário sobre a Aitareya Upaniṣad. Para se obter mais informações sobre Madhvācārya, deve-se ler o Madhva-vijaya, de Nārāyaṇācārya.

Os ācāryas do Madhva-sampradāya estabeleceram Uḍupī como o centro principal, e o monastério ali era conhecido como Uttararāḍhī-maṭha. Pode-se encontrar em Uḍupī uma lista dos diferentes centros do Madhvācārya-sampradāya, cujos comandantes de maṭha são: (1) Viṣṇu Tīrtha (Śoda-maṭha), (2) Janārdana Tīrtha (Kṛṣṇapura-maṭha), (3) Vāmana Tīrtha (Kanura-maṭha), (4) Narasiṁha Tīrtha (Adamara-maṭha), (5) Upendra Tīrtha (Puttugī-maṭha), (6) Rāma Tīrtha (Śirura-maṭha), (7) Hṛṣīkeśa Tīrtha (Palimara-maṭha) e (8) Akṣobhya Tīrtha (Pejāvara-maṭha). A sucessão discipular do Madhvācārya-sampradāya é a seguinte: (1) Haṁsa Paramātmā; (2) Caturmukha Brahmā; (3) Sanakādi; (4) Durvāsā; (5) Jñānanidhi; (6) Garuḍa-vāhana; (7) Kaivalya Tīrtha; (8) Jñāneśa Tīrtha; (9) Para Tīrtha; (10) Satyaprajña Tīrtha; (11) Prājña Tīrtha; (12) Acyuta Prekṣācārya Tīrtha; (13) Śrī Madhvācārya, 1040 Śaka; (14) Padmanābha, 1120; Narahari, 1127; Mādhava, 1136 e Akṣobhya 1159; (15) Jaya Tīrtha, 1167; (16) Vidyādhirāja, 1190; (17) Kavīndra, 1255; (18) Vāgīśa, 1261; (19) Rāmacandra, 1269; (20) Vidyānidhi, 1298; (21) Śrī Raghunātha, 1366; (22) Rayuvarya (que falou com Śrī Caitanya Mahāprabhu), 1424; (23) Raghūttama, 1471; (24) Vedavyāsa, 1517; (25) Vidyādhīśa, 1541; (26) Vedanidhi, 1553; (27) Satyavrata, 1557; (28) Satyanidhi, 1560;(29) Satyanātha, 1582; (30) Satyābhinava, 1595; (31) Satyapūrṇa, 1628; (32) Satyavijaya, 1648; (33) Satyapriya, 1659; (34) Satyabodha, 1666; (35) Satyasandha, 1705; (36) Satyavara, 1716; (37) Satyadharma, 1719; (38) Satyasaṅkalpa, 1752; (39) Satyasantuṣṭa, 1763; (40) Satyaparāyaṇa, 1763; (41) Satyakāma, 1785; (42) Satyeṣṭa, 1793; (43) Satyaparākrama, 1794; (44) Satyadhīra, 1801; (45) Satyadhīra Tīrtha, 1808.

Depois do décimo sexto ācārya (Vidyādhirāja Tīrtha), houve outra sucessão discipular, incluindo Rājendra Tīrtha (1254), Vijayadhvaja, Puruṣottama, Subrahmaṇya e Vyāsa Rāya (1470-1520). O décimo nono ācārya, Rāmacandra Tīrtha, teve outra sucessão discipular, incluindo Vibudhendra (1218) Jitāmitra (1348), Raghunandana, Surendra, Vijendra, Sudhīndra e Rāghavendra Tīrtha (1545).

Até a data atual, no monastério de Uḍupī, existem outros quatorze sannyāsīs Madhva-tīrtha. Conforme mencionado, Uḍupī encontra-se em Kanara do sul, à beira-mar, a cerca de setenta quilômetros ao norte de Mangalore.

Esta informação é do South Kānāḍā Manual e da Bombay Gazette.

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