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VERSO 4

sa cintayann ittham athāśṛṇod yathā
muneḥ sutokto nirṛtis takṣakākhyaḥ
sa sādhu mene na cireṇa takṣakā-
nalaṁ prasaktasya virakti-kāraṇam

saḥ — ele, o rei; cintayan — pensando; ittham — assim; atha — agora; aśṛṇot — ouviu; yathā — como; muneḥ — do sábio; suta-uktaḥ — proferida pelo filho; nirṛtiḥ — morte; takṣaka-ākhyaḥ — em relação com a serpente alada; saḥ — ele (o rei); sādhu — ótima; mene — aceitou; na — não; cirea — tempo muito longo; takṣaka — serpente alada; analam — fogo; prasaktasya — para aquele que é demasiadamente apegado; virakti — indiferença; kāraṇam — causa.

Enquanto o rei experimentava o arrependimento, recebeu a notícia de sua morte iminente, que se deveria à picada de uma serpente alada, ocasionada pela maldição proferida pelo filho do sábio. O rei aceitou isso como uma boa nova, pois isso seria a causa de sua indiferença às coisas mundanas.

SIGNIFICADO—Alcança-se verdadeira felicidade pela existência espiritual ou pelo cessar da repetição de nascimentos e mortes. Somente voltando ao Supremo é que podemos parar com a repetição de nascimentos e mortes. No mundo material, mesmo que alcancemos o planeta supremo (Brahmaloka), não é possível nos livrarmos das condições de repetidos nascimentos e mortes, mas, ainda assim, não aceitamos o caminho da busca da perfeição. O caminho da perfeição livra-nos de todos os apegos materiais, e, assim, tornamo-nos aptos a entrar no reino espiritual. Portanto, aqueles que são materialmente miseráveis são melhores candidatos do que aqueles que são materialmente prósperos. Mahārāja Parīkṣit era um grande devoto do Senhor e um candidato autêntico a entrar no reino de Deus, mas, muito embora o fosse, seus bens materiais como imperador do mundo eram obstáculos à perfeita aquisição de seu status legítimo como um dos associados do Senhor no céu espiritual. Sendo um devoto do Senhor, ele podia entender que a maldição do menino brāhmaṇa, embora imprudente, foi uma bênção para ele, visto ser ela a causa de desapegá-lo dos afazeres mundanos, tanto políticos quanto sociais. Após lamentar-se pelo incidente, Śamīka Muni também transmitiu a notícia ao rei por uma questão de dever, para que o rei fosse capaz de preparar-se para voltar ao Supremo. Śamīka Muni enviou ao rei a notícia de que o tolo Śṛṅgi, seu filho, embora fosse um poderoso menino brāhmaṇa, abusara, infelizmente, de seu poder espiritual ao amaldiçoar o rei sem razão. O incidente em que o rei enguirlandou o muni não era causa suficiente para ele ser amaldiçoado à morte, mas, uma vez que não havia como retirar a maldição, o rei foi informado a fim de se preparar para a morte dentro de uma semana. Tanto Śamīka Muni quanto o rei eram almas autorrealizadas. Śamīka Muni era um místico, e Mahārāja Parīkṣit era um devoto. Portanto, não havia diferença entre eles quanto à autorrealização. Nenhum deles temia enfrentar a morte. Mahārāja Parīkṣit poderia ter ido ao muni para implorar seu perdão, mas a notícia da morte iminente foi transmitida ao rei com tanto arrependimento da parte do muni que o rei não quis envergonhar ainda mais o muni ficando ali em sua presença. Ele decidiu preparar-se para sua morte iminente e encontrar o caminho de volta ao Supremo.

A vida de um ser humano é uma oportunidade para se preparar para voltar ao Supremo, ou para livrar-se da existência material, a repetição de nascimentos e mortes. Desse modo, no sistema de varāśrama-dharma, todo homem e toda mulher são treinados para esse propósito. Em outras palavras, o sistema de varāśrama-dharma também é conhecido como sanātana-dharma, ou a ocupação eterna. O sistema de varāśrama-dharma prepara o homem para voltar ao Supremo, e, assim, um chefe de família é ordenado a ir para a floresta como vānaprastha para adquirir conhecimento completo e, então, tomar sannyāsa antes de sua morte inevitável. Parīkṣit Mahārāja teve a fortuna de receber um aviso de sete dias para enfrentar sua morte inevitável. Para o homem comum, no entanto, não há aviso definido, embora a morte seja inevitável para todos. Os homens tolos esquecem-se deste fato da morte certa e negligenciam o dever de preparar-se para voltar ao Supremo. Eles arruínam suas vidas nas propensões animais de comer, beber, divertir-se e desfrutar. Essa vida irresponsável é adotada pela população da era de Kali devido ao desejo pecaminoso de condenar a cultura bramânica, a consciência de Deus e a proteção às vacas, pelas quais o estado é responsável. O estado deve empregar fundos para avançar nesses três itens e, assim, educar a população a preparar-se para a morte. O estado que o faz é o verdadeiro estado próspero. Seria melhor que o estado da Índia seguisse os exemplos de Mahārāja Parīkṣit, o líder executivo ideal, ao invés de imitar outros estados materialistas que ignoram por completo o reino de Deus, a meta última da vida humana. A deterioração dos ideais da civilização indiana tem provocado a deterioração da vida cívica, não somente na Índia, mas também no exterior.

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