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VERSO 31

gopy ādade tvayi kṛtāgasi dāma tāvad
yā te daśāśru-kalilāñjana-sambhramākṣam
vaktraṁ ninīya bhaya-bhāvanayā sthitasya
sā māṁ vimohayati bhīr api yad bibheti

gopī — a senhora vaqueira (Yaśodā); ādade pegou; tvayi — em Vosso; kṛtāgasi — criando distúrbios (por quebrar o pote de manteiga); dāma — corda; tāvat — naquele momento; — aquilo que; te — Vossos; daśā — situação; aśru-kalila — inundado com lágrimas; añjana — unguento; sambhrama — perturbados; akṣam — olhos; vaktram — rosto; ninīya para baixo; bhaya-bhāvanayā — por pensamentos de temor; sthitasya — da situação; — esta; mām — me; vimohayati — desconcerta; bhīḥ api — mesmo o medo personificado; yat — de quem; bibheti tem medo.

Meu querido Kṛṣṇa, Yaśodā pegou uma corda para Vos atar quando fizestes uma travessura, e Vossos olhos perturbados se inundaram de lágrimas, que lavaram o rímel de Vossos olhos. E Vós estáveis temeroso, embora o medo personificado tenha medo de Vós. Essa visão é desconcertante para mim.

SIGNIFICADO—Eis aqui outra explicação da confusão causada pelos passatempos do Senhor Supremo. O Senhor Supremo é o Supremo em todas as circunstâncias, como já se explicou. Aqui está um exemplo específico de que o Senhor é o Supremo e, ao mesmo tempo, um brinquedo na presença de Seu devoto puro. O devoto puro do Senhor presta serviço ao Senhor apenas por amor imaculado, e, enquanto desempenha esse serviço devocional, o devoto puro esquece a posição do Senhor Supremo. O Senhor Supremo também aceita o serviço amoroso de Seus devotos com mais gosto quando o serviço é prestado espontaneamente, por afeição pura, sem nem um pouco de admiração reverencial. Em geral, o Senhor é adorado pelos devotos numa atitude reverencial, mas o Senhor fica meticulosamente comprazido quando o devoto, por afeição e amor puros, considera o Senhor como menos importante que ele mesmo. Os passatempos do Senhor na morada original de Goloka Vṛndāvana são intercambiados nesse espírito. Os amigos de Kṛṣṇa consideram-nO como um deles. Eles não O consideram como sendo de importância reverencial. Os pais do Senhor (que são todos devotos puros) consideram-nO apenas como uma criança. O Senhor aceita os castigos dos pais mais alegremente que as orações dos hinos védicos. De modo semelhante, Ele aceita as repreensões de Suas noivas com mais gosto do que os hinos védicos. Quando o Senhor Kṛṣṇa esteve presente neste mundo material, para manifestar Seus passatempos eternos do reino transcendental de Goloka Vṛndāvana, como uma atração para as pessoas em geral, Ele revelou um quadro único de subordinação diante de Sua mãe adotiva, Yaśodā. O Senhor, em Suas atividades brincalhonas naturalmente infantis, costumava estragar a manteiga que mãe Yaśodā mantinha em estoque, quebrando os potes e distribuindo o conteúdo a Seus amigos e companheiros de folguedos, incluindo os célebres macacos de Vṛndāvana, que se aproveitavam da munificência do Senhor. Mãe Yaśodā viu isso e, por seu amor puro, quis fazer uma encenação de punição para seu filho transcendental. Ela pegou uma corda e ameaçou amarrar o Senhor, assim como geralmente fazem os chefes de família comuns. Vendo a corda nas mãos de mãe Yaśodā, o Senhor inclinou Sua cabeça e começou a chorar como uma criança, e lágrimas rolaram por Suas bochechas, lavando o unguento negro passado em torno de Seus belos olhos. Esse retrato do Senhor é adorado por Kuntīdevī porque ela é consciente da posição suprema do Senhor. Ele é temido frequentemente pelo medo personificado, mas Ele teme Sua mãe, que quis simplesmente O castigar como se faz habitualmente. Kuntī estava consciente da posição elevada de Kṛṣṇa, ao passo que Yaśodā não estava. Portanto, a posição de Yaśodā era mais elevada do que a de Kuntī. Mãe Yaśodā obteve o Senhor como Seu filho, e o Senhor fez com que ela se esquecesse por completo de que seu filho era o próprio Senhor. Se mãe Yaśodā fosse consciente da posição elevada do Senhor, ela certamente teria hesitado em O castigar. Fez-se, porém, que ela esquecesse essa situação porque o Senhor queria Se comportar exatamente como uma criança diante da afetuosa Yaśodā. Esse intercâmbio de amor entre a mãe e o filho foi executado de maneira natural, e Kuntī, lembrando-se da cena, ficou desconcertada, e ela não podia fazer nada além de louvar o amor filial transcendental. Indiretamente, mãe Yaśodā é louvada por sua posição única de amor, pois ela pôde controlar mesmo o Senhor todo-poderoso como seu amado filho.

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