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VERSO 37

apy adya nas tvaṁ sva-kṛtehita prabho
jihāsasi svit suhṛdo ’nujīvinaḥ
yeṣāṁ na cānyad bhavataḥ padāmbujāt
parāyaṇaṁ rājasu yojitāṁhasām

api — acaso; adya — hoje; naḥ — nos; tvam — Vós; sva-kṛta — pessoalmente executados; īhita — todos os deveres; prabho ó meu Senhor; jihāsasi — abandonando; svit — possivelmente; suhṛdaḥ amigos íntimos; anujīvinaḥ — vivendo à mercê de; yeṣām quem; na — nem; ca — e; anyat — ninguém mais; bhavataḥ Vossos; pada-ambujāt dos pés de lótus; parāyaṇam — dependentes; rājasu aos reis; yojita — ocupados em; aṁhasām — inimizade.

Ó meu Senhor, Vós executastes pessoalmente todos os deveres. Acaso estais nos deixando hoje, embora sejamos completamente dependentes de Vossa misericórdia e embora não tenhamos ninguém que nos proteja, agora que todos os reis se mostram nossos inimigos?

SIGNIFICADO—Os Pāṇḍavas são os mais afortunados porque, com toda a boa fortuna, eles se sentiam inteiramente dependentes da misericórdia do Senhor. No mundo material, ser dependente da misericórdia de outrem é o derradeiro sinal de infortúnio, mas, no caso de nossa relação transcendental com o Senhor, é uma grande fortuna quando podemos viver completamente dependentes dEle. A doença material deve-se ao pensamento de nos tornarmos independentes de tudo. A cruel natureza material, no entanto, não permite que nos tornemos independentes. A falsa tentativa de nos tornarmos independentes das estritas leis da natureza é conhecida como avanço material do conhecimento experimental. Todo o mundo material move-se com base nessa falsa tentativa de tornar-se independente das leis da natureza. Começando por Rāvaṇa, que desejava preparar uma escada direta até os planetas do paraíso, e descendo até a era atual, eles estão tentando superar as leis da natureza. Agora, eles tentam aproximar-se de sistemas planetários distantes através do poder eletromecânico. Entretanto, o objetivo máximo da civilização humana é trabalhar arduamente sob a orientação do Senhor e tornar-se completamente dependente dEle. A mais elevada conquista da civilização perfeita é trabalhar com esforço, mas, ao mesmo tempo, depender por completo do Senhor. Os Pāṇḍavas eram os executores ideais desse padrão de civilização. Sem dúvidas, eles eram completamente dependentes da boa vontade do Senhor Śrī Kṛṣṇa, mas não eram indolentes parasitas do Senhor. Eram todos altamente qualificados, tanto pelo caráter pessoal, quanto pelas atividades físicas. Ainda assim, eles sempre buscavam a misericórdia do Senhor porque sabiam que todo ser vivo é dependente por posição constitucional. A perfeição da vida é, portanto, tornar-se dependente da vontade do Senhor, ao invés de tornar-se falsamente independente no mundo material. Aqueles que tentam tornar-se falsamente independentes do Senhor são chamados de anātha, ou sem nenhum guardião, ao passo que aqueles que são completamente dependentes da vontade do Senhor são chamados sanātha, ou aqueles que têm alguém para protegê-los. Portanto, devemos tentar ser sanātha para que possamos sempre ser protegidos das condições desfavoráveis da existência material. Pelo poder ilusório da natureza material externa, esquecemo-nos de que a condição material de vida é a perplexidade mais indesejável. Portanto, a Bhagavad-gītā (7.19) orienta-nos dizendo que, após muitos e muitos nascimentos, uma pessoa afortunada torna-se ciente do fato de que Vāsudeva é tudo, e de que a melhor maneira de alguém conduzir sua vida é render-se completamente a Ele. Esse é o sinal de um mahātmā. Todos os membros da família Pāṇḍava eram mahātmās na vida familiar. Mahārāja Yudhiṣṭhira era o líder desses mahātmās, e a rainha Kuntīdevī era mãe. As lições da Bhagavad-gītā e de todos os Purāṇas, especificamente o Bhāgavata Purāṇa, são, portanto, inevitavelmente ligadas à história dos mahātmās Pāṇḍavas. Para eles, a separação do Senhor era como a separação de um peixe da água. Śrīmatī Kuntīdevī, portanto, sentia essa separação como um raio, e toda a oração da rainha é para tentar persuadir o Senhor a permanecer com eles. Após a Batalha de Kurukṣetra, apesar de os reis inimigos terem sido mortos, seus filhos e netos ainda existiam para se relacionarem com os Pāṇḍavas. Não foram apenas os Pāṇḍavas que foram colocados em condição de inimizade, mas todos nós estamos certamente nessa condição, e a melhor maneira de viver é nos tornarmos completamente dependentes da vontade do Senhor e, dessa maneira, superarmos todas as dificuldades da existência material.

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