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VERSO 20

yathānevaṁ-vido bhedo
yata ātma-viparyayaḥ
deha-yoga-viyogau ca
saṁsṛtir na nivartate

yathā — como; an-evam-vidaḥ — de uma pessoa que não tem conhecimento (sobre ātma-tattva e a estabilidade do ātmā em sua própria identidade, apesar das mudanças do corpo); bhedaḥ — a ideia da diferença entre o corpo e o eu; yataḥ — devido à qual; ātma-vipa­ryayaḥ — a compreensão tola de que a pessoa é o corpo; deha-yoga-­viyogau ca — e isso causa ligações e separações entre diferentes corpos; saṁsṛtiḥ — a continuação da vida condicionada; na — não; nivartate — para.

Aquele que não entende a posição constitucional do corpo e da alma [ātmā] torna-se demasiadamente apegado ao conceito de vida corpórea. Em consequência disso, devido ao apego ao corpo e a seus subprodutos, ele se sente afetado pelo convívio com sua famí­lia, sociedade e nação, dos quais ele não deseja separar-se. Enquanto isso continuar, ele dará andamento à sua vida material. [Caso con­trário, ele é liberado.]

SIGNIFICADO—Como se confirma no Śrīmad-Bhāgavatam (1.2.6):

sa vai puṁsāṁ paro dharmo
yato bhaktir adhokṣaje
ahaituky apratihatā
yayātmā suprasīdati

A palavra dharma significa “ocupação”. Alguém que ininterrupta­mente ocupa-se no serviço ao Senhor (yato bhaktir adhokṣaje) e não se deixa abalar por fatores externos é tido como estando situado em sua posição espiritual original. Quando alguém é promovido a essa etapa, sempre é feliz em bem-aventurança transcendental. Caso contrário, enquanto estiver no conceito de vida corpórea, a pessoa terá de submeter-se a condições materiais. Janma-mṛtyu jarā-vyādhi-duḥkha-doṣānudarśanam. O corpo está sujeito aos seus princípios inerentes – nascimento, morte, velhice e doença –, mas a pessoa situada em vida espiritual (yato bhaktir adhokṣaje) não se sujeita a nascimento, morte, velhice ou doença. Talvez alguém argumente que podemos ver pessoas ocupadas em atividades espirituais vinte e quatro horas por dia que, mesmo ainda, sofrem com enfermidades. Entretanto, o que acontece de fato é que ela nem está sofrendo nem está doente; de outro modo, ela não poderia estar ocupada vinte e quatro horas por dia em ativi­dades espirituais. A esse respeito, pode-se dar o exemplo de que, às vezes, espuma suja ou lixo são vistos flutuando na água do Ganges. Isso se chama nīra-dharma, função da água. Mas a pessoa que vai ao Ganges não se importa com as espumas e as sujeiras que flutuam na água. Com sua mão, ela afasta essas coisas imundas, banha-se no Ganges e ganha resultados benéficos. Portanto, aquele que está situado na posição de vida espiritual não é afetado pela espuma e pelo lixo – ou quaisquer sujeiras superficiais. Isso é confirmado por Śrīla Rūpa Gosvāmī:

īhā yasya harer dāsye
karmaṇā manasā girā
nikhilāsv apy avasthāsu
jīvan-muktaḥ sa ucyate

“Aquele que age a serviço de Kṛṣṇa com seu corpo, mente e pala­vras é uma pessoa liberada, mesmo enquanto está dentro do mundo material.” (Bhakti-rasāmṛta-sindhu 1.2.187) Portanto, é proibido que alguém considere o guru como um ser humano comum (guruṣu nara-matir...nārakī saḥ). O mestre espiritual, ou ācārya, sempre está situado na posição de vida espiritual. Nascimento, morte, velhice e doença não o afetam. De acordo com o Hari-bhakti-vilāsa, portanto, após o desaparecimento de um ācārya, seu corpo nunca é reduzido a cinzas, pois trata-se de um corpo espiritual. O corpo espiritual nunca é afetado por condições materiais.

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