VERSO 12
gopy uvāca
madhupa kitava-bandho mā spṛśaṅghriṁ sapatnyāḥ
kuca-vilulita-mālā-kuṅkuma-śmaśrubhir naḥ
vahatu madhu-patis tan-māninīnāṁ prasādaṁ
yadu-sadasi viḍambyaṁ yasya dūtas tvam īdṛk
gopī uvāca — a gopī disse; madhupa — ó abelhão; kitava — de um enganador; bandho — ó amigo; mā spṛśa — por favor, não toques; aṅghrim — os pés; sapatnyāḥ — da amante que é nossa rival; kuca — os seios; vilulita — caído de; mālā — da guirlanda; kuṅkuma — com o cosmético vermelho; śmaśrubhiḥ — com os bigodes; naḥ — nossos; vahatu — que Ele traga; madhu-patiḥ — o Senhor da dinastia Madhu; tat — dEle; māninīnām — às mulheres; prasādam — misericórdia ou gentileza; yadu-sadasi — na assembleia real dos Yadus; viḍambyam — um objeto de ridículo ou desprezo; yasya — cujo; dūtaḥ — mensageiro; tvam — tu; īdṛk — tal como.
A gopī disse: Ó abelhão, ó amigo de um enganador, não toques meus pés com teus bigodes, que estão lambuzados com o kuṅkuma que passou para a guirlanda de Kṛṣṇa quando esta foi esmagada pelos seios de nossa amante rival! Deixa que Kṛṣṇa satisfaça as mulheres de Mathurā! Quem envia um mensageiro como tu, decerto será ridicularizado na assembleia dos Yadus.
SIGNIFICADO—Śrīmatī Rādhārāṇī indiretamente censurou Kṛṣṇa ao censurar o abelhão que Ela tomou como Seu mensageiro. Ela chamou o abelhão de madhupa, “aquele que bebe o néctar (das flores)”, e chamou Kṛṣṇa de madhu-pati, “o Senhor de Madhu”.
Śrīla Viśvanātha Cakravartī ressalta que este e os próximos nove versos exemplificam dez espécies de fala impulsiva dita por um amante. Este verso ilustra as qualidades de prajalpa, como as descreve Śrīla Rūpa Gosvāmī no seguinte verso de seu Ujjvala-nīlamaṇi (14.182):
asūyerṣyā-mada-yujā
yo ’vadhīraṇa-mudrayā
priyasyākauśalodgāraḥ
prajalpaḥ sa tu kīrtyate
“Prajalpa é o discurso que, com expressões de desrespeito, denigre a falta de tato de um amante. É falado com uma atitude de inveja, ciúme e orgulho.” Śrīla Viśvanātha Cakravartī salienta que a expressão kitava-bandho exprime inveja, a frase que vai de sapatnyāḥ até naḥ exprime ciúme, a frase mā spṛśa aṅghrim exprime orgulho, e a frase que vai de vahatu até prasādam exprime desrespeito, ao passo que a frase que vai de yadu-sadasi até o fim do verso critica a falta de tato de Kṛṣṇa ao tratar com Rādhārāṇī.