VERSOS 30-31
dakṣiṇāgniṁ paricara
brāhmaṇaiḥ samam ṛtvijam
abhicāra-vidhānena
sa cāgniḥ pramathair vṛtaḥ
sādhayiṣyati saṅkalpam
abrahmaṇye prayojitaḥ
ity ādiṣṭas tathā cakre
kṛṣṇāyābhicaran vratī
dakṣiṇa-agnim — ao fogo Dakṣiṇa; paricara — deves prestar serviço; brāhmaṇaiḥ — brāhmaṇas; samam — junto de; ṛtvijam — o sacerdote original; abhicāra-vidhānena — com o ritual conhecido como abhicāra (destinado a matar ou ferir um inimigo); saḥ — aquele; ca — e; agniḥ — fogo; pramathaiḥ — pelos Pramathas (místicos poderosos que pertencem ao séquito do senhor Śiva e assumem muitas formas diferentes); vṛtaḥ — rodeado; sādhayiṣyati — realizará; saṅkalpam — tua intenção; abrahmaṇye — contra alguém que é hostil aos brāhmaṇas; prayojitaḥ — utilizado; iti — assim; ādiṣṭaḥ — instruído; tathā — daquela maneira; cakre — fez; kṛṣṇāya — contra o Senhor Kṛṣṇa; abhicaran — tencionando fazer mal; vratī — observando os votos requeridos.
O senhor Śiva disse-lhe: “Acompanhado de brāhmaṇas, serve o fogo Dakṣiṇāgni – o sacerdote original – seguindo os preceitos do ritual abhicāra. Então, o fogo Dakṣiṇāgni, junto de muitos Pramathas, satisfará teu desejo se o dirigires contra alguém hostil aos brāhmaṇas.” Após receber essa instrução, Sudakṣiṇa cumpriu à risca os votos ritualísticos e invocou o abhicāra contra o Senhor Kṛṣṇa.
SIGNIFICADO—Aqui, afirma-se claramente que o poderoso fogo Dakṣiṇāgni poderia ser dirigido apenas contra alguém hostil à cultura bramânica. O Senhor Kṛṣṇa, contudo, é muito favorável aos brāhmaṇas e, de fato, é quem mantém a cultura bramânica. O senhor Śiva, portanto, sabia que, se Sudakṣiṇa tentasse dirigir o poder deste ritual contra o Senhor Kṛṣṇa, o próprio Sudakṣiṇa pereceria.