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VERSO 24

yasmā adād udadhir ūḍha-bhayāṅga-vepo
mārgaṁ sapady ari-puraṁ haravad didhakṣoḥ
dūre suhṛn-mathita-roṣa-suśoṇa-dṛṣṭyā
tātapyamāna-makaroraga-nakra-cakraḥ

yasmai — a quem; adāt — deu; udadhiḥ — o grande Oceano Índico; ūḍha-bhaya — afetado pelo temor; aṅga-vepaḥ — com o corpo tremendo; mārgam — passagem; sapadi — rapidamente; ari-puram — a cidade do inimigo; hara-vat — como aquele de Hara (Mahādeva); didhakṣoḥ — desejando reduzir a cinzas; dūre — a uma longa distância; su-hṛt — amiga íntima; mathita — estando abalado com; roṣa — com ira; su-śoṇa — incandescente; dṛṣṭyā — com esse olhar; tātapyamāna — queimando de calor; makara — tubarões; uraga — serpentes; nakra — crocodilos; cakraḥ — círculo.

A Personalidade de Deus Rāmacandra, abalado com a ausência de Sua amiga íntima [Sītā], olhou para a cidade do inimigo Rāvaṇa com olhos incandescentes como os de Hara [que quis queimar o reino dos céus]. O grande oceano, tremendo de medo, abriu-Lhe caminho porque seus membros familiares, os seres aquáticos como os tubarões, serpentes e crocodilos, estavam sendo queimados pelo calor dos irados olhos incandescentes do Senhor.

SIGNIFICADO—A Personalidade de Deus tem todos os sentimentos de um ser senciente, como todos os outros seres vivos, porque Ele é a entidade viva principal e original, a fonte suprema de todos os outros seres vivos. Ele é nitya, ou o principal eterno entre todos os outros eternos. Ele é o principal, e todos os outros são a multiplicidade dependente. Os muitos seres eternos são sustentados por um único ser eterno, e ambos os eternos, portanto, são qualitativamente unos. Devido a essa unidade, ambos os eternos têm, constitucionalmente, uma completa variedade de sentimentos, mas a diferença é que os sentimentos do ser eterno principal são quantitativamente diferentes dos sentimentos dos seres eternos dependentes. Quando Rāmacandra ficou irado e mostrou seus olhos incandescentes, todo o oceano se aqueceu com essa energia, tanto que os seres aquáticos dentro do grande oceano sentiram o calor, e o oceano personificado tremeu de medo e ofereceu ao Senhor uma passagem para que Ele facilmente alcançasse a cidade do inimigo. Os impersonalistas farão um grande estardalhaço em relação a este sentimento explosivo do Senhor por verem nisso a negação da perfeição. Porque o Senhor é absoluto, os impersonalistas imaginam que, no Absoluto, o sentimento de ira, que se parece com os sentimentos mundanos, deve estar inteiramente ausente. Devido a um pobre fundo de conhecimento, eles não compreendem que o sentimento da Pessoa Absoluta é transcendental a todos os conceitos mundanos de qualidade e quantidade. Se o sentimento do Senhor Rāmacandra fosse de origem mundana, como poderia perturbar todo o oceano e seus habitantes? Algum olhar mundano incandescente pode produzir calor no grande oceano? Devem-se utilizar estes fatores para distinguir as concepções pessoal e impessoal acerca da Verdade Absoluta. Como se afirma no início do Śrīmad-Bhāgavatam, a Verdade Absoluta é a fonte de tudo, de modo que a Pessoa Absoluta não pode ser desprovida dos sentimentos que se refletem no mundo material temporário. Ao contrário, os diferentes sentimentos encontrados no Absoluto, produzidos pela ira ou pela misericórdia, têm a mesma influência qualitativa, ou, em outras palavras, não há diferença de valor material porque todos esses sentimentos estão no plano absoluto. Tais sentimentos definitivamente não estão ausentes no Absoluto, como pensam os impersonalistas ao fazerem os seus cálculos mundanos sobre o mundo transcendental.

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