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VERSO 16

svayaṁ dhanur dvāri nidhāya māyāṁ
bhrātuḥ puro marmasu tāḍito ’pi
sa ittham atyulbaṇa-karṇa-bāṇair
gata-vyatho ’yād uru mānayānaḥ

svayam — ele mesmo; dhanuḥ dvāri — arco na porta; nidhāya — mantendo; māyām — a natureza externa; bhrātuḥ — do irmão; puraḥ — do palácio; marmasu — no âmago do coração; tāḍitaḥ — sendo afligido; api — apesar de; saḥ — ele (Vidura); ittham — assim; ati-ulbaṇa — rigorosamente; karṇa — ouvido; bāṇaiḥ — pelas flechas; gata-vyathaḥ — sem estar triste; ayāt — agitado; uru — grande; māna-yānaḥ — pensando assim.

Tendo o ouvido trespassado por flechas e aflito no âmago de seu coração, Vidura largou seu arco na porta e deixou o palácio de seu irmão. Ele não estava triste, pois considerava que os atos da energia externa eram supremos.

SIGNIFICADO—Um devoto puro do Senhor nunca é perturbado por uma posição incômoda criada pela energia externa do Senhor. Na Bhagavad-gītā (3.27), declara-se:

prakṛteḥ kriyamāṇāni
guṇaiḥ karmāṇi sarvaśaḥ
ahaṅkāra-vimūḍhātmā
kartāham iti manyate

Uma alma condicionada está absorta na existência material sob a influência de diferentes modos da energia externa. Absorta no falso ego, ela pensa que é ela mesma que está fazendo tudo. A energia externa do Senhor, a natureza material, está completamente sob o controle do Senhor Supremo, e a alma condicionada está completamente nas garras da energia externa. Portanto, a alma condicionada está completamente sob o controle da lei do Senhor. Porém, devido à ilusão apenas, ela se considera independente em suas atividades. Duryodhana estava agindo sob esta influência da natureza externa, pela qual seria subjugado por fim. Ele não pôde aceitar o bom conselho de Vidura, senão que, ao contrário, insultou essa grande alma, que era o benquerente de toda a sua família. Vidura pôde entender isso porque ele era um devoto puro do Senhor. Apesar de ter sido tão gravemente insultado pelas palavras de Duryodhana, Vidura pôde ver que Duryodhana, sob a influência de māyā, a energia externa, estava avançando no caminho que o conduziria à sua própria ruína. Portanto, ele considerou os atos da energia externa como sendo supremos. Contudo, ele também viu como a energia interna do Senhor o ajudou naquela situação em particular. O devoto tem sempre uma atitude renunciada porque as atrações mundanas não podem satisfazê-lo de modo algum. Vidura nunca se sentiu atraído pelo palácio real de seu irmão. Ele esteve sempre pronto a deixar o local e dedicar-se completamente ao transcendental serviço amoroso ao Senhor. Agora ele obtivera esta oportunidade pela graça de Duryodhana, e, em vez de ficar triste com as ásperas palavras de insulto, internamente ele agradeceu a Duryodhana, visto que tal incidente lhe deu a oportunidade de viver sozinho em um local santo e de ocupar-se completamente no serviço devocional ao Senhor. A palavra gata-vyathaḥ (sem estar triste) é significativa aqui porque Vidura aliviou-se das tribulações que incomodam todo homem envolvido em atividades materiais. Portanto, ele achou que não havia necessidade de defender seu irmão com seu arco porque seu irmão estava destinado à ruína. Assim, ele deixou o palácio antes que Duryodhana pudesse agir. Māyā, a energia suprema do Senhor, agiu neste incidente tanto interna quanto externamente.

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