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VERSO 22

dharmasya te bhagavatas tri-yuga tribhiḥ svaiḥ
padbhiś carācaram idaṁ dvija-devatārtham
nūnaṁ bhṛtaṁ tad-abhighāti rajas tamaś ca
sattvena no varadayā tanuvā nirasya

dharmasya — da personificação de toda a religião; te — de Vós; bhagavataḥ — da Suprema Personalidade de Deus; tri-yuga — Vós que Vos manifestais em todos os três milênios; tribhiḥ — por três; svaiḥ — Vossos próprios; padbhiḥ — pés; cara-acaram — animados e inanimados; idam — este universo; dvija — os duas vezes nascidos; devatā — os semideuses; artham — para o benefício de; nūnam — contudo; bhṛtam — protegido; tat — esses pés; abhighāti — destruindo; rajaḥ — o modo da paixão; tamaḥ — o modo da ignorância; ca — e; sattvena — de bondade pura; naḥ — a nós; vara-dayā — outorgando todas as bênçãos; tanuvā — por Vossa forma transcendental; nirasya — afastando.

Ó Senhor, sois a personificação de toda religião. Portanto, Vós Vos manifestais em três milênios e, dessa maneira, protegeis este universo, o qual consiste em seres animados e inanimados. Por Vossa graça, que é de bondade pura e é a outorgadora de todas as bênçãos, por favor, afastai os elementos de rajas e tamas para o benefício dos semideuses e dos duas vezes nascidos.

SIGNIFICADO—Neste verso, o Senhor é chamado de tri-yuga, ou aquele que aparece em três milênios – a saber, os yugas Satya, Dvāpara e Tretā. Não se menciona que Ele tenha aparecido no quarto milênio, ou seja, Kali-yuga. Na literatura védica, descreve-se que, em Kali-yuga, Ele vem como channa-avatāra, ou uma encarnação, só que não aparece como uma encarnação manifesta. Nos outros yugas, contudo, o Senhor é uma encarnação manifesta, daí Ele ser chamado de tri-yuga, ou o Senhor que aparece em três yugas.

Śrīdhara Svāmī descreve tri-yuga da seguinte maneira: yuga significa “dupla”, ou “par”, e tri significa “três”. O Senhor manifesta-Se como três duplas através de Suas seis opulências, ou três pares de opulências. Dessa maneira, Ele pode ser chamado de tri-yuga. O Senhor é a personalidade dos princípios religiosos. Em três milênios, os princípios religiosos são protegidos por três classes de cultivo espiritual, a saber, austeridade, limpeza e misericórdia. O Senhor é chamado de tri-yuga também neste sentido. Na era de Kali, esses três requisitos para o cultivo espiritual estão quase ausentes, mas o Senhor é tão bondoso que, apesar de Kali-yuga ser desprovido dessas três qualidades espirituais, Ele vem e protege a população desta era sob Sua encarnação oculta como o Senhor Caitanya. O Senhor Caitanya é chamado de “oculto” porque, embora seja o próprio Kṛṣṇa, Ele Se apresenta como um devoto de Kṛṣṇa, e não diretamente como Kṛṣṇa. Os devotos oram ao Senhor Caitanya, portanto, pedindo que elimine seu estoque de paixão e ignorância, as mais notáveis “virtudes” deste yuga. No movimento para a consciência de Kṛṣṇa, uma pessoa purifica-se dos modos da paixão e da ignorância cantando o santo nome do Senhor – Hare Kṛṣṇa, Hare Kṛṣṇa – conforme foi introduzido pelo Senhor Caitanya.

Os quatro Kumāras estavam cônscios de sua situação nos modos da paixão e da ignorância porque, embora em Vaikuṇṭha, quiseram amaldiçoar devotos do Senhor. Como eram conscientes de sua própria fraqueza, oraram ao Senhor pedindo que eliminasse sua paixão e sua ignorância ainda existentes. Os três requisitos transcendentais – limpeza, austeridade e misericórdia – são qualificações dos duas vezes nascidos e dos semideuses. Quem não está situado na qualidade da bondade não pode aceitar esses três princípios de cultivo espiritual. Para o movimento para a consciência de Kṛṣṇa, portanto, proíbem-se três atividades pecaminosas – a saber, o sexo ilícito, a intoxicação e o consumo de outro alimento que não seja a prasāda oferecida a Kṛṣṇa. Essas três proibições baseiam-se nos princípios de austeridade, limpeza e misericórdia. Os devotos são misericordiosos porque poupam os pobres animais, e são limpos porque estão livres da contaminação de alimentos indesejáveis e hábitos indesejáveis. A austeridade é representada pela vida sexual restrita. Esses princípios, indicados pelas orações dos quatro Kumāras, devem ser seguidos pelos devotos que estão ocupados em consciência de Kṛṣṇa.

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