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VERSO 31

mayi saṁrambha-yogena
nistīrya brahma-helanam
pratyeṣyataṁ nikāśaṁ me
kālenālpīyasā punaḥ

mayi — a Mim; saṁrambha-yogena — mediante a prática de yoga místico, com ira; nistīrya — sendo liberados de; brahma-helanam — o resultado da desobediência aos brāhmaṇas; pratyeṣyatam — voltareis; nikāśam — perto; me — Mim; kālena — no devido curso do tempo; alpīyasā — muito em breve; punaḥ — novamente.

O Senhor garantiu aos dois habitantes de Vaikuṇṭha, Jaya e Vijaya: Mediante a prática do sistema de yoga místico, com grande ira, Eu vos limpareis do pecado de terdes desobedecido aos brāhmaṇas, e, dentro de pouco tempo, regressareis a Mim.

SIGNIFICADO—A Suprema Personalidade de Deus avisou aos dois porteiros, Jaya e Vijaya, que, por força do bhakti-yoga, praticado com ira, eles se libertariam da maldição dos brāhmaṇas. Śrīla Madhva Muni ressalta a esse respeito que, praticando bhakti-yoga, podemos livrar-nos de todas as reações pecaminosas. Mesmo um brahma-śāpa, ou a maldição imposta por um brāhmaṇa, que não pode ser eliminada por quaisquer outros meios, pode ser eliminada por meio de bhakti-yoga.

Pode-se praticar bhakti-yoga em muitas rasas. Existem doze rasas, cinco primárias e sete secundárias. As cinco rasas primárias constituem o bhakti-yoga direto, mas, embora as sete rasas secundárias sejam indiretas, elas também estão incluídas dentro de bhakti-yoga caso sejam usadas a serviço do Senhor. Em outras palavras, o bhakti-yoga é todo-abrangente. Se alguém, de alguma forma, apega-se à Suprema Personalidade de Deus, passa a ocupar-se em bhakti-yoga, como se descreve no Śrīmad-Bhāgavatam (10.29.15): kāmaṁ krodhaṁ bhayam. As gopīs sentiam-se atraídas a Kṛṣṇa pelo bhakti-yoga numa relação de desejo luxurioso (kāma). Da mesma forma, Kaṁsa estava apegado ao bhakti-yoga em virtude do medo de sua morte. Desse modo, o bhakti-yoga é tão poderoso que, mesmo o ato de tornar-se um inimigo do Senhor para pensar nEle sempre, pode liberar alguém muito rapidamente. Afirma-se que viṣṇu-bhaktaḥ smṛto daiva āsuras tad-vipanyayaḥ: “Os devotos do Senhor Viṣṇu chamam-se semideuses, ao passo que os não devotos chamam-se asuras”. Porém, o bhakti-yoga é tão poderoso que tanto semideuses quanto asuras podem beneficiar-se com ele caso sempre pensem na Personalidade de Deus. O princípio básico do bhakti-yoga é pensar sempre no Senhor Supremo. Na Bhagavad-gītā (18.65), o Senhor diz, man-manā bhava mad-bhaktaḥ: “Pensa sempre em Mim”. Não importa de que modo se pense; o próprio ato de pensar na Personalidade de Deus é o princípio básico do bhakti-yoga.

Nos planetas materiais, há diferentes graus de atividades pecaminosas, entre as quais desrespeitar um brāhmaṇa ou um vaiṣṇava é a mais pecaminosa. Nesta passagem, afirma-se claramente que até esse grave pecado pode ser vencido simplesmente por se pensar em Viṣṇu, nem mesmo favoravelmente, mas com ira. Assim, mesmo que aqueles que não são devotos pensem sempre em Viṣṇu, eles se livram de todas as atividades pecaminosas. A consciência de Kṛṣṇa é a forma mais elevada de pensamento. Nesta era, pensa-se no Senhor Viṣṇu cantando Hare Kṛṣṇa, Hare Kṛṣṇa, Kṛṣṇa Kṛṣṇa, Hare Hare/ Hare Rāma, Hare Rāma, Rāma Rāma, Hare Hare. As declarações do Bhāgavatam indicam que, se alguém pensa em Kṛṣṇa, mesmo como inimigo, essa qualificação específica – pensar em Viṣṇu, ou Kṛṣṇa – purifica-o de todos os pecados.

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