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VERSO 12

maitreya uvāca
daivena durvitarkyeṇa
pareṇānimiṣeṇa ca
jāta-kṣobhād bhagavato
mahān āsīd guṇa-trayāt

maitreyaḥ uvāca — Maitreya disse; daivena — pela administração superior conhecida como destino; durvitarkyeṇa — além da especulação empírica; pareṇa — por Mahā-Viṣṇu; animiṣeṇa — pela potência do tempo eterno; ca — e; jāta-kṣobhāt — o equilíbrio foi agitado; bhagavataḥ — da Personalidade de Deus; mahān — a totalidade dos elementos materiais (o mahat-tattva); āsīt — foram produzidos; guṇa-trayāt — dos três modos da natureza.

Maitreya disse: Quando o equilíbrio da combinação dos três modos da natureza foi agitado pela atividade invisível da entidade viva, por Mahā-Viṣṇu e pela força do tempo, produziu-se a totalidade dos elementos materiais.

SIGNIFICADO—Aqui se descreve com muita lucidez a causa da criação material. A primeira causa é daiva, ou o destino da alma condicionada. A criação material existe para a alma condicionada que quis tornar-se um falso senhor, visando o gozo dos sentidos. Não se pode registrar a história de quando a alma condicionada desejou pela primeira vez assenhorear-se da natureza material, mas, na literatura védica, sempre encontramos que a criação material se destina ao gozo dos sentidos da alma condicionada. Um belo verso diz que a essência do gozo dos sentidos da alma condicionada é que, tão logo se esqueça de seu dever primordial – prestar serviço ao Senhor –, ela cria uma atmosfera de gozo dos sentidos, que se chama māyā: esta é a causa da criação material.

Outra expressão usada aqui é durvitarkyeṇa. Ninguém pode argumentar sobre quando e como a alma condicionada tornou-se desejosa de gozo dos sentidos, mas a causa existe. A natureza material é uma atmosfera destinada somente ao gozo dos sentidos da alma condicionada, e é criada pela Personalidade de Deus. Menciona-se neste verso que, no começo da criação, a natureza material, ou prakṛti, é agitada pela Personalidade de Deus, Viṣṇu. As escrituras mencionam três Viṣṇus: Mahā-Viṣṇu, Garbhodakaśāyī Viṣṇu e Kṣīrodakaśāyī Viṣṇu. O primeiro canto do Śrīmad-Bhāgavatam discute todos esses três Viṣṇus, e aqui também se confirma que Viṣṇu é a causa da criação. A partir da Bhagavad-gītā, também aprendemos que a prakṛti começa a trabalhar e ainda está trabalhando sob o olhar de superintendência de Kṛṣṇa, ou de Viṣṇu, mas a Suprema Personalidade de Deus é imutável. Não se deve pensar erroneamente que, porque a criação emana da Suprema Personalidade de Deus, Ele Se transformou nesta manifestação cósmica material. Ele existe sempre em Sua forma pessoal, mas a manifestação cósmica ocorre através de Sua potência inconcebível. As atuações desta energia são difíceis de serem compreendidas, mas a literatura védica dá a entender que a alma condicionada cria seu próprio destino e recebe um corpo específico através das leis da natureza, sob a superintendência da Suprema Personalidade de Deus, que sempre a acompanha como Paramātmā.

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