VERSO 31
gūhantīṁ vrīḍayātmānaṁ
nīlālaka-varūthinīm
upalabhyāsurā dharma
sarve sammumuhuḥ striyam
gūhantīm — escondendo-se; vrīḍayā — por acanhamento; ātmānam — ela própria; nīla — escuro; alaka — cabelo; varūthinīm — uma mecha; upalabhya — ao imaginarem; asurāḥ — os demônios; dharma — ó Vidura; sarve — todos; sammumuhuḥ — foram cativados; striyam — mulher.
Adornada com tranças escuras, ela escondeu-se, por assim dizer, acanhada. Ao verem aquela mocinha, todos os asuras deram consigo encantados pelo apetite sexual.
SIGNIFICADO—A diferença entre os demônios e os semideuses é que uma bela mulher atrai muito facilmente a mente dos demônios, mas não pode atrair a mente de uma pessoa divina. A pessoa divina é plena de conhecimento, e a demoníaca é repleta de ignorância. Assim como uma criança sente-se atraída por uma boneca bonita, da mesma forma, o demônio, que é menos inteligente e repleto de ignorância, sente-se atraído pela beleza material e tem muito desejo sexual. A pessoa divina sabe que esta atração bem vestida e ornamentada de seios rijos, grandes quadris, belo nariz e belas feições é māyā. Toda a beleza que uma mulher pode demonstrar não passa de mera combinação de carne e sangue. Śrī Śaṅkarācārya aconselha todas as pessoas a não se deixarem atrair pela interação de carne e sangue: elas devem sentir-se atraídas pela verdadeira beleza da vida espiritual. Kṛṣṇa e Rādhā são a verdadeira beleza. Quem se sente atraído pela beleza de Rādhā e Kṛṣṇa não pode sentir-se atraído pela falsa beleza deste mundo material. Eis a diferença entre o demônio e a pessoa divina, ou devoto.