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VERSO 15

tathā sa cāhaṁ parivoḍhu-kāmaḥ
samāna-śīlāṁ gṛhamedha-dhenum
upeyivān mūlam aśeṣa-mūlaṁ
durāśayaḥ kāma-dughāṅghripasya

tathā — semelhantemente; saḥ — eu mesmo; ca — também; aham — eu; parivoḍhu-kāmaḥ — desejando casar-me; samāna-śīlām — uma moça de disposição semelhante; gṛha-medha — na vida conjugal; dhenum — uma vaca de leite abundante; upeyivān — tenho me aproximado; mūlam — a raiz (pés de lótus); aśeṣa — de tudo; mūlam — a fonte; durāśayaḥ — com desejo luxurioso; kāma-dugha — satisfazendo todos os desejos; aṅghripasya — (de Vós) que sois a árvore.

Portanto, desejando casar-me com uma moça de disposição semelhante à minha e que mostre ser uma autêntica vaca de leite abundante em minha vida conjugal, para satisfazer meu desejo luxurioso eu também busquei o abrigo de Vossos pés de lótus, que são a fonte de tudo, pois Vós sois como uma árvore-dos-desejos.

SIGNIFICADO—A despeito de ele condenar as pessoas que se aproximam do Senhor em busca de vantagens materiais, Kardama Muni expressou sua incapacidade e desejos materiais ante o Senhor, dizendo: “Embora eu saiba que não se deve pedir nada de material a Vós, não obstante desejo casar-me com uma moça de disposição semelhante à minha.” A frase “disposição semelhante” é muito significativa. Antigamente, casavam-se rapazes e moças de índole semelhante: as índoles semelhantes do rapaz e da moça eram unidas para fazê-los felizes. Há não mais de vinte e cinco anos, e talvez isso ainda seja comum, os pais na Índia costumavam consultar o horóscopo do rapaz e da moça para ver se haveria verdadeira unidade em suas condições psicológicas. Essas considerações são muito importantes. Hoje em dia, os casamentos acontecem sem tal consulta, e, portanto, logo após o casamento, há divórcio e separação. Antigamente, esposo e esposa viviam juntos pacificamente por toda a sua vida, mas, hoje em dia, essa é uma tarefa muito difícil.

Kardama Muni queria ter uma esposa de disposição semelhante à sua porque a esposa é necessária para ajudar no avanço material e espiritual. Afirma-se que uma esposa proporciona a satisfação de todos os desejos em termos de religião, desenvolvimento econômico e gozo dos sentidos. O homem que tem uma boa esposa é considerado muito afortunado. Em astrologia, o homem que tem grande riqueza, ótimos filhos ou ótima esposa é considerado afortunado. Desses três, aquele que tem uma ótima esposa é considerado o mais venturoso. Antes do casamento, devemos escolher uma esposa de disposição semelhante à nossa, e não ficar enamorados da dita beleza ou de outros aspectos atrativos para o gozo dos sentidos. No Bhāgavatam, décimo segundo canto, afirma-se que, em Kali-yuga, o casamento se baseará na consideração da vida sexual: tão logo haja deficiência na vida sexual, surgirá a questão do divórcio.

Kardama Muni poderia ter pedido sua bênção a Umā, pois se recomenda nas escrituras que quem deseja uma boa esposa deve adorar Umā. Mas ele preferiu adorar a Suprema Personalidade de Deus porque o Bhāgavatam recomenda que todas as pessoas, sejam elas cheias de desejos, isentas de desejos ou desejosas de obter a liberação, devem adorar o Senhor Supremo. Entre essas três classes de homens, uma tenta ser feliz através da satisfação de desejos materiais, outra quer ser feliz tornando-se una com o Supremo, e outra, o homem perfeito, é o devoto. Ele não deseja recompensa alguma da Personalidade de Deus: quer somente prestar-Lhe transcendental serviço amoroso. Em qualquer caso, todos devem adorar a Suprema Personalidade de Deus, pois Ele satisfará o desejo de todos. A vantagem de se adorar a Pessoa Suprema está em que, mesmo se a pessoa tiver desejos de gozo material, caso adore Kṛṣṇa, gradualmente se tornará um devoto puro e não terá mais anseios materiais.

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