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VERSO 41

nānyatra mad bhagavataḥ
pradhāna-puruṣeśvarāt
ātmanaḥ sarva-bhūtānāṁ
bhayaṁ tīvraṁ nivartate

na — não; anyatra — de outro modo; mat — de Mim; bhagavataḥ — a Suprema Personalidade de Deus; pradhāna-puruṣa-īśvarāt — o Senhor tanto de prakṛti quanto de puruṣa; ātmanaḥ — a alma; sarva-bhūtānām — de todos os seres vivos; bhayam — medo; tīvram — terrível; nivartate — é eliminado.

O terrível medo de nascer e morrer nunca pode ser eliminado por alguém que recorre a outro abrigo além de Mim, pois Eu sou o Senhor todo-poderoso, a Suprema Personalidade de Deus, a fonte original de toda a criação, e também a Alma Suprema de todas as almas.

SIGNIFICADO—Aqui se indica que não se pode parar o ciclo de nascimento e morte a não ser que a pessoa seja um devoto puro do Senhor Supremo. Afirma-se que hariṁ vinā na mṛtiṁ taranti. Não podemos superar o ciclo de nascimento e morte a menos que sejamos favorecidos pela Suprema Personalidade de Deus. O mesmo conceito é confirmado neste verso: pode ser que alguém adote o sistema de entendimento da Verdade Absoluta através de sua própria e imperfeita especulação sensorial, ou pode ser que tente compreender o eu através do processo de yoga místico; mas, faça o que fizer, a menos que chegue ao ponto da rendição à Suprema Personalidade de Deus, nenhum processo poderá conferir-lhe a liberação. Talvez alguém pergunte se isso significa que quem se submete a muitas penitências e austeridades, seguindo estritamente as regras e regulações, está se esforçando em vão. O Śrīmad-Bhāgavatam (10.2.32) respondeu: ye ’nye ’ravindākṣa vimukta-māninaḥ. O senhor Brahmā e outros semideuses oraram ao Senhor quando Kṛṣṇa estava no ventre de Devakī: “Meu querido Senhor de olhos de lótus, certas pessoas se enchem de orgulho com o pensamento de que se libertaram, ou que se tornaram unas com Deus, ou que se tornaram Deus, mas, apesar de pensarem dessa maneira arrogante, a inteligência delas não é louvável. Elas são menos inteligentes.” Afirma-se que a inteligência delas, quer muita, quer pouca, não é sequer purificada. Com inteligência purificada, a entidade viva não pode pensar em outra coisa exceto se render. A Bhagavad-gītā, portanto, confirma que a inteligência purificada surge em quem é muito sábio. Bahūnāṁ janmanām ante jñānavān māṁ prapadyate. Após muitos e muitos nascimentos, aquele que é realmente avançado em inteligência rende-se ao Senhor Supremo.

Sem o processo de rendição, ninguém pode alcançar a liberação. O Bhāgavatam diz: “Aqueles que são simplesmente arrogantes, julgando-se liberados mediante algum processo não devocional, não têm inteligência clara ou polida, pois ainda não se renderam a Ti. Apesar de executarem todas as espécies de austeridades e penitências, ou mesmo de chegarem à beira do entendimento espiritual na compreensão de Brahman, eles pensam que estão na refulgência do Brahman, mas, na verdade, por não terem atividades transcendentais, caem em atividades materiais.” Não devemos nos contentar simplesmente com a noção de que somos Brahman. É preciso que nos ocupemos a serviço do Brahman Supremo; isso é bhakti. A ocupação do Brahman deve ser o serviço ao Parabrahman. Afirma-se que quem não se torna Brahman não pode servir a Brahman. O Brahman Supremo é a Suprema Personalidade de Deus, e a entidade viva também é Brahman. Sem a compreensão de que é Brahman, alma espiritual, servo eterno do Senhor, se alguém simplesmente pensa que é Brahman, sua compreensão é apenas teórica. É preciso compreender e, ao mesmo tempo, ocupar-se no serviço devocional ao Senhor – então pode-se existir no status de Brahman. De outro modo, a entidade viva cai.

O Bhāgavatam diz que, como os não devotos negligenciam o transcendental serviço amoroso aos pés de lótus da Personalidade de Deus, a inteligência deles não é suficiente, daí essas pessoas caírem. A entidade viva precisa ter alguma atividade. Se não se ocupa na atividade do serviço transcendental, certamente ela cai à atividade material. E quando alguém cai à atividade material, não há como resgatá-lo do ciclo de nascimento e morte. O Senhor Kapila afirma aqui: “Sem Minha misericórdia.” (nānyatra mad bhagavataḥ) Aqui se declara que o Senhor é Bhagavān, a Suprema Personalidade de Deus, o que indica que Ele é pleno de todas as opulências e, por isso, é perfeitamente competente para libertar-nos do ciclo de nascimento e morte. Ele também é chamado de pradhāna porque é o Supremo. Ele é equânime com todos, mas é especialmente favorável a alguém que se rende a Ele. Também se confirma na Bhagavad-gītā que o Senhor é equânime com todos; ninguém é Seu inimigo e ninguém é Seu amigo. Mas, em relação a quem se rende a Ele, Ele sente inclinação especial. Pela graça do Senhor, simplesmente por rendermo-nos a Ele, podemos escapar deste ciclo de nascimento e morte. Caso contrário, poderemos continuar assim por muitas e muitas vidas e poderemos muitas vezes tentar outros processos para alcançar a liberação.

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