VERSO 18
antaḥ puruṣa-rūpeṇa
kāla-rūpeṇa yo bahiḥ
samanvety eṣa sattvānāṁ
bhagavān ātma-māyayā
antaḥ — dentro; puruṣa-rūpena — sob a forma da Superalma; kāla-rūpeṇa — na forma do tempo; yaḥ — Ele que; bahiḥ — sem; samanveti — existe; eṣaḥ — Ele; sattvānām — de todas as entidades vivas; bhagavān — a Suprema Personalidade de Deus; ātma-māyayā — através de Suas potências.
Ao manifestar Suas potências, a Suprema Personalidade de Deus ajusta todos esses diferentes elementos, mantendo-Se internamente como a Superalma e externamente como o tempo.
SIGNIFICADO—Este verso afirma que a Suprema Personalidade de Deus reside dentro do coração como a Superalma. Essa situação também é explicada na Bhagavad-gītā: a Superalma repousa ao lado da alma individual e age como uma testemunha. Isso também se confirma em outra parte da literatura védica: dois pássaros estão pousados na mesma árvore do corpo; um deles testemunha, e o outro come os frutos da árvore. Esse puruṣa, ou Paramātmā, que reside dentro do corpo da alma individual, é descrito na Bhagavad-gītā (13.23) como upadraṣṭā, testemunha, e anumantā, autoridade sancionadora. A alma condicionada envolve-se com a felicidade e a aflição do corpo em particular que lhe foi dado pelo arranjo da energia externa do Senhor Supremo. Mas o ser vivo supremo, ou o Paramātmā, é diferente da alma condicionada. Ele é descrito na Bhagavad-gītā como maheśvara, ou o Senhor Supremo. Ele é Paramātmā, e não jīvātmā. Paramātmā significa a Superalma, que está sentada ao lado da alma condicionada simplesmente para sancionar suas atividades. A alma condicionada vem a este mundo material a fim de assenhorear-se da natureza material. Uma vez que não se pode fazer nada sem a sanção do Senhor Supremo, Ele vive com a alma jīva como testemunha e sancionador. Ele também é bhoktā; Ele proporciona a manutenção e o sustento à alma condicionada.
Uma vez que a entidade viva é constitucionalmente parte integrante da Suprema Personalidade de Deus, o Senhor é muito afetuoso com as entidades vivas. Desventuradamente, quando a entidade viva se deixa confundir ou iludir pela energia externa, ela se esquece de sua relação eterna com o Senhor, mas, tão logo se conscientize de sua posição constitucional, ela é liberada. A diminuta independência da alma condicionada é demonstrada por sua posição marginal. Se ela quiser, poderá esquecer-se da Suprema Personalidade de Deus e vir à existência material para tentar, com seu falso ego, assenhorear-se da natureza material, mas, se quiser, poderá voltar-se para o serviço ao Senhor. A entidade viva individual recebe esta independência. Sua vida condicional termina e sua vida torna-se exitosa tão logo ela volte seu rosto para o Senhor, mas, ao abusar de sua independência, ela entra na existência material. Não obstante, o Senhor é tão bondoso que, como a Superalma, permanece sempre com a alma condicionada. O interesse do Senhor não é nem de desfrutar nem de padecer do corpo material. Ele permanece com a jīva simplesmente como sancionador e testemunha para que a entidade viva possa receber os resultados de suas atividades, boas ou más.
Fora do corpo da alma condicionada, a Suprema Personalidade de Deus permanece como o fator tempo. Segundo o sistema sāṅkhya de filosofia, há vinte e cinco elementos. Os vinte e quatro elementos já descritos mais o fator tempo perfazem vinte e cinco. De acordo com alguns filósofos eruditos, a Superalma é incluída para fazer um total de vinte e seis elementos.