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VERSO 20

kvacit tattvāvamarśena
nivṛttaṁ bhayam ulbaṇam
anivṛtta-nimittatvāt
punaḥ pratyavatiṣṭhate

kvacit — em determinado caso; tattva — os princípios fundamentais; avamarśena — refletindo sobre; nivṛttam — evitado; bhayam — medo; ulbaṇam — grande; anivṛtta — não cessado; nimittatvāt — uma vez que a causa; punaḥ — novamente; pratyavatiṣṭhate — ele aparece.

Mesmo que se evite o grande medo do cativeiro com especulação mental e com indagações acerca dos princípios fundamentais, ele poderá ainda reaparecer, uma vez que sua causa não cessou.

SIGNIFICADO—O cativeiro material é causado por colocarmo-nos sob o controle da matéria devido ao falso ego de querermos nos assenhorear da natureza material. A Bhagavad-gītā (7.27) afirma: icchā-dveṣa samutthena. Duas espécies de propensões surgem na entidade viva. Uma propensão é icchā, que significa desejo de assenhorear-se da natureza material ou de ser tão grande como o Senhor Supremo. Neste mundo material, todos desejam ser a maior das personalidades. Dveṣa significa “inveja”. Quem fica com inveja de Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, pensa: “Por que Kṛṣṇa deveria ser o todo de tudo? Eu sou tão bom como Kṛṣṇa.” Estes dois itens – desejo de ser o Senhor e inveja do Senhor – são a causa inicial do cativeiro material. Enquanto um filósofo, salvacionista ou niilista tiver algum desejo de ser o supremo, de ser tudo, ou negar a existência de Deus, a causa permanecerá, e não haverá possibilidade de ele se libertar.

Devahūti diz com muita inteligência: “Pode ser que alguém analise teoricamente e diga que, mediante o conhecimento, tornou-se livre, porém, na verdade, enquanto existir a causa, ele não estará livre.” A Bhagavad-gītā confirma que, após executar tais atividades especulativas por muitos e muitos nascimentos, quando alguém realmente chega à sua verdadeira consciência e se rende ao Senhor Supremo, Kṛṣṇa, então alcança realmente o objetivo de sua busca de conhecimento. Há um abismo de diferença entre a liberdade teórica e a verdadeira liberdade do cativeiro material. O Bhāgavatam (10.14.4) diz que se alguém abandona o auspicioso caminho do serviço devocional e simplesmente se esforça por conhecer as coisas através da especulação, ele desperdiça seu tempo precioso (kliśyanti ye kevala-bodha-labdhaye). O resultado de tal trabalho gratuito é simplesmente o seu próprio esforço: não há outro resultado. O esforço especulativo acaba apenas em esgotamento. Dá-se o exemplo de que não há benefício em debulhar uma casca de arroz vazia: o arroz não está mais ali. Analogamente, o mero processo especulativo não pode ajudar ninguém a livrar-se do cativeiro material, pois a causa ainda existe. É preciso anular a causa; só então o efeito será anulado. Isso é explicado pela Suprema Personalidade de Deus nos versos seguintes.

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