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VERSO 19

akartuḥ karma-bandho ’yaṁ
puruṣasya yad-āśrayaḥ
guṇeṣu satsu prakṛteḥ
kaivalyaṁ teṣv ataḥ katham

akartuḥ — da autora passiva, a não executora; karma-bandhaḥ — cativeiro às atividades fruitivas; ayam — isto; puruasya — da alma; yat-āśrayaḥ — causado pelo apego aos modos; gueṣu — enquanto os modos; satsu — estão existindo; prakṛteḥ — da natureza material; kaivalyam — liberdade; teṣu — aqueles; ataḥ — logo; katham — como.

Logo, muito embora seja a autora passiva de todas as atividades, como pode haver liberdade para a alma enquanto a natureza material a influência e a prende?

SIGNIFICADO—Embora a entidade viva deseje libertar-se da contaminação da matéria, ela não o consegue. Na verdade, assim que a entidade viva se coloca sob o controle dos modos da natureza material, seus atos são influenciados pelas qualidades da natureza material, e ela se torna passiva. Confirma-se na Bhagavad-gītā que prakṛteḥ kriyamāṇāni guṇaiḥ: a entidade viva age de acordo com as qualidades ou modos da natureza material. Ela pensa falsamente que está agindo, mas, infelizmente, ela é passiva. Em outras palavras, ela não tem oportunidade de escapar ao controle da natureza material porque esta já a condicionou. Na Bhagavad-gītā, afirma-se também que é dificílimo desvencilhar-se das garras da natureza material. Pode ser que alguém se esforce de diferentes maneiras por pensar que, em última análise, tudo é vazio, que Deus não existe e que, mesmo que a base de tudo seja o espírito, Ele é impessoal. Essa especulação pode prosseguir, mas, na verdade, é muito difícil escapar das garras da natureza material. Devahūti levanta a questão de que, mesmo que alguém especule de muitas maneiras, onde estará sua liberação enquanto estiver sob o encanto da natureza material? A resposta também se encontra na Bhagavad-gītā (7.14): somente quem tenha se rendido aos pés de lótus do Supremo Senhor Kṛṣṇa (mām eva ye prapadyante) pode libertar-se das garras de māyā.

Uma vez que Devahūti está gradualmente chegando ao ponto de rendição, suas perguntas são muito inteligentes. Como alguém pode libertar-se? Como alguém pode estar em estado puro de existência espiritual ao mesmo tempo que está fortemente preso pelos modos da natureza material? Isso também é um aviso para os falsos meditadores. Há muitos ditos meditadores que pensam: “Eu sou a Suprema Alma Espiritual. Eu conduzo as atividades da natureza material. Sob minha orientação, o Sol se movimenta e a Lua nasce.” Eles pensam que, através de tal contemplação ou meditação, eles podem tornar-se livres, mas se observa que, mesmo três minutos após terem terminado tal meditação disparatada, eles são imediatamente capturados pelos modos da natureza material. Imediatamente após sua meditação retumbante, um “meditador” fica com sede ou quer fumar ou beber. Ele está sob o forte cerco da natureza material, mas pensa já estar livre das garras de māyā. Esta pergunta de Devahūti é para uma pessoa assim que falsamente afirma ser tudo, que diz que, em última análise, tudo é vazio e que não há atividades pecaminosas ou piedosas. Tudo isso são invenções ateístas. Na verdade, a não ser que a entidade viva se renda à Suprema Personalidade de Deus, conforme ensina a Bhagavad-gītā, não há liberação ou liberdade das garras de māyā.

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